IA recria voz de dublador de Sylvester Stallone em novo filme do astro e gera protesto
Lançamento de ''Blindado'' na França foi cercado de polêmica, após produtora decidir ''ressuscitar'' icônico dublador
A voz do falecido Alain Dorval, dublador francês de Sylvester Stallone na França entre 1976 e 2024, foi recriada com inteligência artificial para "Blindado", último filme do astro americano. A decisão deixou profissionais da dublagem em alerta e revoltou a filha de Dorval, morto no ano passado.
Após a polêmica, a produtora responsável por lançar "Blindado" na França mudou de ideia e contratou um ator humano para dublar o ator. O caso, porém, reacendeu o debate sobre o papel da inteligência artificial na indústria do entretenimento e os direitos de imagem.
A recriação digital da voz de Dorval foi conduzida pelas empresas Lumiere Ventures e ElevenLabs, com o argumento de manter viva um timbre que marcou os fãs por cinco décadas. Dorval vinha dublando Stallone desde "Rocky", o primeiro sucesso do ator nos cinemas. Mati Staniszewski, CEO da ElevenLabs, defendeu a decisão como “uma maneira de honrar a tradição e criar novas possibilidades na produção cinematográfica”.
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A filha do dublador, Aurore Bergé, afirma que não havia consentido para o uso da voz de seu pai. Atual ministra encarregada da Igualdade entre Mulheres e Homens do governo francês, ela disse que havia autorizado apenas "testes" com inteligência artificial. "Nunca autorizei essa divulgação. E meu pai jamais teria aprovado isso nessas condições”, declarou ela na rede social X.
Segundo a rádio France Infos, o setor de dublagem emprega cerca de 15 mil pessoas no país. Receosos pelo uso da IA, dubladores franceses criaram o movimento “Touche pas à ma VF” (“Não toque na minha versão francesa”), exigindo proteção do Ministério da Cultura.