Há uma década no comando do "Masterchef Brasil", Ana Paula Padrão valoriza mudanças profissionais
Sob o comando de Ana Paula Padrão, a maior competição gastronômica do país reúne números impressionantes
Quando chegou ao comando do “Masterchef Brasil”, Ana Paula Padrão tinha nada ou quase nada para provar profissionalmente. Jornalista de renome, ela havia passado por telejornais, bancadas e emissoras prestigiadas durante sua trajetória no hard news.
Ao longo dos últimos 10 anos à frente do “Masterchef Brasil”, que vai ao ar na Band, ela acredita que se enriqueceu profissionalmente. O talent show de gastronomia, mostrou ser mais que um novo caminho, mas também uma nova maneira de exercer sua tradicional porção jornalista.
“Eu mudei muito. Mas, principalmente, acho que sou uma jornalista melhor hoje após o ‘Masterchef’. Pelo menos, acho que sou uma entrevistadora melhor. Antes, eu fazia bem isso, mas não me envolvia com aquela pessoa que estava entrevistando. Acho que agora a conversa acontece em outro tom. Sem medo de me envolver, criar laços e me emocionar”, aponta.
Sob o comando de Ana Paula Padrão, a maior competição gastronômica do país reúne números impressionantes ao longo de uma década. Foram 40 mil pratos servidos, 20 mil toneladas de alimentos doados e mais de 2 mil competidores. Nos estúdios, Ana Paula ainda tem a companhia dos jurados Erick Jacquin, Helena Rizzo e Henrique Fogaça. “Antigamente, ser cozinheiro estava fora do radar das grandes profissões e hoje isso é visto de um jeito completamente diferente”, ressalta.
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O “Masterchef” está completando 10 anos no ar. Qual a importância desse marco para o talent show?
Com certeza, 10 anos não é pouca coisa. São poucos os realities que ficam no ar todo esse tempo, com relevância e um público tão cativo. Temos espectadores que acompanham fielmente o programa e amam. Criamos bordões. Hoje quem cozinha bem é chamado de masterchef. Então, acho que temos um legado muito bacana nessa década.
Quais são as principais novidades para essa 11ª temporada?
Esses 10 anos mereciam uma edição especial, repleta de referências do próprio programa. Então, vamos voltar às origens do “Masterchef”. Queremos fazer uma temporada bem regionalizada. Trazer muita coisa dessa cozinha variada e rica do Brasil. Temos uma seleção fortíssima de candidatos de várias partes do país.
Queremos mostrar que cozinhar não é mais só uma forma de atender a uma necessidade fisiológica. Depois do “MasterChef”, passou a ser uma entrega de amor para a família. Quanto mais você conhece as técnicas básicas, melhores receitas é capaz de preparar, mais ingredientes consegue manipular e o universo em que você navega passa a ser mais abrangente também. Isso é muito bonito.
Você tem alguma participação na seleção dos participantes?
R – Nós temos uma equipe de culinaristas preparada para realizar toda essa triagem. Não é algo que tenha a minha participação ou até mesmo da direção e jurados. Costumo dizer que essa etapa de seleção daria outro reality.
Além da inscrição, temos mais quatro etapas eliminatórias. Quando os participantes chegam aos estúdios, eles não acreditam que estão lá. Já passaram por muita coisa para entrar no programa. É muito interessante acompanhar essas histórias que chegam ao “Masterchef”.
Por quê?
Sinto que esses participantes chegam cada vez mais preparados. São amadores, mas têm uma pitada de profissionalismo (risos). Acho que essas pessoas caminharam com o programa. Ao longo desses 10 anos, muitos assistiram aos programas e foram compreendendo muitas dinâmicas. Eles trazem referências de outras temporadas.
Essa longevidade e relevância do “Masterchef” na grade da Band surpreendeu em algum momento?
Acho que sim. Lá nos primeiros programas, nunca imaginaríamos que o “Masterchef” faria 10 anos no ar. Não sabíamos nem se a primeira temporada seria de sucesso. É muito louco olhar para trás e perceber que, há 11 anos, eu estava em uma posição completamente diferente, né?
