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FOTOBIOGRAFIA

Fotobiografia de Wilson Carneiro da Cunha é lançada na Fundaj

"Do Instantâneo de Rua aos Registros Caseiros" terá distribuição gratuita em formato de e-book

Foto: Acervo Wilson Carneiro da Cunha/Divulgação

Wilson, decerto, não fazia ideia de quem era/se tornaria anos adiante, desde que ocupou a função de um retratista lambe-lambe que perambulava pelo Interior de Pernambuco, despretensiosamente como assistente do fotógrafo austríaco J. Kaltnek em plena década de 1930, aos 17 anos.

A partir de então, o prazer em registrar cotidianos - por vezes simples e dispensáveis para olhares "comuns" - passou a fazer parte dos seus diariamentes, e, aos 24 anos e "casado" com a fotografia, constituiu família, gerou filhos e então o contexto ideal para revelar negativos depois de captar o que o olhar alcançava (e desejava) se tornou memória guardada pelos seus.

Nesta quinta-feira (28), a partir das 18h, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) do Derby, no Recife, as memórias de Wilson Carneiro da Cunha em família e em registros diversos Recife afora se tornarão públicas com o lançamento da fotobiografia "Wilson Carneiro da Cunha: do Instantâneo de Rua aos registros Caseiros". O evento terá tradução simultânea em Libras.
 

Com distribuição gratuita em formato de e-book, a publicação traz mais de 160 imagens e artigos sobre a obra de Wilson e todo o contexto histórico, filosófico e sociocultural em que estão inseridos seus registros.

Exposição
Com o lançamento, haverá também uma exposição com 40 fotos originais de Wilson, além de um bate-papo com a equipe de pesquisa - coordenada por sua neta, a fotógrafa e arte-educadora Bia Lima. Ela divide a curadoria, autoria e rganização da publicação junto à pesquisadora e artista Bruna Rafaella Ferrer.


A pesquisa sobre a trajetória de Wilson, aliás, perdurou por pelo menos dois anos, com mapeamento e sistematização do acervo alimentado por quatro décadas por "Wilson do Kiosque", "Fotógrafo do Recife" ou "O Fotógrafo Ímpar" - nomes pelos quais o retratista era conhecido.

Kiosque do Wilson
O espaço, mantido entre os anos de 1951 e 1983 na Rua Nova, epsecificamente na calçada da igreja de Santo Antônio, no Centro da cidade, tinha como nome "Kiosque do Wilson".

Com o desinteresse das pessoas pelos serviços do Kiosque, Wilson decidiu fechar e vender parte do acervo para a Fundação Joaquim Nabuco, que digitalizou a obra, disponível para consulta na Villa Digital.

Entre os achados da pesquisa, estão os flagrantes costumeira e prazeirozamente feitos por Wilson, ora nas ruas do Recife, ora em casa, quando registrava, por exemplo, poses de animais domésticos ou de crianças dormindo no sofá, mas também de uma pessoa regando as plantas de uma praça pública.

"Descobrimos essa unidade, dos flagrantes. Segundo minha tia (Olegária, filha de Wilson), ele comprava os filmes para fazer o trabalho dos clientes e a sobra usava com a família. Ele saía da rua, mas a rua não saía dele”, conta Bia Lima.

Nessa mesma linha, a pesquisa identificou o gosto de Wilson por produzir fotos em série, também com o protagonismo dos filhos e esposa, tendo como temas a geladeira nova, as capas de revista, a inundação da casa nas famosas enchentes no Recife da década de 1970. “Ele dirigia as cenas, como uma fotonovela”, destaca.

Fascínio pelo cinema
Os artistas de Hollywood e o cinema também eram paixões de Wilson. Evidências de fotos que fazia com a esposa de produções cinematográficas atestam esse lado do fotógrafo.

Em "Retratos Fantasmas", a mais recente produção de Kleber Mendonça Filho, o cartaz que ilustra o documentário tem a assinatura de Wilson.

A imagem traz um registro de um Carnaval recifense, com um grupo de palhaços mascarados na Av. Guararapes, Centro da cidade.
 

“Wilson foi inovador e extremamente criativo. Deixou uma marca para a contemporaneidade que vai além da atuação no campo da Fotografia. Vejo sua contribuição também no campo do Design, da Arquitetura, da Comunicação. A maneira de se comunicar com as pessoas e a identidade visual que ele cria é muito forte. O modus operandi, a forma como ela faz o registro rápido de alguém, depois se aproxima e entrega o comprovante para a pessoa ir buscar a foto revelada no dia seguinte”, define a pesquisadora Bruna Rafaella.

Bruna também vê a contribuição de Wilson e do Kiosque, que também servia como expositor de fotos, na democratização do serviço fotográfico. “Muito se fala da popularização da fotografia com a chegada ao mercado das máquinas mais baratas, mas não era para todo. Muitas pessoas se viram em foto pela primeira vez nas imagens de Wilson expostas no Kiosque”, lembra.

Serviço
Lançamento da fotobiografia de "Wilson Carneiro da Cunha - Do Instantâneio aos Registros Caseiros"

Quando: Quinta-feira (28), a partir das 18h
Onde: Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) - Rua Henrique Dias, 609, Derby

 

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