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Artes Visuais

Galeria Janete Costa recebe nova exposição de Alice Vinagre

'Trilhas (ou cisco no olho, tampão no ouvido)' abre ao público neste sábado (9)

Exposição de Alice Vinagre na Galeria Janete Costa Exposição de Alice Vinagre na Galeria Janete Costa  - Foto: Robson Lemos/Divulgação

A exposição "Trilhas (ou cisco no olho, tampão no ouvido)", que abre ao público neste sábado (9), das 15h às 19h, lança um olhar panorâmico sobre a pintura produzida por Alice Vinagre. Com uma narrativa visual que perpassa diferentes momentos da carreira da artista plástica, a mostra entra em cartaz na Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.

Radicada no Recife há cerca de 20 anos, a paraibana reúne dentro do espaço expositivo um compilado de 55 obras. A seleção mescla peças já exibidas na cidade, algumas ainda inéditas por aqui e outras especialmente criadas para essa exposição realizada com incentivo do Funcultura. O espanhol Adolfo Montejo Navas é quem assina a curadoria, que vem sendo pensada desde antes da pandemia de Covid-19. 

"Viajei para Recife em janeiro do ano passado, quando construímos juntos a configuração e a morfologia da exposição. A 'prova de fogo' foi esse hiato provocado pela pandemia, mas que teve um lado bom, que foi o fato da Alice ter feito novas pinturas no período de 2021. O escopo conceitual da mostra ficou claro, mas as surpresas vêm, porque é o artista quem cria", aponta Adolfo. 
 

A proposta não é gerar uma retrospectiva, uma vez que o trabalho da artista está em constante movimento. Longe de adotar uma perspectiva cronológica das obras, a mostra é guiada pelo conceito dos quatro elementos (terra, fogo, água e ar), que de alguma maneira estão presentes nas pinturas de Alice. 

"Essa não é uma exposição protocolar. Há uma certa exigência para que quem receba a obra participe de uma forma um pouco mais instigante. As pessoas vão encontrar construções pictóricas que vão além de uma pintura. É uma exposição muito forte, imageticamente e conceitualmente", pontua o curador. 

Para Alice, o período mais crítico da pandemia foi voltado muito mais às reflexões do que à execução de trabalhos. Toda a sua produção artística de 2021 esteve concentrada já neste segundo semestre. São pinturas em lona de grandes dimensões, que estão expostas no mezanino da galeria. 
 

"Meu trabalho é sempre muito pautado no diálogo com o espaço onde eu vou alocar as obras. Comecei a visitar o lugar e vi que as questões conceituais que eu e Adolfo havíamos discutido teriam que ser, em parte, tangenciadas para chegar de maneira que respeitasse a arquitetura do local, que é onipresente. Perdi algumas noites de sono até configurar como seria", conta Alice. 

A presença simbólica dos quatro elementos pode ser percebida nas cores empregadas. "Anotações sobre o Céu", por exemplo, traz o azul e suas nuances em um grupo de 39 pinturas feitas a partir do uso de bastidores. Trata-se de um trabalho produzido em 2005, mas que ainda não havia sido exposto no Recife. 

As obras ainda carregam outras temáticas recorrentes na carreira da pintora, como o femimino, elementos mitológicos e uma certa espiritualidade. "Cada vez fico mais encantado pela singularidade da pintura de Alice, que para mim é um trabalho que corre por fora, criando a sua própria margem", avalia Adolfo. 

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