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Música instrumental

Henrique Albino lança 'Música Tronxa', seu primeiro álbum

Ao lado dos músicos Felipe Costta, Filipe de Lima e Silva Barros, multi-instrumentista apresenta trabalho com seis faixas autorais

Henrique AlbinoHenrique Albino - Foto: Divulgação

“Música Tronxa”, nome do disco de estreia de Henrique Albino, é também um conceito criado pelo compositor e multi-instrumentista pernambucano. “Esteticamente, é toda música que busca desafiar quem compõe, quem interpreta e quem ouve, juntando a matemática e a intuição, mas sem negar as suas origens”, explica o artista.

Com o selo da Boa Vista Jazz Records, o álbum de música instrumental chega hoje às plataformas de streaming. Completando o Henrique Albino Quarteto, estão os músicos Felipe Costta (sanfona), Filipe de Lima (baixo elétrico) e Silva Barros (bateria). Esse é o primeiro trabalho 100% autoral de Albino, que já esteve envolvido em projetos de nomes como Elza Soares, Elba Ramalho e Amaro Freitas.

“Demorei bastante para encontrar a equipe correta. Não é todo mundo que estuda esse tipo de música mais matemática e, ao mesmo tempo, tem a desenvoltura de fazer isso de uma forma livre”, relembra. O encontro com outros artistas com a mesma verve criativa, aliado ao convite de um selo musical, despertou em Henrique a certeza de que era a hora de apostar em um trabalho com o seu próprio DNA artístico.  

O álbum foi gravado em janeiro, no Fábrica Estúdios, em clima de jam session. Segundo Henrique, ele e os músicos tocaram ao longo de duas horas e a maioria das músicas presentes no registro fonográfico foram captadas em um único take. Antes da gravação, o quarteto ensaiou ao longo de dez dias, isolado em Rancho Febo, sítio do forrozeiro Flávio Leandro em Bodocó, no Sertão de Pernambuco.

Faixa a faixa

Como resultado do processo vivenciado pelos quatro músicos, o disco apresenta seis faixas, com uma sonoridade que passeia pelo jazz e por gêneros tipicamente brasileiros. “Apofenia”, música de abertura, tem como base o maracatu rural, mas utiliza o método de composição serial, que emprega uma quantidade de notas em um sistema quase matemático.

“A apofenia é a condição cognitiva que permite a gente observar padrões em dados aleatórios. A música é um fenômeno perceptível pela apofenia. Vemos padrões de sons e transformamos isso em uma coisa que faz sentido artístico para a gente”, explica.

Em “Diafragmas”, os músicos levam ao limite as técnicas da sanfona e da flauta. O compasso empregado é de música árabe, mas o frevo e o baião entram na mistura. “Bugando” é apontada como a faixa mais matemática da obra. “Ela é feita em cima de duas velocidades diferentes. A relação entre esses andamento é o que forma a melodia”, aponta.

“Claranã” foi batizada em homenagem à formação rochosa que serviu de cenário para os ensaios em Bodocó. Já “Salto quântico” tem na física sua inspiração. “Quando o elétron do átomo assume uma carga energética maior, ele salta de uma camada para outra das órbitas. No caso desse frevo, ele tem mais uma semicolcheia, ou seja, mais um fragmento de tempo”, detalha.

Fechando o disco, “Solo tronxo N. 1” é fruto de uma improvisação de Henrique. “Eu estava tão animado com aquele momento que eu precisava entrar no estúdio e despejar, de maneira completamente livre, todas aquelas ideias que estavam na minha cabeça dentro dessa faixa”, conta.

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