Gonzaga Leal resgata os palcos noturnos do Recife ao lado de Isadora Melo
Dupla se apresenta nesta quinta (28) em mais uma edição do 'Quinta da Música Popular Pernambucana'
Tomara que se mantenha tênue a linha que separa (e agrega) as tantas linguagens artísticas fortemente arraigadas na cena cultural pernambucana. Que o diga a perenidade dos encantos de um Gonzaga Leal em meio ao fulgor de uma Isadora Melo, que, não por acaso, se reencontram no mesmo palco nesta quinta (29), às 21h, no Café Liberal (av. Marquês de Olinda, 174 - Bairro do Recife), em mais uma edição do projeto “Quinta da Música Popular Pernambucana”, com ingresso a R$ 20.
A noite é direcionada aos "Insones e Intempestivos", nome do espetáculo que tem direção musical de Rafael Marques e compõe uma trilogia permeada pelas saudosas facetas noturnas regadas pela boa música. “Um show que poderia ser em teatro, porque tem concepção cênica, roteiro e direção, moldurado por canções relativas à noite, à dor, ao desassossego e, sobretudo, aos cantores noturnos”, ressalta Gonzaga em conversa com a Folha de Pernambuco.
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Desde sempre envolto por inquietudes, o pernambucano de Serra Talhada, Sertão do Pajeú, retorna à sua "veia noturna" duas décadas depois, imprimindo novos, velhos e sempre memoráveis propósitos de ir além de uma "mera" apresentação, que não hesitará, inclusive, em reavivar dores, desamores e outros tantos sentimentos dilacerantes e pertencentes às boemias. No repertório, entre outros, passagens por Vicente Celestino, Chico Buarque e Amália Rodrigues.
"Um momento muito importante para mim, que me fiz na noite entre palcos significativos do Recife. E só mesmo a Isadora para me trazer a essa dramaturgia”, celebra ele, que segue "movido a paixões e inquietudes" nos palcos do teatro, espaço que ele ressignifica como "lugar sagrado" e que, em novembro, no Santa Isabel, o recebe com o espetáculo "O Concerto de Assobios", recital costurado por teatro, música e textos do poeta Manoel de Barros.
"Nada melhor nestes tempos sombrios do que trazer para a cena a delicadeza, a força e o abraço que a poesia dele nos traz", enaltece Gonzaga Leal. Em março de 2020, o músico entra em estúdio para gravar "Continentes e Ventanias", 13º disco da carreira, também uma celebração aos trinta anos de trajetória.
Para Isadora Melo, "Gonzaga é um amigo querido", com quem, aliás, dividiu as suas pesquisas sobre cantoras do rádio no início de carreira. "Conversava com ele sobre músicas e repertórios que eu não conhecia e ele foi um impulsionador dessa história, e, desde então, a gente se frequenta. Ele é um profundo conhecedor da música brasileira e estou muito feliz em dividir o palco com ele no Liberal", comenta a intérprete, que permanece na estrada em turnê (Viagem ao Coração do Sol), com Cordel do Fogo Encantado. Em paralelo, ela segue na preparação para o seu segundo disco solo, uma produção coletiva junto a Rafael Marques, Lucas dos Prazeres e Henrique Albino.