Héloa celebra ancestralidade com o álbum "yIDé
Com direção e produção musical de Carlinhos Brown e Yuri Queiroga, o disco reúne canções que evocam deuses, orixás e gritos de liberdade
A força espiritual das tradições africana e indígena está entre as raízes da artista sergipana Héloa, que lança, nesta quinta-feira (21), seu álbum de estreia "yIDé", via selo Candyall Music. Com direção e produção musical de Carlinhos Brown e Yuri Queiroga, o disco reúne canções que evocam deuses, orixás e gritos de liberdade.
E o debute da artista afroindígena chega com a bênção e participação de grandes ícones da música brasileira, como Lia de Itamaracá, Mateus Aleluia, Luiz Caldas, Margareth Menezes, Maestro Spok e os vocais do Grupo Indígena Sabuká Kariri-Xocó.
O disco tem uma linguagem pop, mas mantém o sagrado ancestral como fio condutor. Variados ritmos estão presentes, a exemplo do ijexá, do reggae, da ciranda, do samba-reggae, do samba duro, entre outros. E esses pilares percussivos conversam com elementos do hip hop, do dancehall e do funk, unindo a tradição à modernidade.
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"yIDé": um canto de liberdade
Héloa assina a composição das faixas. Nas canções, a artista aborda feridas abertas, como o racismo e a homofobia, evocando a liberdade feminina e cobrando respeito às diversidades, e à luta dos povos originários e seu direito à terra e às suas tradições.
"É um disco de legado histórico, uma obra que carrega memória ancestral através dos tambores, da tradição oral, dos cantos sagrados, das saudações e evocação da natureza envolto em uma produção pop, com refrões que convidam o público a entoar um canto de liberdade", define Héloa. O álbum tem a direção artística de Brown e da própria Héloa, e conta com nove faixas - sendo quatro delas de composição compartilhada com Yuri Queiroga, que também assina a produção musical.
Ouça:
Participações especialíssimas
Patrimônio Vivo de Pernambuco, Lia de Itamaracá, participa da faixa "Odocyá", segundo single do "yIDé", dividindo os vocais com a sergipana em um canto de tributo a Iemanjá. "Tudo Iemanjá me traz, toda a inspiração. Eu escrevo na areia os versos e a onda do mar apaga, e eu sigo a escrever. Por isso, eu me sinto muito feliz de estar junto a vocês, principalmente em um trabalho dedicado a Iemanjá, pois eu sou filha dela e ela tudo me dá", conta Lia.
O baiano Mateus Aleluia, outra grande referência da cultura popular e da música afro-brasileira, emprestou sua voz e presença à faixa "Velho Orixá", uma composição do mineiro Sérgio Pererê. "Héloa é uma artista que se debruça em buscar a verdadeira história dos seus antepassados. Consequentemente, contribui para a reconstrução da história do Brasil que nos foi negada. Artistas como ela são a continuidade do legado deixado pelos nossos ancestrais e carregam consigo a importante missão de reescrever e preservar nossa memória", conta Mateus Aleluia.
A identidade visual da capa é uma ilustração assinada pelos Irmãos Credo com referências de brasilidade, tropicalismo originário e africano. A partir dessa arte, a estilista Naya Violeta criou um figurino exclusivo para Héloa, inspirado nas representações da matriz africana, registrado pela fotografia de Duda Portella.
Produção a quatro mãos
Carlinhos Brown, que abraçou o projeto através do seu selo Candyall Music, trouxe sua linguagem de ritmos brasileiros com a presença de instrumentos de origem indígena e africana que acompanham os vocais de Héloa. Já Yuri Queiroga usou beats eletrônicos para levar ao trabalho uma sonoridade pop e global. Entre outros elementos, violoncelo, saxofone, trombone, viola caipira, violão, clarinete, guitarra, baixo e bateria completaram a instrumentação.
"Depois de navegar os afluentes do sublime Opará, 'yIDe' é o novo mergulho de Héloa, com energia de sobra pra cruzar os oceanos e levar para o mundo o que há de mais sincero, poderoso e profundo na arte brasileira”, concluiu Yuri.
"Acompanhar a trajetória de Héloa tem sido de grande alegria e honra, e também de muita inspiração, pela grandeza dessa artista, que nos brinda, a cada nova criação, com a personalização de suas sonoridades, com uma voz potente e doce, e uma presença forte e única. Suas melodias trazem a sabedoria das matrizes ancestrais, em canções que entrelaçam esperança e liberdade", comemorou Brown.