Escritor Wellington de Melo lança seu novo livro, "Emilio", no Mepe, nesta terça (28)
Terceiro romance do autor, a publicação tem como tema central o tempo e sua interferência subjetiva na história individual e coletiva
E quando o Tempo, Cronos, em sua caminhada implacável sempre em frente, faz cair por terra todas as nossas certezas e projeções sobre nós mesmos no futuro? O Tempo que, subjetivamente, pode corroer relacionamentos e promessas que fazemos a nós mesmos e mudar nossa percepção sobre passado, presente, futuro, sobre verdades e mentiras e sobre nossa própria história.
Esse Tempo é o condutor da história que se passa em “Emilio”, terceiro romance do escritor Wellington de Melo, que será lançado hoje (28), às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), no bairro das Graças. Na ocasião, antes da sessão de autógrafos, acontece um bate-papo entre o autor e a jornalista Erika Muniz.
O Tempo é implacável
“Emilio” é um romance ucrônico – se localiza em um tempo alternativo, inventado – e distópico. Cláudia, uma professora auto exilada, tem de voltar ao país que ela detesta com a missão de cuidar do filho de uma amiga de infância, promessa feita por ela. A personagem não pretendia retornar ao lugar de origem – também não há uma localização exata de onde se passa a história –, mas essa volta lhe possibilita a reparação de uma injustiça e a descoberta de segredos que ficaram no passado. Isso a atrai.
“Se me perguntasse sobre o que é ‘Emilio’, diria que é sobre como o tempo nos derrota, nos deforma, desfaz os planos de voo. Sobre como o tempo é nosso rival”, diz Wellington sobre sua nova obra. “Falo sobre voltar para um lugar que te odeia mas para onde você precisa retornar para tentar cumprir uma promessa que, na verdade, você acha que não vai conseguir cumprir.”
Opostos em atravessamento
O nome “Emilio” traz alguns referenciais. Vem do latim "Aemilius", que significa “o que fala bem” ou “o rival”, e é também o nome de outro livro, do filósofo francês Jean-Jacques Rosseau, em que ele introduz a sua conhecida máxima: o homem nasce naturalmente bom. A sociedade que o corrompe. “Não é bem a ideia defendida nesse mundo de maldade deste (anti)Emilio”, alerta Wellington.
Essas dualidades também se apresentam no romance de Wellington. Amor e ódio se manifestam nessa saga de Cláudia para cumprir sua promessa. Inteligência Artificial, violência contra mulher e a opressão patriarcal também são questões problematizadas na narrativa. “Emilio é atravessado sobre questões de nosso tempo, mas o seu coração narrativo é atemporal”, situa Wellington.
“O tempo é o tema central de ‘Emilio’, com certeza. Mas como falei, é um tempo que nos atravessa, simultâneo. O tempo, em ‘Emilio’, na verdade não passa: o retorno da narradora a um lugar é o retorno a um tempo que se torna presente e reverbera na ação do romance.”
Sobre se situar em um terreno de tempo e espaço alternativos, sem “compromisso” com a verossimilhança (o que é, na verdade, imperativo para uma ficção ucrônica), o autor comenta:
“A verossimilhança interna é mais importante que a externa, em meus romances. É sempre um diálogo: cada leitor(a) traz suas ferramentas, eu coloco outras em jogo, mas não muitas. Gosto de oferecer o essencial para que construamos juntos. A experiência de leitura sólida é feita dessa negociação (...) Espero que os leitores e leitoras gostem do resultado, que visitem esse mundo de mentiras que inventei. E acreditem.”
Outros lançamentos
Além de hoje, “Emilio” terá outros dois lançamentos: nesta quinta (30), o livro será apresentado na Ria Livraria, em São Paulo (SP); e no dia 7 de dezembro, no Centro Cultural Sesc Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Assim como hoje, haverá bate-papo entre Wellington e um convidado antes da sessão de autógrafos.
SERVIÇO
Lançamento do romance "Emilio", de Wellington de Melo
Quando: Terça (28 de novembro), às 19h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco | Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife-PE
Preço do livro: R$ 60