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LITERATURA

Fernanda Castro: conheça a pernambucana indicada ao Prêmio Jabuti pelo livro "Mariposa Vermelha"

Terceira obra publicada da autora concorre na categoria "Romance de Entretenimento"

Fernanda Castro, autora de "Mariposa Vermelha"Fernanda Castro, autora de "Mariposa Vermelha" - Foto: Thais Lima/Divulgação

Maior premiação literária do Brasil, o Prêmio Jabuti anuncia os vencedores de sua 66ª edição na noite desta terça-feira (19). Entre os finalistas listados, está a pernambucana Fernanda Castro, única mulher e representante do Nordeste na categoria “Romance de Entretenimento”, com o livro “Mariposa Vermelha”, publicado pelo selo Suma, da Companhia das Letras.  

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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“Foi uma surpresa [a indicação], porque é um prêmio muito concorrido e sempre me pareceu uma coisa muito distante. Ao mesmo tempo, sei que foi um caminho que eu trabalhei muito para construir. Até chegar a ser publicada por uma editora tradicional, eu já tinha muitos anos de literatura”, reflete a escritora recifense de 33 anos, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Fernanda não estará presente na cerimônia de premiação, que ocorre em São Paulo, mas assume estar ansiosa para saber o resultado. “Obviamente, estou torcendo para ganhar, mas só a indicação já me deixa muito satisfeita, principalmente porque é uma categoria nova. Não faz muito tempo que o tipo de livro que eu escrevo pode participar do prêmio”, relata.

   

De fato, o Jabuti só passou a premiar em 2020 os chamados “romances de entretenimento”, diferenciando-os dos “romances literários”. Embora celebre essa inclusão, Fernanda engrossa o coro dos que questionam o termo utilizado.

“Eu acho que é preciso haver subdivisões do prêmio, mas ‘entretenimento’ carrega em si um viés um pouco preconceituoso. Quer dizer que os outros livros são chatos? Quer dizer que a gente é só diversão? Não é um produto artístico? Não é uma obra intelectual também?”, pergunta.

Apesar das reflexões, a autora vê no Jabuti “uma grande chancela”, que possibilita o seu livro chegar a mais pessoas. Há ainda uma responsabilidade dupla nas representatividades que ela carrega. “Quando mulheres fazem coisas que se destacam comercialmente, como aconteceu com o chick lit, o romance erótico e, agora, com a romantasia - que é o gênero do meu livro - esses gêneros costumam ser diminuídos e ridicularizados. Então, conseguir levar isso para uma premiação desse calibre é muito importante para mostrar que a gente está aí escrevendo coisas de qualidade”, afirma.

Terceiro livro de Fernanda, “Mariposa Vermelha” começou a ser escrito durante a pandemia de Covid-19. “Eu estava presa em casa, de mãos atadas, vendo toda aquela tragédia acontecer. Aquilo foi me trazendo uma raiva muito grande, que eu resolvi transformar em literatura. Quando falamos sobre ‘romantasia’, falamos muito sobre a realização de fantasias femininas. Não só as sexuais, mas as de poder também. Queria contar a jornada de uma mulher que tivesse se prendido a vida toda, até resolver dar um basta e, sem temer as consequências, enfrentar a sociedade que a reprime”

O livro conta a história de Amarílis, uma jovem tecelã que vive em uma cidade sob o domínio da República, que proíbe o uso da magia. Depois de anos reprimindo o próprio poder, ela faz um pacto com um demônio para conseguir vingar sua mãe. “O demônio é uma metáfora dessa sedução do lado ruim que todo mundo carrega dentro de si e que as mulheres são ensinadas a ocultar desde criança”, explica.

Formada em Ciências da Computação, Fernanda Castro trabalhava como programadora antes de abraçar a literatura como algo além de uma paixão. Começou criando um blog para falar dos livros que lia e, aos poucos, foi se inteirando sobre o mercado editorial. “Minhas primeiras publicações foram em revistas independentes, que considero como grandes escolas”, conta a autora, que tem publicados ainda os livros “Lágrimas de Carne” e “O Fantasma de Cora”.

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