Artes Plásticas

'Haigas Ocidentais': nova exposição de Ana Vaz entra em cartaz na Galeria Arte Plural

Com curadoria de Maria do Carmo Nino, a mostra "Haigas Ocidentais" reúne, a partir desta quarta (24), 32 quadros produzidos pela artista, todos inspirados em haicais de poetas de diversas nacionalidades

A nova exposição da artista plástica Ana Vaz entra em cartaz na Galeria Arte Plural, nesta quarta-feira (24)A nova exposição da artista plástica Ana Vaz entra em cartaz na Galeria Arte Plural, nesta quarta-feira (24) - Foto: Alexandre Aroeira / Folha de Pernambuco

O haicai, gênero de poesia com origem no Japão no século XVI, serviu de inspiração para a nova exposição da artista plástica pernambucana Ana Vaz, em cartaz na Galeria Arte Plural, a partir desta quarta-feira (24). Com curadoria de Maria do Carmo Nino, a mostra “Haigas Ocidentais” reúne 32 quadros produzidos pela artista, todos inspirados em haicais de poetas de diversas nacionalidades. Na mostra, ela associa poemas a imagens. 

Esta não é a primeira exposição da artista inspirada em poesia. Nos anos 1990, ela assinou uma mostra intitulada “A Cor das Águas e as Outras tantas Cores do Recife”, com obras produzidas a partir de textos de poetas pernambucanos que falavam do Recife. “A ligação com a poesia sempre foi muito forte e presente na minha vida. Eu sou filha de uma mãe poeta e muito próxima do pessoal da geração de 65”, conta a artista. 

Haigas na pandemia
O título da exposição não poderia ser mais adequado. “Haiga” equivale, na tradição japonesa, a uma ilustração que o próprio poeta (haijin), com o mesmo pincel que estava escrevendo seus ideogramas, fazia ao lado do texto. 

“É uma tradição de séculos passados que a Europa, de certa maneira, retomou dentro de uma visão mais contemporânea e moderna, que me inspirou. No meu caso, artista essencialmente brasileira e nordestina, as técnicas e linguagens são necessariamente outras, por isso falo em diferenças e semelhanças, em diálogo”, explica Ana Vaz.
 
Como matéria-prima de inspiração, a artista se debruçou sobre os mais de mil haicais que reuniu em sua pesquisa. “Eu lia esses haicais e a partir dessa leitura, alguns deles me evocavam imagens. Então, a escolha foi muito baseada naquilo que vinha como representação pictórica”, detalha a artista. A exposição é apenas uma parte da extensa produção íntima que ela desenvolveu durante a pandemia. A obra completa será reunida em um livro, com lançamento previsto para o dia 8 de outubro. A publicação reunirá todos os quadros e os haicais que os inspiraram.
 
Poesia na ponta do pincel
Em seus quadros, Ana Vaz valoriza a iluminação. Sempre há um foco de luz que se sobressai da penumbra e um destaque para um contraste entre o claro e o escuro. Nessa nova exposição, ela traz imagens evocadas da imaginação e também de um vasto repertório de fotografias do seu acervo pessoal. Em muitas das obras, a exemplo de “Primavera”, ela cria um jogo lúdico com a escala. No quadro inspirado em uma janela do prédio do Iphan, no bairro de São José, as magnólias são representadas em uma escala superdimensionada, para assumirem o protagonismo da cena.

"Primavera", de Ana Vaz, foi inspirado no haicai do poeta romeno Constantin Stroe

“Primavera”, quadro que ilustra a capa do catálogo da mostra, traz um grande coração gelado em meio a um campo de flores. 
A obra foi inspirada em um poema do romeno Constantin Stroe:

“Primavera no campo
mas em meu coração
ainda neva"

O haicai do poeta francês Alain Richard, inspirou a artista a criar um caleidoscópio de folhas multicoloridas:



"Tremulando ao vento
os amarelos e vermelhos do outono
caleidoscópio”.
 


Já o haicai do marroquino Mohammed Bennis, sob o olhar da pintora, apresenta uma escadaria na penumbra com o céu ao fundo, um ambiente vazio, poético e solitário: 
 

“Às vezes eu subo a escada
minha cabeça é um território
sem palavras”
 

Sobre a artista
Ana Vaz nasceu no Recife, em 1952. Em 1975, iniciou licenciatura em Artes Plásticas na UFPE. Dois anos depois, estudou como bolsista na École Nationale Supérièure des Beaux Arts e na Université de Paris VIII, onde concluiu a sua licenciatura. Durante os seis anos na França, fez cinco exposições individuais, três em Paris e duas nos seus arredores. Coletivamente, mostrou os seus trabalhos na França, em Portugal, Mônaco, Suíça e Espanha. 

De volta ao Brasil em 1983, instalou atelier em' Olinda, passando a ministrar cursos de pintura. No mesmo ano, fez exposição individual no MASP, a convite de Pietro Maria Bardi. E em 1985 recebeu o Prêmio Nominal José Gomes de Figueiredo, no XXXVIII Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, com a criação e coordenação do trabalho coletivo "O Jogo de Cubos". Em 1986, voltou a residir no Rio de Janeiro, ali trabalhando com a Galeria Bonino, e com a Galeria Traço, na cidade de São Paulo. Quando do seu retorno ao Recife, fundou, em 1991, o Espaço Cultural Arte Forte.

Serviço
Exposição “Haigas Ocidentais”, de Ana Vaz
Onde: Galeria Arte Plural - Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife
Quando: de hoje a 28 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e, aos sábados, das 14h às 18h
Entrada gratuita

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