VLADIMIR BRITCHA

Entrevista: Vladimir Britcha vive o Coronel Egídio no remake de "Renascer", na Globo

Ator está também no streaming, em "Pedaço de Mim", produção original Netflix

Vladimir Britcha é protagonista do remake de "Renascer"Vladimir Britcha é protagonista do remake de "Renascer" - Foto: TV Press/Divulgação

Vladimir Brichta tem aproveitado a exposição em dose dupla. Desde o início do ano, ele vive o ambicioso Coronel Egídio, que trava uma longeva guerra com o protagonista José Inocêncio, papel de Marcos Palmeira em “Renascer”.

E, nos últimos meses, ele também chegou ao streaming como o cruel e machista Tomás, um homem que trai a esposa Liana, papel de Juliana Paes, que está grávida de gêmeos, no melodrama “Pedaço de Mim”, original Netflix.

“É um momento muito bom. Por já ter feito outras coisas, acaba tendo um gosto especial. Ninguém atua ou não deveria atuar pensando em se provar ou provar algo para alguém. Sou movido pelos meus desejos internos. Sempre gostei de ser um ator mais plural”, aponta Vladimir Britcha.

Na reta final de “Renascer”, as maldades de Egídio estão cada vez mais intensas. Nos últimos capítulos, o vilão mostrou toda sua crueldade ao colocar fogo em seu capataz. O coronel primeiro torturou o peão e, em seguida, o incendiou vivo. “Não torço pela morte do personagem. Mas espero que ele pague pelos crimes que cometeu”, torce Vladimir Britcha.

P – A trama de “Renascer” está na reta finalíssima. A produção se desenrolou da forma que você esperava desde o início?

R – Acho que sim. Quando fui convidado, eu tinha uma sensação de não lembrar muito das tramas originais. Mas lembrava um pouco do Herson Capri e tinha uma noção de que seria um bom personagem.

Como vilão da história, ele mobiliza bastante as ações da novela. Então, acho que foi uma boa oportunidade para fazer algo diferente na tevê. Além disso, queria me aproximar mais desse universo da Bahia. Cresci em Itacaré, muito próximo de Ilhéus. Então, passado o tempo tenho muito orgulho do trabalho feito, seja o individual ou coletivo. Temos uma novela que organiza boas temáticas para gente discutir como sociedade.

P – Como assim?
R – Eu acho que novela não tem obrigação de ocupar esse espaço (debate social). Mas eventualmente tem a oportunidade de fazer isso. E acho isso muito feliz. Meu personagem é um supervilão. Faz maldades e tem o senso de justiça muito torto e corrompido. Ele explora a mão de obra trabalhadora. Trata esses trabalhadores como sub-humanos, como animais. Acho uma discussão valiosíssima.

O Brasil é um dos poucos país recentes que não fizeram reforma agrária. É um tema espinhoso. Me arrepio quando falo porque uma parte conservadora acha que é tomar algo de alguém. Isso tudo está na novela de um jeito muito integrado e saudável.

P – Mas o personagem também toca em outras pautas mais libertários...
R – Sim. E acho que tudo isso torna esse folhetim tão gostoso de ser feito. Toca em temas ricos e valiosos. A forma como ele trata da Dona Patroa.

É muito importante falar da violência doméstica. Ele é uma figura tóxica e abusiva. Além disso, todo esse enredo ainda é cercado por um certo humor. Há uma leveza para deixar a trama mais palatável para 197 capítulos. Me orgulho muito que isso exista na novela.

P – No meio do enredo, o Egídio começou um envolvimento com Eliana. Como foi essa parceria com a Sophie Charlotte?
R – Ótima. Nunca havia trabalhado com ela. Uma parceria maravilhosa. Gosto porque a Eliana tem uma certa vilania também. Então, acho que fez muito sentido esse encontro. No entanto, ela não tem essa maldade do Egídio. O autor teve essa delicadeza de não transformá-la em cúmplice nas coisas mais violentas. Ela está só no golpe. Gosto muito do resultado das nossas cenas. Essa junção trouxe um efeito muito positivo para a novela.

P – A novela termina na primeira semana de setembro. Qual final você projeta para o Egídio?
R – Na novela original, o Teodoro (como se chamava o personagem) morria uns 10 capítulos antes do final. Até fui ver a morte dele para relembrar como foi e quem foi. Mas não fica muito claro quem matou.

Até agora não sei se isso vai se manter. Não acho improvável. Faz sentido ele morrer atocaiado, por exemplo. O que vier, vai ser legal. Eu, como humanista, não desejo a morte de ninguém. Por isso, torço para ele ser condenado e pagar pelos crimes.

P – Além de “Renascer”, você também lançou recentemente o melodrama “Pedaço de Mim”, original Netflix. Como está sendo esse momento de dupla exposição na tevê aberta e no streaming?
R – É um momento muito bom. Por já ter feito outras coisas, acho que acaba tendo um gosto especial. Ninguém atua ou não deveria atuar pensando em se provar ou provar algo para alguém. Sou movido pelos meus desejos internos. Sempre gostei de ser um ator mais plural. Fiz musical, comédia, drama. Gosto de transitar.

Só a dança que fiquei devendo, mas numa próxima encarnação, quem sabe? Temos uma visão equivocada do ator virtuoso. Olha, ele faz o bêbado, o policial durão, muda voz e corpo. Isso não é uma qualidade. Virtuosismo é uma ferramenta. Não faz do ator necessariamente melhor.

P – Na contramão dos seus colegas, você não está nas redes sociais. Como tem sido esse seu contato com o público ao vivo?
R – Acho que na vida real somos mais civilizados. Virtualmente poderiam, por exemplo, criticar meu trabalho em função do personagem. Hoje em dia ninguém confunde mais ator com personagem. Entendem mais esse faz de conta. Acho que, há uns 30 anos, teríamos medo das pessoas se desencantarem com tantos contadores de história. mas boas histórias vão sempre interessar e envolver. Ao vivo, as pessoas falam muito sobre como estou péssimo, me odiando e me dando parabéns por ser tão mau (risos). Falam que eu estou horrível.

SERVIÇO
"Renascer" – Globo – Segunda a sábado às 21h30.


 

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