Ex-assessor de Carlos Bolsonaro volta à Funarte menos de um mês após ser exonerado da presidência
No centro de artes visuais, Querido substitui Leila Santos, que ocupava o cargo desde o início de janeiro
Menos de um mês depois de exonerar Luciano Querido da presidência da Funarte (Fundação Nacional de Artes), o governo Bolsonaro nomeou o webdesigner para um outro cargo na mesma instituição. Querido assume o cargo de diretor do centro de artes visuais da Funarte. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta (1º), e é assinada por Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo.
O webdesigner, pastor e bacharel em direito Luciano Querido, que até o início de setembro presidia a Funarte, foi assessor de Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Ele havia sido oficializado no comando da fundação em julho. Em maio, Querido já havia sido nomeado presidente substituto do órgão, no qual havia ingressado como diretor em março.
No centro de artes visuais, Querido substitui Leila Santos, que ocupava o cargo desde o início de janeiro. A Funarte tem a função de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país. O órgão é responsável pelas políticas públicas federais de estímulo à atividade artística brasileira.
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A exoneração de Luciano Querido havia sido assinada pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, no dia 11 de setembro. Para ocupar o comando da fundação, foi então nomeado Lamartine Barbosa Holanda, coronel da reserva do Exército.
Em agosto do ano passado, Holanda esteve na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, junto com o deputado estadual Castello Branco, do PSL, o superintendente do órgão, Roberto Simões Barbeiro, e o assessor especial Rodrigo Morais. Conforme o jornal Folha de S.Paulo mostrou na ocasião, o coronel anunciou a realização de uma mostra de filmes militares para o mês seguinte.
Querido foi funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro por 13 anos, onde participou dos primeiros passos da família no mundo digital. A Folha de S.Paulo mostrou em maio que o longo vínculo com a família de Jair Bolsonaro acabou em dezembro de 2017, após ele ser desautorizado pelo então deputado federal, por quem teria sido chamado de "elemento".
Desde então, aliados da família temiam que Querido tivesse levado consigo arquivos e documentos que comprometessem o grupo do presidente, tanto sobre o dia a dia dos gabinetes como sobre as estratégias digitais usadas na pré-campanha.