Exposição 'Veneza Teimosa' evidencia artistas periféricos
Exibição coletiva é resultado de trabalhos produzidos com a premiação de residência e mentoria artística realizada em 2021, em parceria com a Ong Paratodos
A exibição coletiva "Veneza Teimosa" foi aberta no Atelier Pangeia, no Bairro do Recife, nesta quinta-feira (5), reunindo obras de oito artistas periféricos da capital pernambucana, que ganharam o prêmio em residência e mentoria artística - Veneza Teimosa, realizado em 2021, em parceria com a Ong Paratodos. O prêmio culminou com a exposição de obras que fazem parte do projeto social e cultural que busca, incentiva e promove talentos periféricos a desenvolverem suas expressões culturais. Com entrada gratuita, exposição segue até domingo (8), das 13h às 19h.
“A Ong Paratodos firmou termo de parceria com a equipe da "Veneza Teimosa", na linha de ação Arte Paratodos, com intuito de apoiar artistas de periferia nesse processo de criação e de ascensão de seus talentos e trajetórias profissionais. Com isso, vamos lançar a exposição conjunta desses jovens periféricos”, explicou a presidente da Ong Paratodos, Marina Maciel.
Com foco em artistas periféricos, o Prêmio de Residência e Mentoria Artística Veneza Teimosa lança artistas como Amori, Brenda Bazante, Bubu, Jean Carvalho, Kadu Xukuru, Rayana Rayo, Tereza Pernam e Thais Barreto. Idealizada pelo curador de arte Aslan Cabral e pela historiadora da arte, Monica Bouqvar, as preparações para a Exposição Veneza Teimosa iniciaram ainda em 2021, com a seleção de artistas locais para treinamento e incentivo para criação de obras.
“Nós fomos os curadores de artistas que estão mais à margem da sociedade. O Prêmio de Arte Contemporânea foi em busca de minorias. Tivemos mais de 100 inscritos, escolhemos oito e destinamos valor para apoiar criações artísticas. Nosso intuito é impulsionar a arte e apoiar pessoas que precisam de incentivo”, explicou Monica Bouqvar.
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Artistas
Os oitos artistas que vão expor as obras no Atelier Pangeia, participaram de um mês de mentoria, realizada no atelier, e uma vivência imersiva, durante um final de semana, no Atelier Criatório, em Gravatá. Com cafés da manhã às segundas-feiras, artistas e curadores ainda trocaram referências e ideias críticas através de um processo de colaboração mútua.
O título do projeto Veneza Teimosa tem como referência a comparação histórica e controversa entre as cidades de Recife e Veneza, e a Teimosia, elemento fundamental para resistência de levantes culturais e para o enfrentamento de abusos de poder, como no caso da comunidade Brasília Teimosa.
“Diversidade, além de um elemento político, também é um conceito artístico. Com efeito, o recorte do programa Veneza Teimosa serve como vetor cultural”, conta Aslan. “Quem visitar a exposição poderá expandir, junto com todo mundo que fez parte da residência, seus parâmetros de arte, bem como entrar em contato com artistas os quais o Brasil ainda vai conhecer, nos próximos anos”, complementou Monica.
Prêmio em residência e mentoria
Realizado em 2021, o projeto da residência nasceu do interesse de Aslan e Monica em impulsionar novos artistas. Em razão dessa necessidade, ambos iniciaram uma convocatória, com 108 inscritos, dos quais oito foram selecionados. Todos participaram não apenas de um mês de mentoria – realizada no Atelier Pangeia – mas também de uma vivência imersiva, durante um final de semana, no Atelier Criatório, localizado em Gravatá.
Confira o perfil dos oito artistas premiados que vão expor na Veneza Teimosa:
Amori - Pernambucane da zona da mata sul (Ribeirão), residente na cidade do Recife. Desenvolve pesquisa plástica claramente guiada pelas conexões e atravessamentos que afetam seu corpo, criando pintura em tecido/tela, aquarela, bordado, moldes em argila, látex, ataduras e linhas, carne e vísceras num exercício de (in)compreensão de seus múltiplos processos.
Brenda Bazante - Artista visual, mestranda do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais. Membra da linha de pesquisa Arte/Educação para uma educação dissidente, do Grupo de Pesquisa em h às Ensino da Arte em Contextos Contemporâneos – GPEACC/CNPq, do Centro de Artes da Universidade Regional do Cariri – URCA. Brenda é pesquisadora com ênfase nas dissidências sexuais e de gênero. Procura entender como narrativas autobiográficas podem ajudar a representar, por meio da elaboração do conceito de Trava Transcorpo Cinética, as mudanças corporais realizadas por mulheres transexuais e travestis.
Bubu - Recifense, 22 anos, escritora urbana e tipógrafa. Explora letras traçadas e cores, em forma de texturas. Traz sempre a raiz do picho como essência, a arte urbana, de rua, das madrugadas, dos becos, das avenidas, dos prédios, dos abandonos. As letras que impactam, que sujam, que são censuradas; as letras que falam, e as que quase sempre gritam, e pedem ajuda. Ou levam ajuda. Resistência e persistência em cada ato.
Jean Carvalho - É nascido e criado na comunidade do Alto do Maracanã, no Recife. Escultor, desenhista, pintor e biólogo especialista em animais. Manipula suportes híbridos aplicando riqueza científica para apontar a subjetividade de contextos sociais e pessoais.
Kadu Xukuru - Artista visual com licenciatura em História na Universidade Católica de Pernambuco. Integrante do Mata Sul Indígena – movimento de retomada dos povos originários da Zona da Mata Sul de Pernambuco. O #FuturismoIndígena de Kadu, por meio de colagens digitais, aponta um futuro no qual ele e todos os povos originários estão vivos e são protagonistas de suas próprias histórias.
Rayana Raio - Pintora, muralista, também desenvolve trabalhos têxteis e literários. Integrante da RAMA – Rede Afetiva de Mães Artistas. Rayana também atua em produção cultural de circuitos independentes, cuja trajetória de criação tem sido fundamental para processos de autoconhecimento, seus e das pessoas que circulam em sua nuvem, emergidos de estudos iniciados no campo da filosofia da arte e da filosofia africana.
Tereza Perman - Formada em Design pela UFPE, Tereza é autodidata, porém já participou de cursos e ateliês com outras referências da pintura pernambucana, dentre elas Ploeg e Zé Claudio. Ela se autodefine como “mergulhadora em processos relacionados à pintura”. Entre suas técnicas e experimentos, destacam-se pintura a óleo, carvão, linotipia e colagem.
Thais Barreto - Artista sonora com pesquisas baseadas em variadas técnicas integradas a diversos projetos de som. Trilhista, roadie, técnica de som em shows e festivais e produções cinematográficas. Atua como DJ em festas e performances. Atualmente desenvolve o projeto artístico de escuta ativa intitulado MARUIM, no qual mescla elementos de paisagem sonora.