Então é Halloween: entenda por que a indústria musical espera que o Dia das Bruxas seja o novo Natal
Então é Halloween: entenda por que a indústria musical espera que o Dia das Bruxas seja o novo Natal
Quando Ashnikko estava crescendo na Carolina do Norte, sua família dizia que o Halloween era satânico. Mas, nos últimos seis anos, a rapper e cantora pop observou uma tradição crescente: o lançamento de canções vinculadas a uma data mais conhecida por fantasias e doces. Neste ano, ela está lançando a faixa final de uma série de músicas alegremente obscenas agora embaladas no EP "Halloweenie I-VI". Embora talvez não sejam apropriadas para uma noite de doces ou travessuras com as crianças, o conjunto de canções reflete a ideia da autora em relação ao feriado americano como um espaço para a liberdade através do grotesco.
"Sou apaixonada pela música de Halloween", disse Ashnikko, observando as raízes do dia no festival celta da colheita Samhain, bem como sua proeminência na história LGBTQ+. "É exagerado. É carnal. É macabro. É, tipo, bobo. É o único feriado em que tudo isso pode existir ao mesmo tempo"
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The Weeknd, que foi o anfitrião de uma casa mal-assombrada no Universal Studios, em Hollywood, há dois anos, está de volta com "Nightmare Trilogy", um labirinto com trilha sonora do cantor.
"Monster Mash", o hino de Halloween de Bobby Pickett, lançado em 1962, voltou à Billboard Hot 100 nos últimos três anos antes do feriado. E a Billboard estimou no ano passado que o sucesso poderia gerar US$ 1 milhão em receita anual combinada.
Rell Lafargue, presidente da Reservoir, que detém os direitos da canção de Pickett, disse que o dinheiro da música praticamente triplicou de 2019 a 2023. Ele também citou oportunidades de licenciamento, incluindo cartões comemorativos, guirlandas e brinquedos de pelúcia. Há até um musical planejado para 2025, e a música pode aparecer em futuros filmes e programas de TV.
"O Natal chega cada vez mais cedo" diz Mark Tarnuzzer, ex-executivo do Universal Music Group que agora é diretor de marketing e estratégia da Naviro, uma plataforma de análise para artistas. "Essa é uma reação muito natural"
Evan Bogart, Amanda Warner (conhecida como MNDR) e Peter Wade, compositores pop de artistas como Beyoncé e Charli XCX, querem ser os principais reanimadores da música de Halloween. O trio formou em 2019 o LVCRFT, um coletivo que produz “música assustadora, vestuário e itens colecionáveis digitais”, e desde então escreveu mais de 100 músicas de Halloween, diz Bogart.
"Quando será o novo disco?"
“Skeleton Sam”, do disco “This is Halloween Vol. 1” lançado pelo LVCRFT em 2019, já acumulou 14,3 milhões de streams nos Estados Unidos, de acordo com a Luminate. Esse número quase dobrou, de seis milhões para 11,3 milhões, entre outubro de 2022 e outubro de 2023, de acordo com o serviço de rastreamento.
"Quando começamos isso, lembro que meu editor disse que isso não era uma tendência" diz Warner. "E agora, cinco anos depois, perguntam 'Quando será o novo disco?’"
O grupo também montou uma produtora, a Spooky Never Sleeps, para criar trilhas sonoras assustadoras e experiências imersivas. Bogart diz que eles pretendem ser a versão musical da Blumhouse, uma produtora gigante de TV e filmes de terror. O Halloween "se tornou um negócio completo ao longo de seis meses", diz Bogart, se referindo ao período de 1º de maio, celebrado pelos aficionados como "Halfoween", até o Halloween. "E então volta um pouco em dezembro por causa das coisas assustadoras de Natal."
O mercado de música de Natal é vasto. Nos Estados Unidos, as músicas sazonais geraram US$ 177 milhões para gravadoras em 2018, de acordo com a estimativa mais recente da Billboard, e desde então, a indústria fonográfica geral cresceu de US$ 9,8 bilhões para US$ 17,1 bilhões. "All I want for Christmas is You", de Mariah Carey, supostamente arrecadou cerca de US$ 3 milhões em 2022.
A música de Halloween ainda não chegou lá e pode nunca chegar. Mas não é preciso atingir o nível de Rainha do Natal para se tornar uma máquina de fazer dinheiro. George Howard, professor do Berklee College of Music, estima que a receita da música de Halloween é cerca de um terço a um sexto da de Natal. Ele alerta que a categoria é difícil de definir: o megahit "Thriller", lançado em 1982 por Michael Jackson, certamente gera mais royalties do que "Monster Mash", mas não é estritamente uma música de Halloween.
Playlist com 1,1 milhão de ouvintes
As estações de rádio há muito tempo são atraídas pelo Halloween, pelo menos um dia por ano. "Se tornou um feriado adulto, e o rádio faz parte do ponto de vista de marketing e promoção", diz Fred Jacobs, presidente da Jacobs Media, uma empresa de consultoria de rádio.
Mas assim como no Natal, a tendência para sucessos de Halloween é impulsionada em grande parte por streams. A playlist de Halloween mais popular do Spotify, Halloween Party, tinha mais de 1,1 milhão de seguidores em 17 de outubro, de acordo com a Chartmetric, uma empresa que rastreia dados de streaming e mídia social. Em comparação, a playlist de Natal mais popular no Spotify, Christmas Hits, tinha mais de 5,5 milhões.
Ainda não está claro se os artistas centrados no Halloween podem converter ouvintes sazonais em fãs de longo prazo. De acordo com a Chartmetric, a taxa de conversão de fãs da LVCRFT — a proporção de seguidores para ouvintes mensais — dispara a cada outubro, uma ocorrência comum para artistas sazonais. Ainda assim, como a existência de “Halfoween” sugere, a demanda pelo sinistro e inquietante chega cada vez mais cedo.
Para os adeptos dessa cultura, o terror é muito mais do que apenas enfeites com abóboras. A música do Ice Nine Kills, uma banda de metal inspirada no terror com 2,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify, foi incluída pela primeira vez em um filme de terror de verdade, o recente sucesso de bilheteria "Terrifier 3".
O espírito do Halloween também pode enfeitiçar góticos improváveis. O Duran Duran lançou no ano passado um álbum com tema de Halloween, "Danse macabre", e em 31 de outubro a banda será a atração principal do Madison Square Garden.