Cinemateca Brasileira

Federação global de cinema culpa governo Bolsonaro por incêndio na Cinemateca

Em nota, a entidade definiu o ocorrido como uma catástrofe para o setor mundical

Rolos de filmes da Cinemateca BrasileiraRolos de filmes da Cinemateca Brasileira - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Fiaf (Federação Internacional de Arquivos de Filmes, na sigla em inglês) publicou nesta sexta (30) uma nota sobre o incêndio que atingiu um depósito da Cinemateca Brasileira na quinta. Os membros definiram o ocorrido como uma catástrofe para o setor mundial e culparam o governo brasileiro.

"Enquanto nós não sabemos a extensão total dos danos, é provável que a catástrofe tenha causado a perda de quantidades significativas de filmes e outros artefatos culturais importantes da Cinemateca Brasileira, um dos mais antigos e respeitados membros da nossa rede global e um guardião essencial do rico patrimônio cinematográfico do Brasil", diz a nota.

"É impossível não vincular os desastres, que causaram graves danos às instalações e acervos da Cinemateca nos últimos anos, à flagrante falta de apoio financeiro e institucional do governo brasileiro."


O incêndio teria começado durante a manutenção, por parte de uma empresa terceirizada, no ar condiciado de uma sala no primeiro andar do imóvel. Ela e outra sala adjacente, que abrigam o acervo histórico de filmes da entidade, foram atingidas, bem como um terceiro ambiente dedicado a arquivos impressos.

O prédio em questão não é a sede principal da Cinemateca, que fica na Vila Clementino, na zona sul da capital paulista. Mas o depósito atingido pelas chamas também abriga parte importante de seu acervo, como filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam em outro local.

A nota da Fiaf enfatizou ainda quando o governo Bolsonaro demitiu funcionários da instituição no ano passado e tomou para si a tutela do local, numa ação com a presença da Polícia Federal, após o fim do contrato de gestão que mantinha com a Acerp, a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto.

"A Fiaf expressou publicamente sua profunda preocupação na época e pediu ao governo brasileiro que ajudasse a resolver esta situação chocante. Infelizmente, pouco progresso parece ter sido feito desde então", diz o texto.

Na manhã desta sexta, horas depois do incêndio, a Secretaria Especial da Cultura publicou um edital para contratação de entidade gestora da Cinemateca. O chamamento público prevê um contrato de cinco anos com uma entidade privada sem fins lucrativos.

O secretário da cultura, Mario Frias, foi ao Twitter colocar a culpa no Partido dos Trabalhadores. "O estado que recebemos a Cinemateca é uma das heranças malditas do governo apocalíptico do petismo, que destruiu todo o estado para rapinar o dinheiro público e sustentar uma imensa quadrilha de corrupção e sujeira criminosa."

No início do ano, em caráter emergencial, a Sociedade Amigos da Cinemateca foi escolhida pelo governo para gerir a Cinemateca. O governo Bolsonaro, porém, não assinou convênio com entidade gestora, conforme tinha anunciado.

"O futuro da Cinemateca continua mais incerto do que nunca e a cada dia aumenta o risco de suas coleções sem cópia, que já estão em vergonhoso estado de abandono", diz ainda a nota da Fiaf. "Mais uma vez, apoiamos nossos colegas de São Paulo e exigimos que o governo brasileiro intervenha imediatamente garantindo que a instituição opere e cumpra suas missões culturais, assim como fez de maneira brilhante por 70 anos, antes que seja tarde demais."

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