Globo de Ouro 2022 anuncia indicados e fala em mais diversidade
Depois de ser boicotada por Hollywood por não possuir nenhum membro negro entre o júri, evento põe o rapper Snoop Dogg para listar produções do cinema e da TV que concorrem a troféus
Há "transformações em andamento" no Globo de Ouro, afirmou Helen Hoehne, presidente da Hollywood Foreign Press Association (HFPA), responsável pela tradicional premiação, em transmissão ao vivo nesta segunda-feira (13). Não foi por acaso que a organização convocou o rapper Snoop Dogg — um homem negro — para anunciar, nesta manhã, os indicados às categorias do prêmio.
A confirmação da cerimônia de premiação em 2022, que ocorrerá no dia 9 de janeiro, faz ecoar a velha máxima de que, apesar dos pesares, o "show tem que continuar". E não, a pandemia não é a única pedra no meio do caminho do Globo de Ouro. De 2020 pra cá, uma série de escândalos a respeito da baixíssima diversidade entre os membros do júri pôs em xeque a continuidade da tradicional celebração, que elege, desde 1944, as melhores produções televisivas e cinematográficas do ano.
A lista de indicados ao Globo de Ouro 2022 pode ser um recado de que existem, de fato, mudanças em curso. Há nomes mais diversos, de origens distintas, entre as categorias (veja a lista completa abaixo). Entre os filmes, os mais indicados foram "Belfast", do norte-irlandês Kenneth Branagh, e "Ataque de cães", da neozelandesa Jane Campion (do premiado "O piano", de 1993) — a última produção já está disponível, aliás, na Netflix.
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Títulos aguardados não foram esquecidos, como a nova versão de "Amor, sublime amor" assinada por Steven Spielberg; "King Richard: criando campeãs", sobre o pai das campeãs de tênis Venus e Serena Williams; a sátira sobre o aquecimento global "Não olhe para cima"; e "Licorice Pizza", longa-metragem de Paul Thomas Anderson eleito o Filme do Ano pelo National Board of Review Awards.
Pela primeira vez, a categoria Melhor Ator de Filme (Drama), historicamente disputada por artistas brancos, é disputada majoritariamente por homens negros: Mahershala Ali (de "Swan Song"), o favorito Will Smith (de "King Richard: criando campeãs") e Denzel Washington (de "A tragédia de Macbeth") concorrem com Javier Bardem (de"Being the Ricardos") e Benedict Cumberbatch (de "Ataque dos Cães").
Uma investigação publicada pelo Los Angeles Times, em fevereiro, tirou as camadas de brilho que a HFPA se deleitou por décadas. Além das denúncias que indicavam possíveis erros financeiros e ética questionável na definição dos indicados (foi comprovado, por exemplo, que parte do júri, formada por jornalistas estrangeiros, aceitou presentes e viagens de valor elevado por parte de produtores), constatou-se que não havia uma única pessoa negra entre os 87 membros votantes.
Em Hollywood, a indignação foi (e ainda é) geral. A emissora NBC anunciou que não transmitirá o evento em 2022. Publicitários poderosos viraram as costas para o Globo de Ouro. Tom Cruise devolveu seus três troféus. Medalhões de Hollywood aconselharam que o evento retornasse à cena em 2023, só depois de realizar uma reforma substancial em seu quadro. O clamor foi ignorado, e o Globo de Ouro segue de pé, talvez não mais como um primo querido do Oscar, e sim como o tio "sem noção" da indústria de cinema americana, como avaliam especialistas.
Veja lista de indicados: