Teatro

Grupo Magiluth estreia no Recife a montagem "Miró: Estudo Nº 2", nesta terça-feira (9)

Montagem estuda o personagem e reflete sobre a vida e obra do poeta Miró da Muribeca

"Miró: Estudo nº ", do grupo Magiluth, estreia no Recife, nesta terça (9)"Miró: Estudo nº ", do grupo Magiluth, estreia no Recife, nesta terça (9) - Foto: Ashlley Melo / Divulgação

Depois de um longo processo de pesquisa sobre o poeta recifense Miró, o Grupo Magiluth estreia nesta terça-feira (9), no Recife, no Teatro de Santa Isabel, bairro de Santo Antônio, às 20h, a montagem “Miró: Estudo Nº 2”. Com todos os ingressos esgotados, o espetáculo já tem novas sessões programadas para os próximos finais de semana de maio (sábados e domingos 13 e 14, 20 e 21/05), no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, sempre às 19h (ingressos pelo Sympla).

“Miró: Estudo Nº 2” estreou no palco do Itaú Cultural, em São Paulo, no final do mês de abril e agora convida o público da capital pernambucana a mergulhar no universo do poeta da Muribeca, que faleceu em junho do ano passado. “A gente está muito ansioso com essa estreia no Recife e queríamos que fosse no Santa Isabel por causa do tamanho que esse espaço tem. A gente pensava que seria importante trazer Miró para ocupar esse lugar que é tão aclamado e absolutamente respeitado, um lugar de importância dentro do cenário do teatro nacional”, comentou o ator Giordano Castro, membro e um dos fundadores do Magiluth.

Estudo sobre Miró
Desde a ideia inicial de fazer um espetáculo sobre Miró até a estreia, foram anos de indas e vindas de um longo processo de pesquisa e interação com o próprio artista. “Finalmente vamos estrear em Recife esse trabalho que foi pensado há muito tempo. O projeto de fazer um espetáculo a partir da obra de Miró é algo que começou a atravessar o Magiluth já quando a gente se mudou para o edifício Texas (em 2015). Quando a gente se mudou, a gente já conhecia Miró e admirava ele, mas a vivência com ele naquele momento começou a se tornar mais constante”, relata Giordano.

Nessa época, Miró começou saiu do seu bairro de origem, a Muribeca, e já morava no Centro, onde recebia cuidados de saúde. “A gente começou a encontrar muito com ele, seja para tomar café da manhã no Bar de Santa Cruz, durante o dia, ou de noite, tomando uma cerveja. Ele sempre ia ver as apresentações. A gente começou a se aproximar de uma forma muito intensa. E foi quando a gente começou a pensar em realizar esse trabalho”, lembra. 

Processo de montagem
Durante a concepção do projeto, o grupo foi aprimorando a ideia do espetáculo, que passou a se tornar mais concreta a partir de abril do ano passado. “Foi quando a gente sentou para decidir como a íamos trabalhar com a obra dele e com ele. Quando a gente começou esse processo, a gente estava ainda muito embriagado com o que tínhamos feito com o “Estudo nº 1 Morte e Vida”. E aí a gente começou a perceber que esse projeto estava sendo quase que uma continuação daquela pesquisa”, detalha Giordano.

“No “Estudo nº 1 Morte e Vida” a gente pesquisa como fazer uma peça de teatro e aí naturalmente fomos entendendo qual outro elemento a gente poderia colocar dentro dessa nova discussão. E fomos pensando em como fazer um personagem, já que estávamos trabalhando não apenas com a obra de Miró, mas com sua figura.  E isso tudo ganhou mais força quando ele veio a falecer”, conta. Segundo Giordano, a ideia inicial era trazer  Miró para a cena e fazer com que ele se tornasse o personagem para contar sua própria história, mas ele estava muito debilitado pela doença.

Espetáculo do Magilhuth sobre Miró

Personagem em construção
Após a experiência da pandemia de Covid-19, com trabalhos realizados on-line e distante do público, o Magiluth começou a repensar a teatralidade, levando para a cena espetáculos como “estudo”, que transcende a dramaturgia ou o universo literário dos criadores estudados, mas reflete as questões sociais contemporâneas. 

“A peça discute um pouco o próprio processo de construção de uma personagem trazendo o universo de Miró e como conseguimos dar conta das questões dele e da própria cidade, como as questões da  Muribeca. Questões desse homem e da sua obra”.

Sobre Miró
O poeta Miró da Muribeca (1960-2022) nasceu como João Flávio Cordeiro da Silva e ganhou o nome artístico inspirado no jogador de futebol Mirobaldo, dos anos 1970, e na localidade da Muribeca, no município pernambucano de Jaboatão dos Guararapes, onde nasceu.

Importante nome da literatura marginal, tem uma escrita dedicada à temática da periferia de Recife e ao cotidiano da população subalternizada. Sua estreia foi com "Quatro horas e um minuto", poema que compõe seu primeiro livro, "Quem descobriu o azul anil?" (1985), escrito após presenciar uma abordagem policial a um grupo de jovens no centro de Recife.
 
Sua poesia esteve fortemente presente em performances, fosse dentro de teatros, eventos literários ou nas ruas. Tornou-se um cronista da população da cidade de Recife, onde morou até o final da vida, denunciando as condições às quais o povo era submetido.

Miró da Muribeca, cronista e poetaMiró, poeta e cronista recifense | Foto: Arthur de Souza / Folha de Pernambuco

Sobre o Magiluth
Fundado em 2004 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o grupo teatral desenvolve um trabalho continuado de pesquisa e experimentação. É apontado pela crítica e imprensa como um dos mais relevantes grupos teatrais do país. Com nova sede no coração da capital pernambucana, realiza colaborativamente diversas ações nos eixos de pesquisa, criação e formação artística, em constante diálogo com o território em que está inserido.

Possui 11 espetáculos, fundamentados em princípios da criação teatral independente, de realização contínua e com intenso aprofundamento na busca pela qualidade estética. São eles: Corra (2007), Ato (2009), 1 Torto (2010), O Canto de Gregório (2011), Aquilo que o meu olhar guardou para você (2012), Viúva, porém Honesta (2012), Luiz Lua Gonzaga (2012), O ano em que sonhamos perigosamente (2015), Dinamarca (2017), Apenas o Fim do mundo (2019) e Estudo N°1 Morte e Vida (2022).

Em 2020 e 2021, desenvolveu três experimentos sensoriais em confinamento, concebidos especificamente para o momento de suspensão social: Tudo que coube numa VHS (Prêmio APTR de Teatro 2021 - Melhor espetáculo inédito ao vivo), Todas as histórias possíveis e Virá.

SERVIÇO
“Miró: Estudo Nº 2”
Onde e quando: estreia hoje, no Teatro de Santa Isabel (estreia no Recife), às 20h (ingressos esgotados)
Nos próximos finais de semana de maio (13 e 14, 20 e 21 ): Teatro Hermilo Borba Filho 
19h
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada) no Sympla.

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