Entrevistas e viagens marcantes: relembre a carreira de Glória Maria
Com cinco décadas de jornalismo, Glória Maria foi protagonista na profissão
Dos vários adjetivos possíveis à Glória Maria, seu pioneirismo na televisão é um dos legados que se fará presente por gerações. O sentimento de luto que invadiu a rotina dos brasileiros na manhã desta quinta-feira (2), com o anúncio inesperado da sua morte por câncer, aos 73 anos, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio de Janeiro, é acompanhado dos feitos marcantes de quem tinha o mundo e o jornalismo na palma da mão.
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No final do ano passado, a então apresentadora do Globo Repórter iniciou uma nova fase, sem êxito, em seu tratamento na luta contra metástases no cérebro. Ela esteve por 12 anos no programa jornalístico, mas afastada nos últimos três meses para cuidar da saúde. Sua última apresentação foi ao ar no dia 5 de agosto de 2022.
Homenagens e admiração
Na televisão e nas redes sociais não faltaram homenagens exaltando a maneira única de produzir e de fazer reportagem especial. “Eu aprendi a gostar de jornalismo vendo a Glória. Sou um de centenas que tiveram a oportunidade de conviver com a Glória. Ela inventou formas de fazer", disse emocionado, o amigo e parceiro de profissão William Bonner, em entrevista ao programa “Encontro”.
Foi a primeira repórter a fazer uma entrada ao vivo no Jornal Nacional e se tornou eterna nos programas Fantástico e Globo Repórter. Meu abraço e solidariedade aos familiares, amigos, colegas e admiradores de sua carreira.
— Lula (@LulaOficial) February 2, 2023
Estávamos no início dos anos 70, o período da ditadura do presidente Médici. Glória Maria era atrevida, teve vários problemas com os militares. Enfrentou dificuldades por ser mulher, por ser negra e por ter vindo de uma família pobre. Mas com muito trabalho, mostrou dignidade pic.twitter.com/STbCC4CoZt
— Zezé Motta (@zezemotta) February 2, 2023
No Twitter, o presidente Lula publicou: “Uma das maiores jornalistas da história da nossa televisão. Glória foi repórter em momentos marcantes do Brasil e do mundo, entrevistou grandes nomes e deixou sua marca na memória de brasileiros e brasileiras”. Também nas redes sociais, a atriz Zezé Mota soltou: “Estávamos no início dos anos 70, o período da ditadura do presidente Médici. Glória Maria era atrevida, teve vários problemas com os militares. Enfrentou dificuldades por ser mulher, por ser negra e por ter vindo de uma família pobre. Mas com muito trabalho, mostrou dignidade”.
Trajetória incomparável
Carioca e mãe de duas filhas, percorreu cinco décadas de jornalismo (estava na Globo desde 1970). Tempo em que foi a primeira repórter a fazer uma entrada ao vivo no Jornal Nacional, quando o noticiário passou a ser exibido em cores.
Atuou em pautas como a cobertura da Guerra das Maldivas, em 1982, a posse do presidente Jimmy Carter, em Washington, além de mostrar mais de 150 países, carimbando cerca de 16 passaportes. Uma das viagens mais lembradas pelo público é a famosa ida para a Jamaica. No programa "Altas Horas", em 2019, Glória disse que suas andanças pelo mundo começaram mesmo a trabalho, quando tinha entre 16 e 17 anos.
Entrevistas icônicas
Sempre movida à curiosidade, assumiu entrevistas marcantes, a exemplo do vocalista da banda Rolling Stones, Mick Jagger, em 1984. Um ano depois esteve com o líder do Queen, Freddie Mercury, no começo do festival Rock in Rio. Em 1996 aproveitou a passagem de Michael Jackson pelo Brasil e batalhou por uma palavra do artista-mito. Já nos anos 2000, avisou para Madonna que erraria no inglês e que estava assustada em conversar com ela, ganhando ainda mais atenção e confiança da cantora.
Para o Fantástico, programa em que apresentou entre 1998 e 2007, foi recebida na casa do cantor inglês Elton John. O dominical também exibiu sua viagem ao lado do escritor Paulo Coelho. No período militar, também esteve diante de chefes de Estado, como o ex-presidente João Figueiredo. Dona de uma bagagem memorável, resumiu sua trajetória em uma de suas entrevistas à revista Trip: " O jornalismo para mim é uma paixão. Nunca senti aquilo realmente como um trabalho". Até o fechamento da edição, ainda não havia informações sobre velório e sepultamento.