Exposição 'Tempo para Iroko' entra em cartaz na Fundaj de Casa Forte
Artista Dália Rosenthal investigou os processos de perseguição e violência contra os povos de terreiro
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) apresenta a exposição “Tempo para Iroko”, da artista Dália Rosenthal, que integra as galerias Massangana e Baobá, na sede da instituição em Casa Forte, Zona Norte do Recife. A abertura para convidados ocorreu na tarde desta sexta-feira (24), mas o público geral pode realizar visitações a partir da terça-feira (28).
Resultado da quinta edição do projeto “Residências Artísticas” da Fundaj, a mostra apresenta distintas relações entre território, memória cultural e natural. Associado à árvore conhecida como gameleira, o Iroko é o orixá que representa o líder de todos os espíritos das árvores sagradas.
O projeto da exposição nasceu quando Rosenthal estava desenvolvendo um trabalho sobre a Jurema e soube da queda do Iroko do Sítio de Pai Adão e Terreiro Ilê Obá Ogunté, no bairro de Água Fria. A notícia fez a artista refletir sobre os processos de perseguição e violência contra os povos de terreiro, o que a levou a investigar documentos do Arquivo Público de Pernambuco.
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“A partir deste início, comecei a entrevistar os representantes mais velhos dessa comunidade e observando a memória e o significado do Iroko, assim como os conceitos de família e ancestralidade neste contexto e para essa comunidade”, afirma a artista, que também impulsionou o plantio de novas árvores de gameleira-branca, com o apoio de diversos espaços, instituições e comunidades.
Na galeria Baobá, a exposição traz uma instalação artística com a exibição da pequena semente de Iroko e os vestígios de terra por onde os grãos da gameleira-branca passaram. Também é possível encontrar telões de vídeos, com as entrevistas que Dália Rosenthal realizou. A imagem das cinzas do grande Iroko que vivia no terreiro de Ilê Obá Ogunté está projetada na parede da última sala.
Já a galeria Massangana apresenta a narração dos documentos investigados. Interpretado por Tiago Kfuzo Nagô, o texto traz uma leitura do passado no tempo presente desvelando práticas cotidianas de violência aos povos de matriz africana no Brasil. A exposição pode ser vista até 26 de novembro, das 10h às 16h.