Festival de Veneza premia atuação ousada de Nicole Kidman em filme de alta voltagem erótica
Aos 57 anos, estrela recebe prêmio de Melhor Atriz por "Babygirl", em que vive magnata que se relaciona com jovem estagiário
Um dos rostos mais conhecidos de Hollywood desde a década de 1990, Nicole Kidman desafiou o tempo para ganhar o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Veneza, neste sábado (7), quebrando sua imagem glamorosa em "Babygirl", um thriller erótico da nova geração.
Kidman não conseguiu receber seu prêmio, pois sua mãe, Janelle Kidman, acabara de falecer.
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"Ao chegar a Veneza, soube da morte de minha mãe, Janelle Kidman. Estou chocada e preciso me reunir com minha família. Este prêmio é para ela", leu emocionada a diretora do filme, Halina Reijn.
Um papel arriscado
Aos 57 anos, a atriz de “De Olhos Bem Fechados” (1999) e “Moulin Rouge” (2001) se expõe como raramente em “Babygirl”, em que interpreta uma magnata da tecnologia em Nova York que mantém um relacionamento apaixonado com um jovem estagiário.
Poucas estrelas de sua fama se atrevem a aparecer de quatro lambendo um copo de leite num jogo de submissão, nua, de costas, ou aplicando injeções de Botox.
“É um filme sobre desejo, prazer, falhas internas, segredo, casamento, verdade, poder e consentimento”, resumiu a artista australiano-americana.
Atriz que não tem medo de se transformar, Kidman foi recentemente a icônica comediante Lucille Ball no filme “Being the Ricardos”, ao lado de Antonio Banderas.
Seu desempenho lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz em 2022, embora não tenha conseguido ganhar uma segunda estatueta, depois de ter vencido em 2003 por sua interpretação da escritora britânica Virginia Woolf em “As Horas”.
Para interpretar essa romancista atormentada, Nicole Kidman leu toda a sua obra, até imitando sua escrita em "Mrs. Dalloway", o romance que serve de fio condutor no filme de Stephen Daldry. Esse papel exigia que a atriz escondesse seus cachos ruivos sob uma peruca fosca e ficasse feia com um nariz falso.
Reinvenção
A reinvenção é a marca registrada da atriz, que continua essencial em uma indústria implacável com as mulheres com mais de 40 anos.
Ela abandonou o ensino médio para se dedicar à carreira e logo ingressou na elite de Hollywood graças a filmes juvenis como “BMX Bandits” (1983).
Também se aventurou no cinema independente, como em 1995 com “Everything for a Dream”, de Gus Van Sant, ou em 1999, com “Eyes Wide Shut”, de Stanley Kubrick.
Nicole Kidman também tem sido atraída pelo mundo das séries, tendo sido recentemente aplaudida pelos seus papéis em “Top of the Lake: China Girl” de Jane Campion, “Big Little Lies” ou “The Undoing” com Hugh Grant (duas obras pelas quais também é produtor).
Nascida em 20 de junho de 1967 em Honolulu, no Havaí, Nicole Mary Kidman passou a infância na Austrália e se apaixonou pela dança.
Aos 16 anos participou de um filme de sucesso para a televisão australiana, antes de começar a aparecer na telinha e encontrar seu primeiro papel no cinema no thriller “Total Calm” (1989).
Ela quase não tem diálogos, mas sua presença é tão eloqüente que, após ver o filme, Tom Cruise a escolhe como sua parceira em “Dias de Trovão” (1990).
A atriz tinha 22 anos. É o início de uma relação marcada por um casamento e duas adoções, que terminaria dez anos depois num notório divórcio.
Em 2006 ela se casou com o músico country neozelandês Keith Urban, com quem tem duas filhas.
Em 2002, ela foi indicada ao primeiro Oscar de melhor atriz por seu papel em “Moulin Rouge” e foi indicada novamente em 2011 por “Toca do Coelho”.