Golpista do Tinder, israelense é expulso de aplicativo após roubar mais de US$ 10 milhões
Shimon Hayut, que fingia ser filho de um magnata dos diamantes para extorquir mulheres, afirma que dará a própria versão da história: 'É hora de dizer a verdade'
No início, tudo eram flores. Após o "match" no Tinder, o homem convida a mulher para um jantar num hotel de luxo. Ele diz que é filho de um magnata dos diamantes em Israel e lamenta quando descobre que precisará fazer uma inesperada viagem a negócios. Na cena seguinte, os pombinhos dividem um jatinho. E o conto de fadas termina alguns meses depois.
Israelense que deixou seu país de origem em 2011, após ser indiciado por fraude, Shimon Hayut, de 31 anos, é investigado por um complexo esquema criminoso praticado por meio do mais famoso aplicativo de encontros amorosos. Fingindo-se passar por Simon Leviev, herdeiro do magnata Lev Leviev, o rapaz seduzia mulheres e depois dizia que corria perigo. Revelava, então, que estava sendo perseguido por rivais no negócio e pedia para usar o cartão de crédito das moças, por um período curto. Roubou mais de U$ 10 milhões assim.
A história está contada no documentário "O golpista do Tinder", lançado pela Netflix na última semana. Desde a repercussão do caso, revelado por reportagem de um jornal norueguês, o homem foi banido do aplicativo de namoro. "Realizamos investigações internas e podemos confirmar que Simon Leviev não está mais ativo no Tinder sob nenhum de seus pseudônimos conhecidos", ressaltaram representantes do Tinder, na última sexta-feira.
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O homem, que foi preso entre 2015 e 2017 na Finlândia — por aplicar golpes financeiros em três mulheres —, está hoje longe das grades. Em 2019, após ser detido com um passaporte falso na Grécia, o criminoso foi condenado a 15 meses de prisão em Israel, seu país de origem. Ee cumpriu apenas cinco meses da pena devido ao "bom comportamento" e a uma política que visava diminuir a lotação nos presídios em tempos de Covid-19.
Shimon Hayut, aliás, mantém ativo um perfil no Instagram. Na manhã desta segunda-feira (7), o israelense publicou, por meio do Stories, uma mensagem em que avisava que dará a própria versão da história na próxima sexta-feira (11). "Se eu fosse uma fraude, por que agiria na Netflix? Quero dizer, eles deveriam ter me prendido quando ainda estávamos filmando. É hora de as senhoras começarem a dizer a verdade", ele escreveu.
Pouco depois da publicação, também na manhã desta segunda-feira, o israelense fechou seu perfil no Instagram. A conta exibia fotos do criminoso em viagens, restaurantes, hotéis, carros e aviões de luxo.
À revista Variety, a Netflix revelou que pretende transformar o documentário num longa-metragem. O assunto ainda está sendo negociado com produtores.