Audiovisual
Filme "Semente: Mulheres Pretas no Poder" tem estreia online e gratuita
Dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, o filme mostra mulheres pretas que responderam ao brutal assassinato da vereadora Marielle Franco com ações políticas
No próximo dia 7 de setembro, o filme “Sementes: Mulheres Pretas no Poder”, dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, fará sua estreia online e poderá ser visto gratuitamente através do site embaubafilmes.com.br.
O filme acompanha, escuta e revela quem são algumas das mulheres pretas na política do Brasil, que emergiram após o brutal assassinato de Marielle Franco.
Em um país com a menor representação parlamentar feminina na América do Sul e com menos de 10% de cadeiras, existentes na câmara dos deputados, ocupadas por mulheres, a resposta politica ao assassinato de Marielle Franco significou candidatar-se a cargos de deputadas federal e estadual nas eleições de 2018, disputar o espaço da política institucional do qual Marielle foi brutalmente arrancada.
Assassinada brutalmente, Marielle Franco levantou milhões de brasileiros a saírem às ruas, em todo país e no resto do mundo, para cobrar justiça e uma resposta que até hoje não temos: quem mandou matar Marielle Franco? A morte de Marielle fomentou uma série de candidaturas, em sua maioria de mulheres pretas e periféricas como ela, que vieram em forma de organização política aos cargos de deputada federal e estadual nas eleições de 2018. Houve um aumento de 93% em candidaturas autodeclaradas pretas em 2018.
“SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER” foi rodado no Rio de Janeiro, durante o primeiro turno das eleições de 2018 no Brasil, acompanhando seis candidatas: Mônica Francisco, Renata Souza, Talíria Petrone, Rose Cipriano, Tainá de Paula e Jaqueline Gomes para desvendar como é o processo de construção dessas mulheres como figuras políticas, como driblam as dificuldades financeiras e trazem de volta às urnas eleitores desacreditados que desistiram do voto.
Realizado com baixo orçamento, o filme conta com mulheres pretas na direção, roteiro, direção de fotografia e trilha sonora, traz um olhar diverso dessas mulheres, assim como as retratadas em frente às câmeras. Inclusive, equipe do filme é majoritariamente feminina e com paridade entre mulheres brancas e pretas. “Sementes: Mulheres no Poder” é o primeiro longa da co-diretora Éthel Oliveira, da fotógrafa Marina Alves e da roteirista Lumena Aleluia. E procura trazer um cinema fundado em outras perspectivas e olhares de mundo.
“SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER” nasce do desejo de contar como a barbárie da morte de Marielle Franco se transformou no maior levante político conduzido por mulheres negras que esse país já viu e nasce também, com o objetivo de quebrar, de certa forma, uma cultura no audiovisual, e mostrar uma história sobre lideranças negras, contadas por profissionais negras.
AS PERSONAGENS
MÔNICA FRANCISCO, 48 anos
Ex- assessora de Marielle Franco, é pastora evangélica e militante do movimento de favelas no Rio de Janeiro. Se define como “mulher, negra e defensora da Comunicação Comunitária e Popular”. Durante muitos anos atuou no Movimento de Rádios Comunitárias e é fundadora da Rede de Instituições do Borel e do Grupo Arteiras. Integrou a equipe da Mandata da vereadora Marielle Franco na equipe de Favelas. É natural do Morro do Borel, está filiada ao PSOL RJ e foi eleita deputada estadual em 2018 com 40.631 votos.
ROSE CIPRIANO, 45 anos
É professora da rede municipal de Duque de Caxias. Nascida na Vila Cruzeiro e criada na Figueira, comunidades icônicas do Rio de Janeiro, ingressa no Instituto de Educação Roberto Silveira em 1989. Se gradua em Matemática e se especializa em educação especial. Na juventude, atuou na Pastoral do Negro, em São João de Meriti e Caxias, e no PVNC (Pré-Vestibular para Negros e Carentes). Foi professora da rede estadual entre 1992 e 1996 e desde 1997 ensina na rede municipal de Duque de Caxias mesclando suas atividades com as do SEPE-Caxias, órgão do qual faz parte desde 2006. Esse é o lugar e o olhar de Rose: a periferia, a luta das mulheres e dos negros e negras, a educação pública e de qualidade para todos. Foi candidata a deputada estadual pelo PSOL-RJ, obteve 17.483 votos em 2018.
TAINÁ DE PAULA, 35 anos
É arquiteta e urbanista, ativista feminista, atua nas áreas de habitação popular, planejamento urbano e arquitetura pública. Coordenadora Regional da Plataforma Brasil Cidades, integrante da Comissão para a Equidade de Gênero no CAU/RJ e presta assistência técnica para o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) do Rio de Janeiro. Integra os coletivos #partidA Feminista e Intelectuais Negras Zacimba Gaba. Tainá de Paula foi candidata a deputada estadual pelo PcdoB em 2018, obtendo um pouco mais que 8500 votos.
JAQUELINE GOMES, 40 anos
Jaqueline é mulher negra e a primeira trans a ser candidata pelo Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro a uma vaga na câmara legislativa no Rio de Janeiro. Jaque também é professora na Baixada Fluminense, pesquisadora, comprometida com os direitos humanos e a luta contra o racismo, o machismo, as LGBTfobias e quaisquer outras intolerâncias. Sua bandeira é construir um mandato coletivo a serviço da justiça, da educação pública, dos direitos das mulheres, da igualdade e da efetiva valorização da diversidade. Reconhecendo sua trajetória única, a vereadora Marielle Franco lhe concedeu a Medalha Chiquinha Gonzaga em 2017. Jaqueline foi candidata a deputada estadual pelo PT RJ, obtendo um pouco mais que 2200 votos.
RENATA SOUZA, 36 anos
Jornalista e cria da Maré, foi eleita como deputada estadual com mais de 60.000 votos. Renata se define como mulher, negra e feminista. Parceira de Marielle Franco desde 2000, quando se conheceram no Censo da Maré, pré vestibular comunitário frequentado por ambas. Pós-doutoranda em Comunicação pela UFF, Renata atua desde 2006 na política institucional, quando junto com Marielle, compôs a comissão de direitos humanos da ALERJ, presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo. Desde então, a pauta da Segurança Pública é central em suas ações, seja na militância nos movimentos sociais, na política partidária e também na universidade. Renata já conhece a máquina do estado por dentro e teve uma base partidária mais sólida para sua candidatura. Em 2018, foi eleita deputada estadual pelo PSOL RJ e desde o princípio do seu mandato preside a comissão de direitos humanos da ALERJ, colidindo de frente com a política de segurança do governador Wilson Witzel.
TALÍRIA PETRONE, 33 anos
Eleita deputada federal, em 2018, com mais de 100.000 votos, havia sido a vereadora mais votada, em Niterói, em 2016. Desde o início de seu mandato Talíria enfrenta ameaças e a intolerância, principalmente nas redes sociais. Mensagens de ódio, recobertas de violência como “tem que voltar pra senzala”, “tem que meter uma bala na cara” são constantes nas redes sociais da, hoje, deputada. Talíria enfrentou a animosidade de vereadores da Câmara de Niterói, onde diariamente, precisou responder aos insultos e atos de intolerância cometidos por seus “colegas de trabalho”. Desde a execução de Marielle vive sob escolta policial, só se locomovendo em carro blindado. Diz que a única resposta possível a tudo isso é seguir firme e em frente na luta e na política, disputando ainda mais estes territórios institucionais. “Não vão nos calar!” reafirma.
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