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"Garota do momento": estreia da Globo traz mulheres que desafiam o Brasil de 1958

Trama de Alessandra Poggi tem Duda Santos como uma professora que se torna garota-propaganda de perfumaria famosa no Rio: 'Conto de fadas para nós, pretas', diz a atriz

Duda Santos protagoniza a trama com a personagem 'Beatriz'Duda Santos protagoniza a trama com a personagem 'Beatriz' - Foto: Instagram/Reprodução

Entre as décadas de 1950 e 1960, a americana Helen Williams rompeu barreiras ao estampar campanhas publicitárias, de Jean Dessès a Christian Dior. Não era comum, naquela época, uma modelo negra como ela ter tanto destaque. Alessandra Poggi, autora de “ Garota do momento”, novela das 18h da TV Globo que estreia hoje, desafia esse paradigma com uma história parecida. A protagonista — Beatriz, vivida por Duda Santos — se torna garota-propaganda de uma famosa perfumaria em pleno Brasil de 1958.

Criada em Petrópolis, Beatriz decide vir ao Rio de Janeiro depois de ver o rosto da mãe na coluna social da revista O Cruzeiro, uma das mais lidas na época. Acreditando que Cecília ( Carol Castro) teria lhe abandonado quando criança, ela parte numa jornada de acerto de contas com seu passado. Chegando na capital, acaba se tornando o rosto da fictícia Perfumaria Carioca.

"Essa novela é um conto de fadas para nós, pretas" diz Duda em entrevista ao GLOBO em um intervalo de gravação nos Estúdios Globo. "Quando mais novas, somos muito preteridas nos lugares que frequentamos. Por mais que em casa seja um lar repleto de autoestima e nossos pais digam que somos lindas, chega lá fora, tudo isso cai por terra. Junto com o público, vou descobrir o que é ser essa 'garota do momento'"

A atriz viverá sua primeira protagonista em uma novela. Afirma que este é um período de descobertas assim como acontece, na trama, com a personagem, que “não conhece o Rio, as paixões, o carnaval. Essas coisas são muito novas para a Beatriz”, diz ela.

E é em um carnaval que a personagem de Duda se encontra pela primeira vez com Beto, interpretado por Pedro Novaes, por quem irá se apaixonar. O jovem jornalista, porém, namora a mimada Bia, vivida por Maisa (que estreia nas novelas da Globo). Assim, está formado o triângulo amoroso.

Confira aqui apresentação especial da novela "Garota do Momento"

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Natalia Grimberg (@nati.grimberg)

Desafios presentes

O enredo focado em mulheres já era algo que Poggi havia feito em sua última novela no horário das 18h, “Além da ilusão” (2022). Para isso, a autora criou narrativas que destacam vítimas de preconceitos no Brasil dos anos 1950. Traz, por exemplo, mulheres desquitadas, mães solteiras, além das campanhas publicitárias estreladas por uma negra (“São mulheres que desafiam a sociedade conservadora”, ela diz).

"Todas as questões relativas àquela época, e que infelizmente ainda vemos algumas nos dias de hoje, tento trazer para a história para gerar uma conversa com o telespectador" explica a autora. "Apesar disso, amo o período no qual nossa história é ambientada. Sou fã de “Grease” (1978) e enredos coloridos. Tentamos reconstruir um mundo alegre, que muita gente não viveu, para passar uma ideia de fantasia para quem assiste"

Independência feminina

Outra personagem que reflete a temática de gênero da época é Lígia, interpretada por Palomma Duarte, uma mulher que não lida bem com a maternidade e deixa os filhos para seguir o sonho de ser cantora. Para ela, se a negação de sua personagem em ser apenas uma dona de casa e a luta pelos seus próprios sonhos fosse mais replicada à realidade, o mundo seria outro.

"Talvez estivéssemos num estágio mais avançado de comportamento, equidade e respeito" reflete.

A ideia é compartilhada por Natália Grimberg, diretora artística da novela, que diz não querer fazer da novela um “documentário” de 1958, apesar das referências históricas à construção de Brasília; a Copa do Mundo, vencida pelo Brasil; e a bossa nova, que conquistava o mundo naquele período.

"Nessa trama, queremos muito resgatar a brasilidade. Claro que tem uma forte influência americana, com o rock, mas não deixa de ter um pouco do Brasil que a gente quer. Não estamos fazendo um documentário. Estamos, sim, questionando: 'E se naquela época já existissem mais garotas do momento na capa das revista, como seria hoje?'"

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