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Artes Visuais

Exposição "Lula Cardoso Ayres - Caminhos de Ida, Caminhos de Volta" ocupa a Galeria Marco Zero

Com cerca de 60 obras, mostra pode ser vista deste sábado (10) até 28 de setembro

Exposição "Lula Cardoso Ayres - Caminhos de Ida, Caminhos de Volta"Exposição "Lula Cardoso Ayres - Caminhos de Ida, Caminhos de Volta" - Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

A exposição “Lula Cardoso Ayres - Caminhos de Ida, Caminhos de Volta” abre para visitação do público neste sábado (10). Ocupando a Galeria Marco Zero, a mostra reúne cerca de 60 obras assinadas por uma dos mais memoráveis artistas pernambucanos. 

Fotógrafo, pintor, designer e ilustrador, entre outras atribuições, Lula Cardoso Ayres (1910-1987) teve uma longeva trajetória artística. Começou ainda na adolescência, aos 12 anos, incentivado pelo pai e pelo privilégio de pertencer a uma família abastada. 
 

Após trabalhar com o artista alemão Heinrich Moser no Recife, o pernambucano viajou para Paris em 1925, entrando em contato com os movimentos de vanguarda da época. De volta ao Brasil, estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, voltando para Pernambuco somente em 1932, para ajudar nos negócios da família. 

Durante o período em que residiu na Usina Cucaú, no município de Rio Formoso, Lula aprofundou seu interesse pelos folguedos populares. Nas visitas às comunidades da região, observou manifestações culturais como o bumba meu boi e o maracatu, que se tornaram elementos recorrentes em sua obra.
 

Como o próprio nome sugere, a exposição foca nos “caminhos de ida e de volta” percorridos por Lula Cardoso Ayres ao longo de sua carreira. Um conceito que diz respeito não só aos deslocamentos geográficos feitos pelo artista, mas também à alternância entre o figurativo e o abstrato presente em sua obra. 

“A ideia é tentar dar conta desse movimento pendular do artista. Cada vez que ele se desloca e retorna para algo, traz um acumulado de saberes adquiridos a partir das idas anteriores dele. É possível ver, por exemplo, que a abstração dele é alimentada pelo bumba meu boi ou, então, que existe um saber formal de cor que ele adquire a partir da produção abstrata e que se manifesta em outros momentos, quando volta para a figuração mais arquetípica”, explica Guilherme Moraes, curador da exposição.

Dividida em núcleos, a exposição passeia por diferentes fases do artista. Há, por exemplo, desenhos dos anos 1940 e telas como “Pássaro Vermelho”, da década de 1950, que mostra o mergulho de Lula no abstracionismo. Um dos destaques é a última peça do pintor, deixada inacabada por ele antes de morrer.  

“Para mim, é um trabalho muito significativo, porque ratifica o fato de que Lula morreu produzindo. Temos outras obras [na exposição] que, talvez, deem um vislumbre do que essa tela poderia vir a ser, mas, ao mesmo tempo, ela guarda uma potência inerente ao fato de ser o último trabalho no qual o artista esteve debruçado”, aponta o curador.

Guilherme aponta como um dos maiores legados de Lula a introdução de temas ligados à cultura popular para as artes plásticas. “Hoje é relativamente comum ver uma temática regionalista sendo trabalhada visualmente, mas é interessante perceber que Lula foi o primeiro a trazer esses interesses para dentro da produção pictórica. Não que o trabalho dele seja apenas circunscrito a isso, mas é uma produção específica dentro dos tantos modernismos que hoje a gente entende que existiram no Brasil”, observa. 

Serviço:
“Lula Cardoso Ayres - Caminhos de Ida, Caminhos de Volta”
Quando: Deste sábado (10) até 28 de setembro; de segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h
Onde: Galeria Marco Zero (Av. Domingos Ferreira, 3393, Boa Viagem)
Entrada gratuita
Informações: (81) 98262-3393 e [email protected]
 

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