Estava fazendo matéria sobre algum tema. Hoje estou aqui, muito feliz, no entretenimento. Tenho muito orgulho do “Masterchef” e de fazer parte dessa história. Me sinto envaidecida. Esse programa mudou muita coisa na minha trajetória.
De que forma?
R – Vim mudando muito a cada temporada. Hoje sou uma jornalista melhor do que cheguei aqui. Ou, pelo menos, uma entrevistadora melhor. Quando cheguei aqui, eu achava que era muito boa em tirar de alguém alguma frase sobre determinado assunto.
Eu fazia isso bem realmente, mas não me envolvia com aquela pessoa. Hoje, me envolvo, converso e não tenho medo de me emocionar aquela história. Crio laços e relações com essas pessoas que passam pelo programa. Sou uma pessoa mais inteira e uma jornalista melhor desde que cheguei aqui. Talvez antes eu não fosse tão boa entrevistadora assim, quando era jornalista de hard news.
Você sente que ainda consegue trazer algo da sua porção jornalista para o dia a dia de gravações do “Masterchef”?
Sim. Eu gosto muito de contar histórias. Não virei contadora de histórias à toa. Me interesso muito pelo sonho do outro. Mudei de áreas, mas continuo uma contadora de história.
Gosto de mostrar como esses participantes chegaram ao programa para mudar a vida de alguma forma. Eles não querem mais essa vida que ficou para trás. É muito bom relatar todos esses processos. E acho que vamos além. O “Masterchef” significou uma mudança de padrões coletivos na sociedade.
Com assim?
Antigamente, ser cozinheiro estava fora do radar das grandes profissões e hoje isso é visto de um jeito completamente diferente. Trabalhar com gastronomia é tão nobre quanto ser médico, engenheiro ou advogado, e as famílias se orgulham de quem resolve abraçar essa área que envolve tantos sacrifícios, mas também tanta arte. A gente mudou uma consciência social da profissão.
Acho que esse é o peso da responsabilidade que carregamos com esse programa. É uma imensa responsabilidade tirar todos os detalhes de profissão dos bastidores e levar para o estrelato. A gastronomia era uma profissão que estava escondida e não era valoriza. Demos valor para algo já tinha, mas ninguém falava. Tenho muito orgulho de ter ajudado a mudar essa consciência coletiva do business da gastronomia.
"Masterchef" – Band – Terça, às 22h30.
Talento aflorado
Por mais que esteja há 10 anos envolvida com o “Masterchef”, Ana Paula Padrão confessa que seus conhecimentos sobre culinária ainda são limitados. Ainda assim, ela é sucesso entre seu grupo de amigos quando decide se arriscar na cozinha. “Sou uma amadora que adora cozinhar. Melhorei muito com o programa, mas já fazia antes um sucesso com meus amigos (risos)”, brinca.
Atualmente acompanhando a nova leva de participantes do programa, a apresentadora se surpreendeu com o nível dos participantes da temporada. “Geralmente minha régua é se eu faria ou não isso. Essa turma de amadores é quase profissional. Acho que não faria quase nada do que eles fizeram. Esse ano o jogo vai ser bem sério”, prevê.
Fofoca do bem
Como boa contadora de histórias, Ana Paula Padrão sabe reconhecer quando está diante de enredos interessantes. Não à toa, ela celebrou a estreia do “QG MasterChef – Entrevista com o Eliminado”, que vai ao ar no site do Band, no Bandplay e no canal oficial no YouTube toda quinta, às 19h.
“Tem muita intriga e treta nos bastidores do ‘Masterchef’. Mas quase nunca a gente consegue levar isso para a frente das câmeras. Então, esse programa traz uma espécie de fofoca do bem. O público merecia um programa com esse toque de bastidor”, explica.
A produção é apresentada pela atriz e cantora Mariana Belém e por Raul Lemos, vice-campeão da segunda temporada. “Temos uma boa combinação para comandar esse programa. A Mariana é uma superfã do formato. E o Raul é um vice-campeão”, elogia.
Instantâneas
# Ana Paula é formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília.
# Pela Globo, a jornalista atuou como correspondente internacional em Londres e Nova Iorque.
# Ana Paula ficou por quase 20 anos na Globo.
# Além do “MasterChef”, Ana Paula também apresentou o projeto “Ana Paula Padrão.Doc” na grade da Band.