Filho de Cid Moreira diz que sofreu abusos sexuais; advogado do apresentador nega
O cabeleireiro relembrou dos anos que morou com o antigo âncora do Jornal Nacional
O filho adotivo de Cid Moreira, Roger Felipe Naumtchyk comentou como era a relação conturbada que tinha com o pai, que morreu na última semana aos 97 anos. O cabeleireiro relembrou dos anos que morou com o antigo âncora do Jornal Nacional e o acusou de abuso sexual em entrevista à Veja.
"Vim para o Rio em 1990 a passeio, tinha 14 anos. Cid era casado com uma tia minha. Já o conhecia há anos, ele ia lá no Rio Grande do Sul visitar minha família. Em 1990, quiseram me levar para ficar uns dias, passar uma semana. Só que ele gostou de mim e quis que trabalhasse como seu secretário. Naquele momento, para minha família de situação humilde, parecia uma grande oportunidade. Ainda mais ele sendo uma pessoa importante. Depois de uns dois meses morando com ele, voltando para dentro de casa, me deparei com ele fora da sauna completamente nu. Aquela situação me deixou em choque, a gente está falando em 1990", começou.
Roger explicou que era ingênuo e não entendia o que estava acontecendo. "Ele começou a dar uns gritos na sauna e desci correndo, achei que ele tivesse se machucado. E aí vi que ele estava se masturbando. Depois descobri que aquilo era corriqueiro, todos os funcionários ouviram. Algum tempo depois, comecei a fazer a sauna com ele a seu pedido. Era 24 horas com ele", explicou.
Até que certo dia, os abusos começaram a piorar. "Nessas saunas, ele pediu para que eu passasse a ajudá-lo na masturbação. Nessa época, para mim, aquilo não era estupro ou assédio. Não considerava um abuso, nem imaginava o que era aquilo. Só agora, mais recente, entendi que fui abusado. Um tipo de estupro", completou.
"[Acontecia] Às vezes três vezes por semana, às vezes a semana passava e não acontecia nada, às vezes acontecia quatro vezes por semana. A gente sempre ficava no mesmo quarto (de hotel). E nunca iam desconfiar. Se o filho é teu, é normal. Agora, se ficar no quarto com um garoto de 15 anos, pode gerar uma desconfiança. Era assim", continuou.
Apesar de tudo, ele disse que não guarda mágoa e que esse é um assunto encerrado. "Não é algo que alimento com ódio. As pessoas falam: 'você tem ódio dele, porque ele era abusador?' Não, não tenho ódio".
A reportagem do Estadão entrou em contato com o advogado para falar sobre essas acusações, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Em nota enviada ao jornal na semana passada, o advogado de defesa de Cid, Davi de Souza Saldaño, comentou as acusações de Roger sobre o pai.
"Não obstante, Roger Moreira, em nova tentativa de desestabilizar a imagem de seu pai adotivo, formulou uma grave acusação no final do ano de 2023, e outra em meados do ano corrente, afirmando que havia sido vítima de abusos sexuais praticados por ele, enquanto ainda possuía 14 anos, por mais de 1.400 vezes, e requereu a prisão da pessoa que hoje, após sua morte, diz 'amar'.
"Após análise atenta das provas e argumentos apresentados por ele, o Judiciário rejeitou a acusação e determinou a extração de cópia com remessa ao Ministério Público, para a devida apuração de possível prática de denunciação caluniosa por parte de Roger, procedimento que se encontra, atualmente, em tramitação perante a 2ª Promotoria de Investigação Penal da Barra da Tijuca".
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Briga por herança
Roger é sobrinho de Ulhiana Naumtchyk Moreira, ex-mulher de Cid. Ele foi adotado pelo jornalista, mas, no final do ano de 2023, afirmou que havia sido vítima de abusos sexuais praticados pelo pai, aos 14 anos, por mais de 1.400 vezes.
A acusação foi rejeitada pela Justiça, que remeteu o caso ao Ministério Público para a devida apuração de possível prática de denunciação caluniosa por parte de Roger. O procedimento se encontra atualmente em tramitação na 2ª Promotoria de Investigação Penal da Barra da Tijuca.
Com relação ao testamento, o outro filho de Cid, Rodrigo, também entrou com um pedido de abertura do inventário do pai. A informação foi confirmada pelo advogado de ambos, Ângelo Carbone, ao Estadão.
Davi de Souza Saldaño, advogado de Fátima Sampaio, chamou de "ações infundadas" os embates promovidos pelos filhos do apresentador e afirma que ambos foram acusados pelo Ministério Público pela prática de "denunciação caluniosa".