Idas e vindas do RPM foram marcadas por embates entre Luiz Schiavon e Paulo Ricardo; relembre
Tecladista que morreu, aos 64 anos, nesta quinta-feira havia rompido parceria frutífera com cantor, com que fundou banda de sucesso
Uma batalha judicial entre o tecladista Luiz Schiavon — que morreu, aos 64 anos, na madrugada desta quinta-feira (15) — e o cantor Paulo Ricardo deixou os músicos em lados opostos nos últimos anos. Fundadores da banda RPM, os dois haviam rompido uma frutífera parceria desde que os demais integrantes do grupo (além de Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo Pugni, este morto em 2019) acusaram Paulo Ricardo por má-fé e deslealdade ao registrar a marca do grupo apenas em seu nome.
O caso foi parar na Justiça em 2021, quando a 20ª Vara Cível de São Paulo proibiu Paulo Ricardo de usar a marca RPM comercialmente, e até de gravar seus maiores hits, como "Olhar 43" e "Rádio pirata". O cantor, que também teria que pagar uma multa no valor de R$ 112 mil, recorreu da decisão à época.
Diante das acusações, Paulo Ricardo se defendeu, naquele período, alegando que vinha tentado proceder à cotitularidade, incluindo os outros integrantes no registro da banda, mas que o grupo insistia em "abrir uma empresa com Paulo Ricardo ao invés de aceitarem a cotitularidade como já haviam acordado em 2007".
A primeira separação do RPM, banda de muitas idas e vindas, aconteceu no fim da década de 1980. No auge do sucesso, os integrantes do grupo começaram a discordar acerca das maneiras como deveriam guiar a carreira — e o tom de suas novas músicas.
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"O que aconteceu foi que cada um de nós se sentiu muito seguro. Nsso ex-baterista P. A. resolveu cantar. Luiz Schiavon queria levar para um lado techno, com uma música menos natural e rock. Eu e Nando queríamos guitarras, e o Schiavon queria algo mais frio. Aí aconteceu um racha", explicou Paulo Ricardo, em entrevista naquele período.
A mais recente desavença entre os músicos se deu devido a um contrato assinado em 2007, no qual os integrantes da banda se comprometiam a não explorar individualmente o nome RPM. Paulo Ricardo, no entanto, teria registrado a marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial como só sua, e não dos quatro.
O quarteto se reuniu novamente em 2017, em mais um retorno. À época, Paulo Ricardo avisou que não faria outras apresentações com os ex-parceiros, descumprindo um acordo, segundo a acusação. O último show aconteceu num navio. Em seguida, a banda foi relançada com outro vocalista, o novato Dioy Pallone. Ao GLOBO, em entrevista concedida há quatro anos, Paulo Ricardo criticou a manutenção do grupo sem os integrantes originais:
"Eu não chamaria o RPM de RPM. Eles não podem usar esse nome, mas enquanto não há uma decisão judicial final, estão usando. Quando vai ver um show dos (Rolling) Stones, você espera ver o (Mick) Jagger. Você não tem um Dire Straits sem o Mark Knopfler. Se você fizer um show dizendo que é o Police e não tiver o Sting, vão quebrar tudo. Um RPM sem mim é como um Secos & Molhados sem o Ney Matogrosso."