GAL COSTA

"Eu espero que tenha vida depois que a gente apague. A vida é um milagre", Gal Costa

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Não estava nos planos da música “perder” Gal. Não estava nos planos dela, inclusive, partir tão cedo. De alma jovem, como se auto intitulava, beirar as oito décadas de vida fluía como um (re)começo para quem adorava viver e não pensava em morrer. 

“Quando é jovem não pensa muito em morrer, na morte, mas quando vai chegando a idade você começa a pensar que tem uma hora que acaba, né? E eu espero que não acabe”, esbravejou a (já saudosa) artista baiana em entrevista concedida ao programa global Conversa com Bial, em janeiro de 2021.
 

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A sua partida, portanto, obstou um tanto de coisas boas que ainda estavam a caminho – a turnê de “As Várias Pontas de uma Estrela”, por exemplo, foi uma delas. Com estreia do show em São Paulo em outubro do ano passado, o projeto dirigido por Marcus Preto, seguiria pela Europa nos próximos meses. 

Os desembarques no Recife 
Pelas bandas de cá do Recife, foi em março deste ano que ele aportou, protagonizado por uma Gal que tomou o Teatro Guararapes em voz e público em deslumbre. Em julho, a baiana retornou a Pernambuco, dessa vez ocupando o palco do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e, ovacionada, despediu-se em seu derradeiro espetáculo por aqui, em noite introduzida por ela um boa noite cantado por um “Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada/Agora não espero mais aquela madrugada/Vai ser, vai ser, vai ter de ser (...)”, seguido pelo pedido de “Atenção para o refrão” para “estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.



E mesmo que ali não estivesse a artista em sua melhor performance, ora pela voz que já não soava como outrora foi, perfeita, ora pelo pragmatismo de um show conduzido em boa parte pelo público, ali estava Gal Costa e isso bastava. 

Gal sempre se bastou em todos os palcos pelos quais passou, incluindo os do Recife nos idos anos de 1960 em sua estreia na Capital pernambucana em shows num improvável requinte que pairava no Clube Náutico Capibaribe, uma contramão para uma musa do Tropicalismo, transgressora e revolucionária. 

Gal, Gil, Bethânia e Caetano                      Crédito: Reprodução/Instagram

Na mesma “leva” de sua vinda por aqui, o Teatro do Parque foi palco para a mesma apresentação, “Gal a Todo Vapor”. Tempos depois, já na década de 1970, o Geraldão, o Teatro de Santa Isabel e o Teatro Guararapes foram os locais que outrora a recepcionaram.  

As tantas parcerias
Da “terra dos altos coqueiros”, Gal também angariou parcerias memoráveis,que o diga o disco “Estratosférica” (2015), título-faixa composta pelo compositor e produtor pernambucano Pupillo, em parceria com a cantora Céu e o caruaruense Junio Barreto – este teve também a canção “Santana” gravada por ela, em álbum lançado em 2005 (“Hoje”). 

“Jabitacá” é outra composição ‘da terrinha’ assinada por Lirinha, Bactéria e por Barreto, que integrou “Estratosférica”.

“Ela tem uma importância para além da música, tem a ver com a estética visual, ela exerce uma força grande (...) Em vários momentos me deparei distraído e encantado com a presença dela perto de mim. É sempre difícil administrar esses lugares, chegar e ter acesso a um ídolo e vem um turbilhão de sentimentos, tudo o que a gente buscou, toda a nossa formação tá ali diante de alguém que foi tão importante”, contou Pupillo, em entrevista à Rádio Folha, a despeito da partida de Gal que, voltando à entrevista em Bial, em 2021, complementou, sobre a vida que ela amava viver: “Eu espero que tenha vida depois que a gente apague. A vida é um milagre". 

Músico pernambucano Pupillo (à direita de Gal) trabalho com a artista baiana

A propósito, o corpo de Gal Costa será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, logo mais. Aberto ao público, o velório terá início às 9h e finda às 15h.

Já o enterro, fechado para familiares e amigos mais próximos, acontece em seguida. Gal partiu ontem de manhã, em sua casa, em São Paulo.

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