Dança

Festival Vogue Fever Recife chega ao virtual a partir desta quarta

Programação gratuita traz o melhor do vogue internacional ao Recife

Edson Vogue, um dos participantes do eventoEdson Vogue, um dos participantes do evento - Foto: Arthur Diniz

Poucos artistas incorporam tão bem sua arte à identidade. E Edson Vogue incorpora a dança homônima no nome. Transitando sua pesquisa entre o voguing, frevo e o balé clássico, o dançarino faz uma simbiose perfeita entre as expressões norte-americana e pernambucana. Ele é um dos destaques da programação do Vogue Fever Recife - Festival Internacional de Vogue, que estreia hoje e vai até o domingo (22), com oficinas, shows e uma competição online com participantes de todo o Brasil. 

O festival, que tem como premissa ser um evento ser inclusivo e democrático, surgiu das ruas, mas com a pandemia será virtual. Com edições desde 2018, Vogue Fever Recife surgiu através de uma parceria do Coquetel Molotov com o Trio Lipstick que organiza desde 2015 o BH Vogue Fever na capital mineira - considerado o primeiro internacional do País.

Segunda edição virtual

Em uma cena relativamente nova, o festival recifense ressurge em sua segunda edição para fortalecê-la. Desta vez, o Vogue Fever conta com apoio do Funcultura e realização da Coda Produções e Trio Lipstick. Toda a programação é gratuita e acontece on-line com inscrições no endereço coquetelmolotov.com.br. A partir do link, participantes podem enviar seus vídeos para participaram de uma competição virtual, em um júri composto por Edson Vogue (PE), Fênix Negra 007 (AL), Pioneira Mãe Yagaga Kengaral (CE), Legendary Prada 007 (PA) e Mother Tanesa Cabal (RJ).

Batalhas serão digitais

As batalhas (balls) serão realizadas de forma integralmente digital. A partir dos vídeos enviados, o júri assistirá todas as performances enviadas e selecionará as oito melhores performances para participarem das próximas etapas. Após a divulgação das selecionadas, será realizado um sorteio para a definição das chaves de batalha. A competição será realizada num “mata-mata”, com final previsto para este domingo (22).

Pioneiro no Recife

Se o vogue chegou tão forte na Cidade, Edson Vogue Guerreiras tem um papel fundamental nesse processo. “Enquanto pernambucano, ALGBTTIQ+, negro e periférico, pretendo produzir debates em forma de dança e propor o “fazer corpo”, buscando uma discussão mais ampla sobre os estigmas que recaem nos corpos pretos e de diáspora. Propor também uma reflexão sobre os lugares ocupados pelas pessoas negras e ALGBTTIQ+ nos espaços de poder e fala, a partir da minha vivência e esse lugar é difícil até hoje, mas sempre importante”, conta o artista.

Edson tem uma das particularidades, em unir o frevo com o vogue, de dois lugares distintos - mas que se unem nas mãos que os produzem. “Minha pesquisa se deu inicialmente pelo corpo em sentido externo e estético; o que se assemelhava visualmente eu pensava em encaixar, ou seja, um processo de colagem. Nesse processo, eu pude perceber as semelhanças entre as bases organizacionais do frevo e do voguing, por se tratarem de duas danças urbanas feitas por pessoas pretas e latinas em contextos de reafirmação da identidade e de resistência em épocas distintas”, afirma.

O vogue surgiu como um lugar de resistência. Lá nos 1960, as ballrooms efervesciam com negros e latinos gays, drag queens e transexuais em comunidades da periferia de Nova York, nos Estados Unidos. A expressão ficou muito famosa com a música homônima de Madonna, de 1990. Hoje, o vogue está presente em diversas referências na cultura pop - resistindo e levantando vozes das pessoas que o criaram.

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