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‘Hollywood’: Saiba quem é quem na minissérie da Netflix

Produção de Ryan Murphy critica a indústria cinematográfica no pós-Segunda Guerra

Minissérie "Hollywood" apresenta os bastidores da indústria cinematográfica na Era de OuroMinissérie "Hollywood" apresenta os bastidores da indústria cinematográfica na Era de Ouro - Foto: Divulgação/Netflix

Não é de hoje que vemos a indústria cinematográfica narrando momentos históricos dentro de seus bastidores, principalmente durante a época conhecida como Era de Ouro. O exemplo mais recente veio através do longa-metragem “Era Uma Vez Em... Hollywood”, de Tarantino, que ganhou duas estatuetas no Oscar 2020, das 10 indicações recebidas. Agora chegou a vez de Ryan Murphy contar sua perspectiva e mostrar como os acontecimentos poderiam ter sido diferentes no pós-Segunda Guerra.

Sim, a minissérie do showrunner para a Netflix é ambientada em fatos, mas também altera os rumos da história mostrando como tudo poderia ser diferente – para melhor – se eliminassem comportamentos destrutivos como preconceito, assédio e abuso por parte dos figurões da indústria. O enredo ganha força quando não destaca um protagonista: Atores, atrizes, diretores e escritores são donos de seus próprios sonhos, todos com o objetivo de conseguir um lugar ao sol na cobiçada Hollywood da década de 1940.

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E para quem gosta de cinema, mas não conhece muito sobre as personalidades daquela época, a coluna Uma Série de Coisas desta sexta-feira (8) explica quem foram as celebridades da vida real e por quem são interpretados na trama da Netflix. Vale lembrar que “Hollywood” tem sete episódios e já está disponível no catálogo do streaming. Confira!

Henry Willson e Rock Hudson

O ator norte-americano Rock Hudson foi considerado um dos primeiros galãs do cinema entre as décadas de 1950 e 1960. Ainda assim, ninguém parecia acreditar que ele poderia se tornar um bom ator, visto que seus primeiros ensaios eram ruins e ele tinha dificuldade em memorizar suas falas. Na vida real, o astro precisou esconder sua homossexualidade para conseguir boas oportunidades de trabalho, mas acabou morrendo de AIDS em outubro de 1985. Entre seus filmes, destaca-se “Sublime Obsessão” (1954) e “Confidências à Meia-Noite” (1959). Na minissérie ele é interpretado por Jake Picking e tem seu destino alterado de maneira sensível e emocionante.

O polêmico Henry Willson é interpretado por Jim Parsons. Esqueça o Sheldon de “The Big Bang Theory”, Parsons consegue se desvincular do personagem que o popularizou com uma das melhores atuações do elenco. Pouca coisa de Willson na minissérie é ficção, a maioria dos acontecimentos de seu personagem realmente aconteceu. Henry era um agente completamente abusivo, forçava seus clientes a fazerem sexo para conseguir papéis em filmes e fazia ameaças psicológicas com o objetivo de ter o controle de tudo. Ele também tinha influencia na máfia e morreu em um asilo, lutando contra o vício de drogas e álcool até 1978.

Jack Castello, Ernie West e o ‘posto de gasolina’

Embora o Jack da ficção seja parte da história, ele não existiu na vida real, mas sua trajetória na minissérie é baseada em dois atores verdadeiros: Jimmy Stewart e Marlon Brando.

Ernie West, interpretado por Dylan McDermott (American Horror Story) também existiu, só que com o nome de Scotty Bowers. O administrador do posto de gasolina tinha um esquema de prostituição onde atendia a alta classe de Hollywood, fornecendo seus trabalhadores para serviços sexuais.

As atrizes Anna Mae Wong, Camille Washington e Hattie McDaniel

Michelle Krusiec e Laura Harrier dão vida à personagens que tiveram as mesmas dificuldades em conseguir destaque na indústria cinematográfica, uma por ser asiática e outra por ser negra. Na vida real, Anna Mae acabou se tornando referência em várias fases do cinema, sendo destaque em obras variadas que vão desde o cinema mudo até o teatro.

Já Camille Washington é baseada em Dorothy Dandrige, a primeira artista negra a ser indicada ao Oscar de melhor atriz. A primeira vitória para uma negra seria para Hattie McDaniel na categoria de melhor atriz coadjuvante por “... E o Vento Levou” (1939), na minissérie ela é interpretada por Queen Latifah. Fora da ficção, a primeira a ser reconhecida na principal categoria foi Halle Berry, em 2002, com “A Última Ceia”.

George Cukor e as festinhas para +18

George Cukor foi, de fato, um grande cineasta da Era de Ouro em Hollywood. Atingiu a popularidade quando adaptou “O Grande Gatsby” para o teatro, pouco antes de entrar na indústria do cinema. Uma vez nela, dirigiu “Nasce Uma Estrela” (1954), protagonizado por Judy Garland. Como diretor, chegou a ganhar um Oscar em 1964, pelo musical “My Fair Lady”. Cukor foi indicado outras quatro vezes, mas não ganhou em nenhuma delas.

Na minissérie da Netflix, George aparece como anfitrião de uma festa que vai de um jantar elegante até bacanais com homens nus. O cineasta, enquanto vivo, era conhecido por produzir grandes eventos sociais, tanto reuniões profissionais, para astros do cinema, como encontros íntimos, para os amigos gays se sentirem mais confortáveis em um ambiente seguro.

Outras inspirações

Interpretados por Rob Reiner (Tudo em Família) e Patti LuPone (Pose), o casal Ace e Avis Amberg são fictícios, mas a empresária é livremente inspirada na produtora Irene Selznick e Sherry Lansing, esta, como a primeira a comandar um estúdio hollywoodiano.

O diretor Raymond Ansley, vivido por Darren Criss (American Crime Story) é parcialmente baseado em Steven Spielberg, enquanto Dick Samuels (Joe Mantello) é uma versão fictícia do produtor Irving Thalberg.

Entre as atrizes convidadas, Kate McGuiness interpreta Vivien Leigh (protagonista de “... E o Vento Levou”) e Harriet Harris é a ex-Primeira Dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt.

Curiosidade

Como o filme “Meg”, na minissérie “Hollywood”, não existiu na vida real, todos os prêmios relacionados ao longa-metragem também não aconteceram. A ideia de Ryan Murphy em concluir a história com outros resultados na premiação do Oscar de 1948 é de mostrar como o mundo seria se houvesse maior representatividade naquela época.



*Fernando começou a assistir a séries de TV e streaming em 2009 e nunca mais parou. Atualmente ele já maratonou mais de 300 produções, totalizando aproximadamente 7 mil episódios. A série mais assistida - a favorita - é 'Grey's Anatomy', à qual ele reassiste com qualquer pessoa que esteja disposta a começar uma maratona. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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