Fernanda Montenegro é eleita para cadeira da Academia Brasileira de Letras
Atriz ocupará a Cadeira 17, na sucessão do Acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, falecido no dia 15 de março de 2020
A atriz Fernanda Montenegro foi eleita, com 32 votos nesta quinta-feira (4), para ser a nova ocupante da Cadeira 17, na sucessão do Acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, falecido no dia 15 de março de 2020.
Os ocupantes anteriores da cadeira 17 foram: Sílvio Romero (fundador) – que escolheu como patrono Hipólito da Costa –, Osório Duque-Estrada, Roquette-Pinto, Álvaro Lins e Antonio Houaiss.
“Fernanda Montenegro é um dos grandes ícones da cultura brasileira. Intelectual engajada e sensível leitora do real. Sua presença enriquece os laços profundos da Academia com as artes cênicas. Com ela, adentram, luminosos, tantos, personagens, que marcaram gerações, passado, presente e futuro”, declarou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.
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Trajetória
Fernanda Montenegro nasceu em 16 de outubro de 1929, no bairro do Campinho, Zona Norte do Rio de Janeiro. Pisou em um palco, pela primeira vez, aos oito anos de idade para participar de uma peça na igreja. Mas sua estreia oficial no teatro ocorreu em dezembro de 1950, ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo 3.200 Metros de Altitude, de Julian Luchaire.
Na Tupi, participou, por dois anos, de cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro. Ganhou o prêmio de Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu trabalho em Está Lá Fora um Inspetor, de J.B. Priestley, e Loucuras do Imperador, de Paulo Magalhães. Mudou-se para São Paulo em 1954, onde fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Com o marido, formou sua própria companhia, o Teatro dos Sete – acompanhada também de Sergio Britto, Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto de Almeida. A estreia da Companhia fez sucesso: O Mambembe (1959), de Artur Azevedo, atraiu centenas de espectadores ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1963, estreou na TV Rio, com as novelas Amor Não é Amor e A Morta sem Espelho, ambas de Nelson Rodrigues. Na recém-criada TV Globo, nesse período, fez participação na série de teleteatro 4 no Teatro (1965), dirigida por Sérgio Britto. Em 1967 também integrou o elenco da TV Excelsior: interpretou a personagem Lisa, em Redenção, de Raimundo Lopes.
Ao longo da carreira, a atriz participou também de minisséries como Riacho Doce (1990), Incidente em Antares (1994), O Auto da Compadecida (1999) e Hoje é Dia de Maria (2005). No caso da minissérie baseada na obra do Acadêmico Ariano Suassuna, Fernanda Montenegro viveu a própria Compadecida.
Em 1999, Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”. Na época, uma exposição realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, comemorou os 50 anos de carreira da atriz. Em 2004, aos 75 anos, recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova York, por sua atuação em O Outro Lado da Rua, de Marcos Bernstein. (Fonte: ABL)