Fotógrafo americano William Klein morre aos 96 anos
Além de fotografo, Klein foi um grande pintor, cineasta e artista gráfico do século XX
O americano William Klein, um dos fotógrafos mais singulares do século XX graças ao seu olhar sobre as cidades, morreu em Paris aos 96 anos, anunciou seu filho, Pierre Klein, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (12).
Autor de "New York" (1957), uma das grandes obras da história da fotografia, Klein morreu "pacificamente" na noite de sábado, informou seu filho.
Além de fotógrafo, William Klein se destacou como pintor, cineasta e artista gráfico. Em todos estes campos optou sempre pela transgressão e experimentação.
"Fotografava como um boxeador", resumiu Alain Génestar, diretor da revista especializada Polka.
Levou para as ruas a alta costura, retratou duramente os habitantes de sua cidade natal e outras grandes cidades como Roma, Moscou ou Tóquio, e filmou regularmente, ao longo de suas décadas de carreira, documentários e filmes de ficção, como "Mister Freedom" (1968) e "Quem é Polly Maggoo??" (1966).
Klein trabalhou para as grandes revistas de moda e atualidades da segunda metade do século XX, e filmou mais de 250 comerciais.
Mas foi seu estilo direto, com um preto e branco cheio de contrastes e granulação grosseira, que lhe rendeu fama e o levou a colaborar com outros artistas, como os cineastas Federico Fellini e Louis Malle.
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Relação de amor e ódio
Klein nasceu em 19 de abril de 1926, em uma família judia ortodoxa em Nova York. Descobriu a Europa graças ao serviço militar e, em 1946, instalou-se na França, onde conheceu a sua mulher, Jeanne Florin, com quem partilhou a vida até seu falecimento em 2005.
Durante suas aulas de pintura, foi atraído pela arte bruta e pela reutilização de materiais. Mas foi quando comprou uma câmera Rolleiflex que descobriu sua verdadeira vocação.
Klein retornou então à sua cidade natal, com a qual mantinha uma relação de amor e ódio.
Lançou "Life is good and good for you in New York", um livro que desestabilizou o mundo da fotografia por seu estilo caótico, com imagens que preenchiam as páginas, cenários improváveis, em um culto à feiura.
O livro foi publicado na França e ignorado nos Estados Unidos, que vivia sua Era de Ouro e parecia se assustar com aquele olhar sarcástico e austero do "American Dream".
"Minha ideia era fazer uma espécie de tabloide, jornal pesado com layout brutal, grandes manchetes chamativas, tudo que Nova York merecia", explicou Klein.
Fellini se sentiu atraído pelo livro e convidou a Klein para auxilia-lo nas filmagens de "Noites de Cabíria".
Klein aproveitou a oportunidade para fotografar Roma (1959), e logo fez o mesmo com Moscou e Tóqui (1964).
William Klein recebeu, entre outros, o Grande Prêmio Nacional da França, o prêmio Hasselblad na Suécia e um prêmio por toda a sua carreira do Instituto Americano de Artes em Nova York.