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Ex-namorado, cabeleireira e porteiro: julgamento de Shakira na Espanha terá 117 testemunhas

Acusação chamou para depoimento pessoas que prestaram serviços em Barcelona à cantora, acusada de fraude fiscal de R$ 75 milhões; artista nega que morava na cidade

ShakiraShakira - Foto: Reprodução/Instagram

Um total de 117 testemunhas comparecerão, a partir da próxima segunda-feira, ao julgamento contra Shakira pela suposta fraude fiscal de quase 14,5 milhões de euros (equivalente a cerca de R$ 75 milhões). Suas declarações ajudarão a precisar até que ponto a cantora colombiana de fato viveu na Catalunha entre 2012 e 2014. A questão fundamental porque, nesse período, ela não pagou impostos na Espanha, embora, na opinião do Ministério Público, já devesse ser considerada residente fiscal.

As pessoas convocadas como testemunhas tiveram relações com Shakira por motivos profissionais ou pessoais. O que elas contarem servirá para traçar um retrato mais próximo da vida da artista durante aqueles anos em que consolidou a relação, hoje rompida, com o ex-zagueiro do Barcelona Gerard Piqué.

Uma das testemunhas chamadas a depor é um ex-namorado de Shakira, Antonio de la Rúa, por ocupar cargos em empresas que, segundo a acusação, serviam para canalizar receitas milionárias para paraísos fiscais — isto é, países com pouca ou nenhuma tributação. Em 2004, o casal também comprou uma casa em Nassau. Pouco depois, as autoridades das Bahamas concederam à cantora uma autorização de residência permanente, documento que ela utilizou no processo penal para alegar que foi ali que estabeleceu o seu domicílio nos anos investigados.

Se não houver acordo entre o Ministério Público e Shakira (eles tentaram, sem sucesso, em algumas ocasiões), o tribunal do Palácio da Justiça de Barcelona será palco de um desfile de testemunhas. Alguns deles prestarão depoimento por videoconferência. O Ministério Público e a Procuradoria do Estado – que defende os interesses da Fazenda – acionaram profissionais que prestaram serviços a Shakira Isabel Mebarak Ripoll ou cuidaram dela em algum momento.

Para a acusação, eles são uma prova vital de que a artista de Barranquilla fez da Espanha a sua base de operações, local para onde regressou depois de concertos ou turnês. O inspetor da Fazenda responsável pelo caso fez um trabalho de detetive para reconstituir o cotidiano da cantora e comprovar que ela passou, na cidade, mais de metade do ano, condição para se considerar um cidadão residente fiscal.

Neste grupo de testemunhas, há funcionários de estabelecimentos frequentados por Shakira: a funcionária de um centro de estética de Sarrià, na zona alta de Barcelona; o motorista pessoal da cantora; trabalhadores de hotéis e restaurantes (como o famoso japonês Koy Shunka); o representante da marca de luxo Dolce & Gabanna; o organizador de um evento para a empresa de brinquedos Mattel; o proprietário da Automóviles Fernández; dois instrutores de fitness e quatro professores de zumba que, segundo a denúncia, viajaram especificamente à cidade para dar aulas a ela.

Em seu depoimento perante o juiz de instrução, revelado pelo El País, ela explicou que, nos três anos sob investigação, foi nômade. Alegou que viajou por todo o mundo fazendo show e que a única razão pela qual visitou Barcelona, ocasionalmente, foi para ver seu então companheiro, Piqué. Com o calendário na mão, o Ministério Público não acredita nela e pede oito anos e dois meses de prisão, além do pagamento de uma multa de 23,5 milhões de euros.

Vizinhos e até ginecologistas
Os vizinhos de Piqué também passarão pelo julgamento para explicar se viam Shakira com frequência, ou até diariamente. Entre os convocados para depor, estão vizinhos do apartamento de solteiro de Piqué na rua Muntaner, em Barcelona (onde inicialmente o casal ficava), mas também os da casa que ambos compraram, em Esplugues de Llobregat.

O primeiro filho do casal, Milan, nasceu em 22 de janeiro de 2013. Para o Ministério Público, é uma prova de suas raízes na Espanha, mas Shakira diz que não, que o levava consigo para todos os lugares, inclusive para as gravações do programa The Voice, nos Estados Unidos. Entre as testemunhas, também estão os ginecologistas que a trataram na clínica Teknon (onde ela usava o apelido de Sila Prieto) e um representante de La Miranda, a escola de elite onde educou seu primogênito.

Outras testemunhas mantiveram uma relação mais estritamente profissional com Shakira, ligada à sua carreira musical. Vão testemunhar representantes do estúdio de gravação Mandinga, bem como coreógrafos, dançarinas, estilistas, fotógrafos, produtores, empresários e todo o elenco de assessores que a apoiaram. Também devem testemunhar executivos da Sony Music e da Live Nation, empresa com a qual, em 2008, assinou um contrato que lhe garantiu US$ 300 milhões ao longo de uma década. Se o julgamento continuar e não houver acordo, também poderá ser ouvido um dos integrantes da banda mexicana Maná, que gravou uma música com a colombiana nas instalações de Codorniu.

A defesa da cantora, realizada pelo advogado criminalista Pau Molins, concorda com o pedido de convocação de algumas dessas testemunhas (incluindo Antonio de la Rúa) e solicitou a oitiva de outras que também foram aceitas pelo tribunal.

Para Molins, as declarações dessas pessoas são provas de defesa e ajudarão a provar que Shakira não passou tempo suficiente na Espanha para ser residente fiscal. Entre os convocados, estão diretores da Pies Descalzos, fundação de ajuda à infância que Shakira promove e que, segundo ela, sofreu danos irreparáveis em decorrência do processo penal. Também falarão seu irmão Antonio William Mebarak, seu cozinheiro pessoal, vários amigos de Miami e bateristas, pianistas e músicos que a acompanharam em suas turnês.

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