Fefa lins aborda questões de gênero e sexualidade em sua primeira exposição individual
'Tecnologias de Gênero' tem curadoria de Aslan Cabral e entra em cartaz na Galeria Amparo 60 nesta quinta-feira (29)
Com um trabalho que aponta para reflexões sobre corpos não normativos, o artista visual Fefa Lins vem há alguns anos conquistando reconhecimento público por meio das redes sociais. Trilhando um caminho oposto ao de muitos artistas que, em função da pandemia, precisaram se adaptar à virtualidade, o pernambucano agora estreia sua primeira exposição individual em ambiente físico.
“Tecnologias de Gênero”, que conta com curadoria de Aslan Cabral, fica em cartaz na Galeria Amparo 60 desta quinta-feira (29) até 28 de maio. A mostra integra o projeto “Mirada”, que tem como proposta de ocupar a primeira sala da galeria com obras de diferentes nomes, criando uma espécie de vitrine. Neste espaço reduzido, é possível conferir as obras presencialmente, mediante agendamento prévio.
Para Fefa, embora muitas de suas criações já sejam conhecidas da internet, o aspecto de novidade segue presente na exposição. “Há coisas que você não consegue ver pela tela de um celular, como a escala da pintura, por exemplo. Quero que as pessoas tenham a experiência de ver o meu trabalho ao vivo, em um espaço pensado para isso”, aponta.
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A curadoria privilegia trabalhos recentes, muitos finalizados no período pandêmico, mas também traz obras mais antigas. Em comum, elas carregam o conceito de “tecnologia de gênero”, pensado a partir dos estudos da intelectual italiana Teresa de Lauretis.
“Tecnologia de gênero é a ideia de que sujeitos, homens e mulheres, não são definidos apenas pela diferença dos órgãos sexuais, mas por toda uma estrutura dentro da nossa sociedade. Trago elementos clássicos da pintura figurativa, como o nu, mas pensando em um olhar não hegemônico sobre gênero e sexualidade”, defende o pintor, que traz seu próprio corpo para as telas que produz. “É uma exposição muito pessoal, que fala de afeto, desejo e também acompanha um pouco do meu processo de transição enquanto pessoa trans”, compartilha.
“A arte, em vários momentos da história, foi também responsável pela manutenção de certos padrões. Temos muita felicidade em entender que estamos hackeando essa arte conservadora em uma tecnologia de gênero não binária. Esperamos que as pessoas consigam expandir seus olhares a partir disso”, comenta o curador da exposição.