Eric Clapton volta a repercutir, ao sugerir 'hipnose de massa' em quem foi vacinado contra Covid-19
Fenômeno sequer é reconhecido entre acadêmicos no campo da psicologia
Eric Clapton voltou a repercutir na internet com uma declação negacionista. O músico de 76 anos sugeriu que as pessoas vacinadas contra Covid-19 ficaram sob "hipnose / psicose de formação em massa", termo que sequer é reconhecido entre acadêmicos no campo da psicologia. Além disso, vários especialistas em comportamento de multidões consultados pela agência de notícias "Reuters" disseram que não há evidências de "tal fenômeno".
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A fala do guitarrista britânico surgiu durante entrevista com Dave Spuria do canal "Real Music Observer" no YouTube na última sexta-feira, dia 21.
"Quando comecei a procurá-lo, eu o vi em todos os lugares", disse o guitarrista a respeito da "hipnose de formação em massa", quando se referiu à campanha de vacinação contra Covid-19 e às informações sobre ser segura e eficaz.
O “conceito” ganhou força recentemente graças a Robert Malone, já banido do Twitter, que alegou que as pessoas haviam sido "hipnotizadas" para acreditar na eficácia da vacina. Essa ideia, porém, é contestada por estudiosos.
"A ideia de que as multidões estão sob uma psicose em massa, o que significa que elas não são mais responsáveis por suas ações, é um mito total que não é apoiado por nenhuma evidência confiável" disse à "Reuters" o professor Chris Cocking, da Universidade de Brighton, no Reino Unido.
Especialista em Psicologia e Ciência Neural, Jay Van Bavel, da Universidade de Nova York, também afirmou que o termo “não existe como um conceito acadêmico real”.
"Eu tenho estudado identidade de grupo e comportamento coletivo por quase duas décadas e há pouco publiquei um livro sobre o tema e em nenhuma vez me deparei com este termo", acrescentou.
A "Reuters" também conversou com Steven Reicher, professor de psicologia social da Universidade de St. Andrews, que estuda psicologia das multidões há mais de 40 anos. Ele descreveu o conceito de “psicose de massa” como “mais metáfora do que ciência, mais ideologia do que fato”.
"Ele surge das teorias da sociedade de massa e das teorias da psicologia das multidões que se desenvolveram no século XIX e que refletiam o medo das massas" , disse Reicher. A alegação era que as pessoas em massa perdem seu senso de identidade e sua capacidade de raciocinar, regridem a um estado mental inferior onde são manipuláveis por líderes inescrupulosos. Foi totalmente desacreditado pelo trabalho contemporâneo sobre grupos e multidões.
Ele também apontou para um estudo de sua coautoria e divulgado em novembro de 2020 analisando o movimento de aproximadamente 15 milhões de americanos durante os estágios iniciais da pandemia, descobrindo que um dos “maiores preditores de seguir as diretrizes de distanciamento social era o partidarismo político”.