Fernanda Torres responde: E o Oscar, vai vingar a sua mãe?
Desde que passou a figurar em várias listas de apostas para o Oscar 2025 pela atuação em "Ainda estou aqui", a atriz não para de ouvir essa pergunta: 'Não quero que termine com um 'ah, perdeu'", diz
Escolhido para representar o Brasil no Oscar 2025, "Ainda estou aqui", filme de Walter Salles que estreia nos cinemas na próxima quinta-feira (7), pode render à sua protagonista a indicação de melhor atriz na maior premiação Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) de Hollywood.
O nome de Fernanda Torres figura na lista dos maiores especialistas no Oscar. A atriz teve a atuação classificada como "deslumbrante", "soberba" e "profundamente pungente" por críticos dos "The New York Times", "Variety", entre outros.
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Ela, inclusive, conquistou o troféu de melhor atriz de filme internacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos. O filme, por sua vez, ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza. Também foi eleito o melhor filme pelo público da Mostra de São Paulo, e do Festival Internacional de Cinema de Vancouver.
Com muitas fichas apostadas na atriz, surgiu a pergunta que não quer calar: Fernanda vai vingar sua mãe, Fernanda Montenegro, que foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 1999, por Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles? Na ocasião, dona Fernanda perdeu para Gwyneth Paltrow por "Shakespeare Apaixonado", e revoltou diversos brasileiros.
Fernanda, a filha, conversou com OGLOBO sobre o assunto:
Ainda aguenta ouvir a pergunta: "E o Oscar, vai vingar a sua mãe?"
Acho bonito. "Ainda estou aqui" despertou de novo nas pessoas um certo orgulho nacional. O Brasil vive o amor e o ódio ao cinema brasileiro. Há ondas de amor incondicional e de desprezo. Filmes do Karim (Aïnouz), do Kleber (Mendonça) estão em festivais, sendo premiados. Walter é um cineasta do mundo, que veio com um filme pessoal, maduro, lindo. Estão apostando na gente como possibilidade, é natural que se crie isso.
Mas tratou de baixar as expectativas das pessoas...
Tento explicar o tamanho do filme. Porque a pior coisa é uma decepção num filme deslumbrante, que já está ocupando espaços importantes. Plateias de várias nacionalidades ficam emocionadas. É uma comoção, como se as pessoas sentissem algo que não costumam sentir em cinema. Pela forma honesta que Walter fez a história da Eunice, sem melodrama.
E com relação à mamãe, só de ter sido nomeada falando português é incrível, é furar uma bolha muito grande. Este ano, tem performances extraordinárias de atriz. Tive a chance de ver Tilda Swinton, maravilhosa, no filme Almodóvar, a Marianne de Jean-Baptiste, no filme do Mike Leigh, é assombrosa. Não vi a Angelina (Jolie) ainda nem Nicole (Kidman). Ou seja, de atriz está engarrafado...
Em entrevista no ano passado, você me disse: "Sou uma pessimista profissional". Que prefere achar que vai dar errado, e, se der certo, é lucro. Esse é o espírito para lidar com as indicações?
Sempre. É com ele que lido. Tantas coisas envolvem uma premiação. Às vezes, é justa, às vezes, não é. Esse filme é um divisor de águas na minha vida, sou uma atriz diferente depois de ter feito a Eunice, experimentado os sentimentos que experimentei, voltar a filmar com o Walter (com quem rodou "Terra Estrangeira, em 1995), trabalhar num registro que há muito não vinha trabalhando. Não quero que isso termine com um "ah, perdeu". Me recuso! E trabalho sinceramente por isso.