Fernando Duarte e Alex Mono colocam álbum 'Outros Frevos' em audição
Disco de 10 faixas inéditas será apreciado na loja Passa Disco, nesta terça-feira (21), a partir das 18h, com entrada franca
A trajetória de Fernando Duarte como gestor cultural - em especial, sua passagem como Secretário de Cultura e presidente da Fundação de Cultura - e sua produção de artista visual já são bastante conhecidas do público pernambucano. Um lado que apenas recentemente ele vem apresentando é sua verve de compositor de frevo. O terceiro trabalho reunindo frevos de sua autoria, o álbum 'Outros frevos', coproduzido com o músico e produtor Alex Mono e o selo MidiOut, terá uma audição especial de lançamento, nesta terça-feira (20), a partir das 18h, na loja Passa Disco, na Rua da Hora, 345, bairro do Espinheiro.
O primeiro disco do gênero lançado em 2019 por Fernando Duarte, "Um frevo impossível", contou com arranjos do tecladista e produtor Felipe Maia e participação de vários cantores e convidados, entre eles, o próprio Alex Mono, que gravou e produziu a faixa "Não tem saudade", a primeira parceria musical entre os dois. Em seguida, Fernando lançou o EP "Mais frevos impossíveis", com participação do duo Henrique Albino e Surama Ramos. E a gaveta de frevos de Fernando parece não ter fim. Além do lançamento de "Outros Frevos", ele já está produzindo o próximo trabalho, o disco "Um frevo impossível II", novamente com produção do tecladista e produtor Felipe Maia.
No evento de audição de "Outros frevos", Fernando e Alex Mono vão promover uma conversa sobre as possibilidades desse gênero que desde 2012 é considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. "Vai ser uma audição especial. A ideia é também discutir com as pessoas sobre essa questão da linguagem do frevo. Porque cria-se uma expectativa de que a gente faça frevo como ele é, mas a gente sabe que o frevo esteve o tempo todo se transformando", explica Alex Mono, que no disco assina em parceria com Fernando a faixa "Essa é a opinião de um bloco", além da produção musical, arranjos e direção artística. Alex também gravou guitarras, violões, samples e midi, elementos do universo sonoro eletroacústico que ele emprestou ao álbum.
De brincante a compositor de frevo
"Eu fiz uns frevos na década de 1990, brincando com meus filhos e sobrinhos. Aí meu sogro, que é uma pessoa que gosta e entende muito de música, gostou. Então me senti entusiasmado e comecei a compor com ideias simples", lembra Fernando, que criou um método próprio de compor. "Normalmente me vem a música junto com a letra e depois eu complemento e vou ver as variações musicais. Eu não toco nenhum instrumento, portanto, são composições que eu gravo cantando. Comecei gravando num gravadorzinho de fita e depois passei para um gravador digital e agora no celular", conta.
O artista aprimorou seu estilo de compor ouvindo e estudando os mestres da música brasileira e do jazz norte-americano. "Eu ouvi muita coisa, é uma coisa que eu adoro. Na minha família ninguém toca instrumento, mas minha mãe cantava e gostava muito de música. E também na adolescencia fui de encontro à música como arte, para apreciar, estudar, ler e curtir muito, principalmente a grande época da MPB, para ter esse background. Depois, mais tarde, entrei em contato com o jazz, que foi outra coisa apaixonante para mim", lembra Fernando, citando como grandes influências nomes como Billy Hollyday, Louis Amstrong, Charlie Parker, Charlie Mingos, Miles Davis, Contrane e Tellonius Monk.
Se depender do seu acervo de composições acumuladas, o artista promete continuar lançando discos por muito tempo. "Eu tenho muitos frevos. Tanto em 2019 como em 2020 e 2021 eu fiz muitas músicas, muitas mesmo. Uma coisa absurda assim, sabe? No processo do disco de 2019 fui aprendendpo como é que fica a música com a vestimenta, arranjos e modificação de ritmos", explica.
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"Outros frevos": espaço para experimentações
O álbum foi todo gravado por Fennando Duarte e Alex Mono entre fevereiro a novembro de 2021, de forma remota, em razão da pandemia. Para produzir as 10 faixas, Fernando e Alex trocaram experiências e vivências que resultaram em um trabalho bastante original.
"O destaque pra mim de "Outros Frevos "é que eu conheço Alex há muitos anos e já ouvi bastante a música dele. Quando ele gravou, em 2019, uma música do meu disco Frevo Impossível, percebi a pegada eletrônica. Ele foi harmozinar umas músicas minhas e ficou tão bom o resultado que eu disse: 'mas rapaz, que arretado!' Aí a gente teve a ideia em conjunto de fazer um disco. A partir daí ele veio com toda essa carga de música eletroacústica, da pesquisa, da erudição e do estudo, pois ele é um cara que pratica, é guitarrista, tem toda uma bagagem. Ele veio com tudo isso e foi arranjando, de forma mais simples. E eu fui estudando também música eletrônica", destaca.
A parceria musical aprofundou a antiga amizade e criou novas referência em ambos. "Ele me mostrou muita coisa e a gente foi junto fazendo essa pesquisa e foi surpreendente pra mim. O principal mesmo é que é muito bom trabalhar com Alex Mono. Uma pessoa delicadíssima, atenta, que conversa e escuta", elogia Fernando.
"Fernando foi gestor, secretário de Cultura, presidente da Fundação de Cultura e nessa época a a gente já dialogava muito. Eu já percebia essa preocupação dele em relação à linguagejm do frevo, da sua transformação e de saber que o frevo é um campo de invenção. O que me motivou muito a fazer esse trabalho foi tanto a carga das letras e as melodias e harmonizas que ele sugere, que não são tão simples. Isso me motivou a criar arranjo, gravar e cantar essas músicas como se fossem minhas", brinca Alex.
"Outros frevos" ainda conta com participações do paraibano Escurinho e do músico de Nazaré da Mata João Paulo Rosas, que gravaram vozes nas faixas "Não vai ter frevo em 2021" e "Marco Zero", respectivamente.