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Teatro de mamulengos

Espetáculo "A Flor do Mamulengo" circula pelo Sertão do Pajeú, em abril

Mamulengo Água de Cacimba, de Olinda, se apresenta em oito cidades sertanejas, de 8 e 17 de abril

Espetáculo "A Flor do Mamulengo - Água de Cacimba" circula pelo Sertão do PajeúEspetáculo "A Flor do Mamulengo - Água de Cacimba" circula pelo Sertão do Pajeú - Foto: Isabella Machado/Divulgação

A arte do Mamulengo Água de Cacimba, grupo de Olinda, será levada para circular com o espetáculo “A Flor do Mamulengo” por oito cidades do Sertão do Pajeú, de 8 a 17 de abril.

Tradicional arte do boneco popular, o Mamulengo é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do país. Este projeto foi contemplado pelo edital Funcultura 2022/2023 e todas suas atividades são gratuitas.


Circulação no Pajeú
A circulação passará por Triunfo, Afogados da Ingazeira, São José do Egito, Carnaíba,
Tabira, Serra Talhada, Ingazeira e Iguaraci.

Com o espetáculo “A Flor do Mamulengo” na mala, a companhia levará para diversas escolas públicas e para o Museu do Cangaço oito apresentações. 

Apenas uma realizada em Triunfo contemplará público diferente, voltada para comunidade rural do município.



“A Flor do Mamulengo”: como herança, uma brincadeira 
O espetáculo que protagoniza a circulação traz em si um pouco da história da arte do boneco popular no Brasil. “A Flor do Mamulengo” é uma brincadeira herdada do mestre piauiense Afonso Miguel Aguiar, referência artística e pai de Mariana Acioli, fundadora da companhia junto à Allan de Freitas.

Com bonecos feitos a partir da madeira do Mulungu e manipulados por vara ou no estilo luva, a brincadeira ganha vida e conta histórias de uma terra encantada, porém espelho genuíno da realidade interiorana do Nordeste.

“Os bonecos apresentam cenas poéticas da vida e do trabalho no campo, propondo reflexões através do lúdico e criando um espaço de interação com o público. O enredo encena o cotidiano familiar do vaqueiro Benedito, da agricultora Joaninha e de Dona Prazeres, parteira que vem ajudar o filho do casal a nascer”, detalha Mariana.

No espetáculo, com a leveza e a assertividade da arte popular, temáticas importantes para a formação positiva dos indivíduos ganham espaço.

A obra aborda questões como protagonismo negro, igualdade de gênero, valorização dos saberes ancestrais, dos folguedos e brinquedos populares, contribuindo no debate sobre inclusão social e diversidade. Tudo permeado pela música, com canções populares e
autorais do grupo, tocadas ao vivo.

A oportunidade de levar este universo à ambientes como escolas e comunidades rurais vai de encontro a uma função essencial do trabalho da companhia: colaborar com atividades de salvaguarda da arte do boneco popular.

“Brincar nosso mamulengo nas escolas e comunidades, é uma possibilidade de encontro com as futuras gerações, que conhecendo esse patrimônio, poderá preservá-lo. A continuidade dessa arte é manter viva a memória daqueles que vieram antes de nós e que prepararam esse caminho que hoje trilhamos”, conclui Mariana, que no espetáculo “A Flor do Mamulengo” é a responsável pela manipulação dos bonecos.

Por que o Pajeú?
A escolha pelo Sertão do Pajeú é reflexo de uma importante parceria da companhia. A circulação acontece com o apoio do projeto “No Meu Terreiro Tem Arte”, que desde 2015 promove ações culturais independentes na região e foi a iniciativa responsável por levar o Mamulengo Água de Cacimba pela primeira vez para o Pajeú.

“Conhecemos o Sertão do Pajeú no final de 2021, no festival Chama Violeta, uma das ações do Projeto No Meu Terreiro Tem Arte na comunidade do Minadouro, cidade da Ingazeira. Ficamos encantados com a beleza do lugar, com o acolhimento do povo, com a comida e também com a dedicação e carinho da criadora do Projeto, Odília Nunes, pelo seu território”, conta Allan de Freitas.

“Voltar ao Pajeú pra gente é sempre especial, por acreditar que essa relação do povo com o
Mamulengo é muito potente, tanto no que se refere à identidade cultural, quanto pela possibilidade que o boneco popular tem de trazer discussões sobre temas e problemas do cotidiano”, acrescenta Allan.

Todas as sessões do espetáculo contarão com intérprete de libras. Além das apresentações, o projeto tem uma primeira etapa imersiva com dois mestres mamulengueiros de Pernambuco: Mestre Calu, de Vivência, e Mestre Vitalino, de Nazaré da Mata.

As vivências fazem parte da pesquisa “Meu Mestre Mamulengueiro” da companhia e reforçam o propósito de contribuição às ações de salvaguarda do Mamulengo. As vivências com os mestres acontecem nos dias 3 e 4 de abril.

Sobre a companhia
O Mamulengo Água de Cacimba (Instagram) nasce do acervo de bonecos deixado como herança pelo mestre mamulengueiro piauiense Afonso Miguel Aguiar (1957/2019), a uma de suas filhas, a pernambucana Mariana Acioli.

Após participar de uma homenagem ao pai em um Festival de Teatro, junto de Allan de Freitas, a dupla inicia a trajetória como grupo. 

Residentes em Olinda, a companhia vem, desde então, dando continuidade à essa tradição dos
bonecos. O grupo tem apresentado as brincadeiras "A Flor do Mamulengo"; e “Vamos plantar
mulungu” em festivais, praças, escolas, livrarias e projetos sociais de Pernambuco e pelo Brasil, como também produz trabalhos de pesquisa e formação.

A dupla por trás do Mamulengo Água de Cacimba tem formação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e, como consequência, suas atividades interligam o Mamulengo à literatura e à educação, expandindo o alcance de atuação da companhia.

Para saber mais detalhes sobre o trabalho do Mamulengo Água de Cacimba acesse o site.

Agenda da circulação “A Flor do Mamulengo no Sertão do Pajeú”:

8/4 - Carnaíba: Escola Municipal Domingos Jacinto Ferreira, às 9h.
9/4 - Serra Talhada: Museu do Cangaço (público escolar), às 10h.
10/4- Triunfo: Adessu (associação comunitária), às 15h.
11/4 - Afogados da Ingazeira: Escola Municipal Levino Cândido, às 10h.
14/4 - Iguaracy: Escola EREF Professora Judite Bezerra da Silva, às 9h.
15/4 - Ingazeira: Escola Municipal Alaíde Barbosa de Lima, às 10h.
16/4 - São José do Egito: Escola Manoel da Costa, às 10h.
17/4 - Tabira: Escola Municipal de Tempo Integral Cícero Correia, às 16h.

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