Fora da final do 'The Voice', Diva Menner comemora carinho do público: 'Me sinto vencedora'
Primeira mulher trans no reality musical, cantora recifense já prepara projetos artísticos para o futuro
A atual temporada do “The Voice Brasil” chega ao fim na noite desta quinta-feira (17). Uma das participantes mais marcantes desta edição, a recifense Diva Menner, de 36 anos, não estará no palco, já que foi desclassificada na penúltima fase do programa. Apesar da eliminação, a cantora diz que se sente como finalista.
“Digo que cheguei sim na final, porque o Brasil me colocou lá. Já me sinto vencedora por isso”, afirma a artista, em entrevista à Folha de Pernambuco. De fato, Diva foi a mais votada entre os integrantes do time Iza, na última terça-feira (15), com 35% dos votos de casa. Por causa dos 20 pontos cedidos pela mentora, no entanto, quem acabou sendo classificado para a próxima fase foi o fluminense Victor Alves.
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Nas redes sociais, muitos espectadores criticaram a escolha feita pela jurada. Diva já havia conquistado a preferência do público ao ser escolhida para a semifinal. Na ocasião, quando cantou “A carne”, iniciou a apresentação demarcando sua representatividade no programa com a frase: “Desembarcar nesse século e ser uma mulher trans e preta, que fala quando canta”.
Primeira mulher transgênero a entrar para o elenco do reality show musical, a pernambucana afirma se sentir honrada por ter chegado até onde chegou no programa. “Subi ao palco despretensiosamente, esquecendo um pouco da competição e fazendo o que sempre fiz: cantar. A sensação que tenho é de que consegui furar uma bolha, desmistificando uma série de pensamentos negativos que existem sobre pessoas trans. Saber que o povo gostou do meu trabalho e votou em mim foi muito gratificante”, comenta.
Diva chegou a tentar uma vaga para o “The Voice” em 2019 , mas não conseguiu ser escolhida na seletiva regional. No ano seguinte, resolveu tentar novamente e, dessa vez, veio a aprovação. “O programa me deu a oportunidade de mostrar a minha essência, a minha história e, com certeza, mudou minha vida. Voltou para o Recife outra pessoa, com outras ideias e muito mais confiante”, celebra.
Em sua primeira aparição no programa, durante as audições às cegas, a artista cantou “Through The Fire”, de Chaka Khan. A performance fez os quatro jurados virarem as cadeiras.
Carreira
Nascida e criada no Recife, Diva Menner estudou canto lírico no Conservatório Pernambucano de Música e chegou a integrar, ao longo de dez anos, o grupo de garçons cantores do Manhattan Café Theatro. A identidade que hoje ela assume com tanto orgulho, no entanto, só foi revelada ao mundo há seis anos.
“Eu trabalhava com carteira assinada como cantor, coisa rara na noite. Faltava só o principal para me sentir uma artista realizada: ter a certeza de que, se eu botasse para fora a minha alma, as pessoas iriam me aceitar. Então, eu demorei um pouquinho para mostrar para todo mundo que, na verdade, eu sou uma mulher trans. Depois dos 30 anos eu disse para mim mesma: ou sou feliz ou vou viver frustrada o resto da vida, vivendo num corpo que não é meu. Eu tive que adequar meu corpo à minha alma e quando isso aconteceu foi uma mágica na minha vida”, conta.
Segundo Diva, embora algumas portas tenham se fechado após a sua transição, muitas outras foram abertas. “Fui convidada para ser solista na Orquestra de Câmara do Conservatório Pernambucano de Música, cantei no Teatro de Santa Isabel e no Festival de Inverno de Garanhuns. As coisas foram acontecendo de uma forma maravilhosa até chegar o ‘The Voice’”, relata.
Mirando o futuro, a cantora quer primeiramente atender as expectativas e pedidos dos vários fãs que conquistou nos últimos meses. Realizar uma live com sua banda está entre os primeiros projetos. “Estou sendo muito cobrado por um trabalho autoral. Já estamos pensando nisso, planejando repertório. Agora, é hora de arregaçar as mangas e correr atrás”, aponta.