Livro celebra 90 anos e trajetória do jornalista e cineasta pernambucano Celso Marconi
Produzido pela Cepe Editora, material é lançando nas vésperas dos 90 anos do jornalista, crítico e cineasta
Nove décadas de vida, quase sete de contribuição ao cinema nacional. Perto de completar 90 anos (no próximo domingo), Celso Marconi, cineasta, crítico, jornalista, curador cinematográfico, professor e programador, recebe homenagem em forma de biografia que conta não só sua história, como também da construção do movimento cinematográfico pernambucano.
Nas 167 páginas de “Celso Marconi, o senhor do tempo”, as ruas do Recife e a efervescência da sétima arte na metade do século XX contextualizam as diversas faces de atuação do pernambucano que leva o título de mais longevo crítico em atividade. A obra será lançada nesta sexta-feira (21), às 17h30, em live no canal da Cepe Editora, responsável pela produção.
O título reflete uma das principais características Marconi, segundo Luiz Joaquim, jornalista e escritor que assina a biografia. Presente nas redes sociais, o crítico, além de ativo, se mostra contemporâneo. “Ele continua produzindo. Recentemente criou uma conta no Instagram, tem Twitter, posta críticas no Facebook. É um homem que não se intimida com a tecnologia; ele a abraça. Celso é um cara que, lógico, sente saudade de uma coisa ou outra, mas não é saudosista. Seu interesse é no tempo presente”, comenta Luiz, que conheceu o trabalho do biografado ainda durante a adolescência, enquanto lia suas críticas de cinema.
Quinto título da Coleção Perfis, da Cepe, o livro conta histórias da vida do crítico que ajudam a entender não só processos culturais, como também políticos do Recife. “Foi um processo fascinante. Eu ia ouvindo as histórias e quanto mais assimilava, mais percebia como ele foi uma figura determinante em situações extremamente importantes para nossa Cidade e Estado”, conta Luiz. Próximo ao Partido Comunista e comprometido com causas sociais, o livro conta como Marconi chegou a ser preso na década de 1960, durante o regime militar, marcado por censura.
A liberdade de expressão, por sinal, é pontuada por Celso Marconi durante entrevista ao Portal Folha de Pernambuco, quando perguntado sobre a disponibilização de seus materiais nas redes. “O Facebook, por exemplo, eu acho uma coisa bastante interessante por ser aberta, é livre. Não tem uma censura direta. A censura é seu pensamento, é a sua maneira de ver o mundo. Você pode dizer o que quiser e da forma que achar melhor, diferente de antigamente, quando se dependia de outros espaços para publicar nossos materiais”, diz.
Ligado ao movimento cineclubista do Recife, Celso Marconi começou sua relação com o cinema ainda antes dos anos 1950. O interesse, conta Luiz Joaquim, foi aprofundando e se tornou trabalho quando começou a escrever as primeiras críticas para jornais locais, enquanto também atuava como programador de cinema, ao lado de figuras como Fernando Spencer.
Como repórter, passou por várias redações e chegou a trabalhar com política. Nos anos 1970, tornou-se importante nome no movimento Super-8. Em seu currículo também entram as funções de diretor do Museu de Imagem e Som de Pernambuco (Mispe) e professor da Universidade Católica de Pernambuco.
Com 66 anos de trabalho, Marconi se diz agradecido pela homenagem e comenta sua relação com a escrita. “Fui crítico e continuo escrevendo porque sinto necessidade. Não faço mais por obrigação, mas por necessidade de me expressar por meio destes textos”, diz Celso. O material, segundo ele, fica arquivado em seu computador e pode, futuramente, virar um livro com textos inéditos.
Lançamento
O lançamento da biografia será transmitido pelo canal da Cepe Editora no Youtube, nesta sexta, às 17h30. Participam da live Luiz Joaquim e Celso Marconi, com mediação de Diogo Guedes, editor da Cepe. Devido à suspensão das atividades gráficas durante a pandemia, o livro só estará disponível, em primeiro momento, no formato digital. Ainda não há previsão para o lançamento da obra impressa.
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