Hilda Torres traz de 'volta' Soledad Barret em única apresentação no Hermilo Borba
O espetáculo será apresentado nesta sexta-feira (8), abrindo a programação do teatro que segue até o próximo domingo (10) com encenações da Mostra Teatral Rosa dos Ventres, que tem à frente a atriz pernambucana
Soledad Barret Viedma permanece impulsionando ressignificações e “pertencimentos” a mulheres que dão vida à sua luta a favor da liberdade. Pouco mais de quatro décadas depois, a mulher, guerrilheira e militante paraguaia, assassinada em Pernambuco na década de 1970, aos 28 anos – mais precisamente, grávida de quatro meses, ela foi espancada, estuprada e alvejada por tiros, depois de ter sido entregue aos militares pelo próprio noivo, em troca de dinheiro – segue conduzindo no palco a atriz pernambucana Hilda Torres, no solo "Soledad - A Terra é Fogo Sob Nossos Pés".
E é com o peso deste Dia Internacional da Mulher (8 de março), que o Teatro Hermilo Borba Filho, localizado no Bairro do Recife, apresenta desta sexta-feira (8) até o próximo domingo (10) uma série de espetáculos da Mostra Teatral Rosa dos Ventres, com viés voltado para abordagens de gênero e sob a perspectiva e atuação de mulheres.
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As apresentações, viabilizadas pelo Grupo Cria do Palco e idealizadas por Hilda, pretendem promover e estimular espaços que garantam a visibilidade feminina na arte e na vida cotidiana. “(...) cada um tem sua forma de lutar na vida e a nossa é no palco, na arte e com o teatro”, ressaltou a atriz, em entrevista à Folha de Pernambuco.
O monólogo “Soledad”, idealizado e encenado por Hilda, com direção da argentina Malú Bazán, abre a programação em sessão única, às 19h. Após finalizar encenações em Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, é para o “berço” da tragédia que ficou conhecida como “Massacre da Chácara São Bento”, local do assassinato da paraguaia junto a outros companheiros de luta, que a sua história volta a ser (re)contada, exatamente em uma data de significados contundentes da luta da mulher em todo o mundo.
"O nosso chão é o palco. Trazer Soledad hoje (8) é reafirmar que a gente morre, mas a história da nossa luta se eterniza e deixa como legado para as próximas gerações. Ela vive com sua história de luta que nos fortalece nos dias atuais”, complementa Hilda, que começou a (re)construir a história da militante assassinada em 2015 e, de lá para cá, tem subido a palcos do Brasil e do mundo, em sincronia com um movimento que, por vezes, só a arte consegue proporcionar.
Programação Mostra Teatro Rosa dos Ventres
Completam a grade da programação no Hermilo, histórias de mulheres contadas por outras mulheres, fruto de edições da Oficina de Teatro Para Mulheres (com vivências terapêuticas), também ministrada por Hilda Torres. "Revoada - O Eu Feminino Construindo Outras Histórias" será apresentado neste sábado (9), também às 19h, com debate ao final.
Já o espetáculo "Placenta - O Que Está Por Vir", com início às 17h, será exibido no domingo e no mesmo dia, "BruxarRia - Entre o Lírio e o Delírio", encerra a programação, às 19h.
Soledad pelo mundo
"É um lugar de encontro (o palco), em que reconhecemos umas às outras. É um lugar de visibilidade para a mulher e nesse contexto para ela expressar através da arte a sua voz, a sua presença, a sua força. Ao mesmo tempo em que expressa ao público, ela está expressando a si mesma e isso é autorreconhecimento”, finaliza Hilda, que adianta a programação de "Soledad - A Terra é Fogo Sob Nossos Pés" ainda neste primeiro semestre, quando passará pelo Paraguai, país de nascimento de Soledad; Uruguai, local onde militou e Cuba, onde treinou e teve a filha, a artista plástica Nasaindy de Araújo Barret, que acompanha o grupo nas apresentações.
No segundo semestre a atriz pernambucana retorna para “levar Soledad” a Arcoverde e Pesqueira, no Sertão do Estado; a Caruaru, no Agreste e a Fernando de Noronha, reforçando, como sempre fez, a sua contribuição de ressignificar o seu papel de militante (de hoje), na luta a favor das mulheres.
Serviço
Mostra Teatral Rosa dos Ventres, no Teatro Hermilo Borba Filho
R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira), a serem adquiridos na bilheteria do teatro, uma hora antes do início dos espetáculos
rua do Apolo, 121, Bairro do Recife