Histórias de hospitais inspiram livro dos Doutores da Alegria
Exemplares da "Coletânea Conta Causos - Volume 1" serão entregues aos hospitais atendindos pela associação no Recife
A organização Doutores da Alegria está presente no Recife há 19 anos, quebrando a rotina protocolar dos hospitais com um pouco de alegria e leveza. Neste período, muitas histórias nasceram do encontro entre as crianças internadas e os palhaços que se colocam a serviço do projeto. Algumas delas foram transformadas em contos e reunidas no livro “Coletânea Conta Causos - Volume 1”, que chega agora ao público.
Desta segunda-feira (8) até o dia 11 de agosto, a obra será lançada nos cinco hospitais atendidos pela ONG, começando pelo Imip, nos Coelhos, na região central do Recife. Também será realizada uma live no canal do Youtube dos Doutores da Alegria, no dia 11, às 17h, um bate-papo sobre o processo de criação do livro e contação de histórias.
A publicação é composta por 13 contos escritos por cada um dos artistas que integram o elenco pernambucano da associação. Os atores e palhaços já exercitavam há um bom tempo a escrita, dividindo suas vivências nos atendimentos, por meios dos relatórios mensais que são enviados às unidades de saúde.
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“A ideia do livro surgiu da vontade de fazer com que mais pessoas conheçam e se encantem por esses relatos, abrangendo um público para além do que a gente atende no hospital”, explica Arilson Lopes, coordenador artístico da unidade Recife dos Doutores da Alegria. Junto ao ator, palhaço e escritor Luciano Pontes, que também atua na associação, ele assina a organização da obra.
Para que esses textos ganhassem contornos mais literários, foi necessário mergulhar em um novo processo de escrita. “A proposta foi reescrever, tendo alguns objetivos em mente. Os atores selecionaram três relatórios que eles achavam significativos. Depois, a gente fez uma releitura e escolheu qual eles iriam trabalhar como conto, tentando encontrar uma estética narrativa mais literária”, detalha Luciano.
Ainda que todos os contos sejam baseados em acontecimentos reais, os autores tiveram total liberdade para incluir elementos fictícios nas narrativas, versando sobre temas como medo, vida e morte. Para Arilson, essa mescla entre real e imaginário é uma característica própria do trabalho dos Doutores da Alegria.
“O palhaço vê o hospital e as coisas que acontecem lá de uma forma única. Isso, de certo modo, nos auxiliou nessa escrita ficcional. É da nossa natureza enxergar o mundo sob uma ótica mais boba, que resgata uma certa ingenuidade”, aponta Arilson, que indica a leitura do livro para crianças já alfabetizadas que tenham a mediação de leitura de alguém mais velho.
Outro destaque do projeto é o conjunto de ilustrações assinadas por Simone Mendes, que traz a técnica da aquarela, com cores em tons pastel, para os desenhos. Em todas as ilustrações, um elemento em comum - o nariz vermelho do palhaço - aparece ressignificado. “Acaba virando também um jogo para a criança que está lendo descobrir em cada conto onde está o nariz do palhaço”, sugere Arilson.
Quem assina o prefácio da obra é o médico e escritor Ronaldo Correia de Brito. Publicado com incentivo do Funcultura, o livro terá exemplares impressos distribuídos para hospitais, escolas, bibliotecas públicas e organizações que trabalham com crianças. O público pode ter acesso gratuito ao pdf da publicação por meio do seu site oficial. No espaço virtual também estão disponíveis a audiodescrição das ilustrações e a tradução em Libras da parte textual.