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Igor de Carvalho lança 'Cabeça Coração', segundo álbum da carreira

Pernambucano tenta desfazer rótulo de “intelectualoide” para falar de amor em novo álbum

Igor de Carvalho lança "Cabeça Coração" em streamingIgor de Carvalho lança "Cabeça Coração" em streaming - Foto: Flora Negri/Divulgação

O amor levou Igor de Carvalho a São Paulo, onde conheceu a bailarina e cantora Flaira Ferro, com quem é casado hoje. De volta ao Recife, o pernambucano nascido em Abreu e Lima tenta, sem muito êxito, desvencilhar-se do discurso existencialista, com o qual ficou marcado após o bem-sucedido álbum de estreia “A TV, a Lâmpada e o Opaxorô” (2014), para falar de amor. Na madrugada desta sexta-feira (18), Carvalho lançou “Cabeça Coração” (2019), segundo disco da carreira solo, disponível em todas as plataformas de streaming.

Se no debut ele mesclava percussões e cuícas do samba — herança da extinta Zé Bonina —, uma dose de pop-rock radiofônico e metais que deixaram registrada a impressão digital do produtor musical Rogério Samico; em “Cabeça Coração” o artista arrisca novos caminhos. Ao longo de 11 faixas, Igor de Carvalho repete o investimento num instrumental arrojado, insere cordas que dão tom mais sofisticado ao trabalho e opta pela sobriedade em detrimento da efervescência de outrora. Além de Samico, o maestro Henrique Albino também assina os arranjos da obra.

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Fúnebre e apoteótica, “Ouça bem” abre o álbum tratando do fim. “Passe bem/ Como for/ Mate alguém/ Como você me matou.” Na sequência, Carvalho surpreende com “Laço”, um reggae açucarado e potencial hit, apresentado pela primeira vez, em 2016, na série “No Quintal”, disponível em seu canal no YouTube. Guitarra, vibraphone e piano marcam a faixa “Desculpa”, onde declara “Meus olhos verdes querem amadurecer”.



Em seu próprio Come Together, “Absurdo Ser Normal” foi lançada como single do “Cabeça Coração” ainda em dezembro do ano passado. No disco, prepara terreno para a visceral “Me Esqueça”, faixa em que divide os vocais com Johnny Hooker. A composição vestiu como luva no artista premiado pelo disco “Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito” (2015). “Não Tinha Amor Ali” é outro destaque. Com participação de Zélia Duncan, é repleta de acertos e causam uma sinestesia visual.

Não Vou Me Acostumar Com o Que Faz Mal”, “Daqui Pra Frente” e “Só Resta o Amor” estão entre as canções que o músico já vinha apresentando em seus shows e dialogam com o predecessor do “Cabeça Coração”. A inédita “Você” marca pelas sutilezas. “A seiva da mata/ O sumo do fruto/ O choro do sábio/ Você/ O soco do forte/ O norte do centro/ O tempo de sorte/ Você é importa/ Demais/ Pra mim”, diz a faixa confessional.

Single é um um aperitivo para o seu segundo disco do artista,

Simbiose artística está entre motivações para o amadurecimento de Carvalho em 'Cabeça Coração'  - Crédito: Flora Negri

“Esse disco é a minha tentativa de transformar música em canção”, arrisca o artista. O convívio com nomes como Juliano Holanda, Martins, Gleison Nascimento, dentre outros, através do coletivo Reverbo, o fez experimentar outras construções musicais e artísticas, disso resulta parte do seu amadurecimento . “Os meninos são super cancionistas. A galera faz umas coisas que é meio lírico, muito técnico e poético, né? Metrificado e tal. Então fui aprendendo e acabei colocando isso do meu jeito”, conta.

As letras, majoritariamente de sua autoria , tratam do despertar de uma relação em ruínas, passeiam pelos estágios de consciência até uma suposta transmutação. Em “Cabeça Coração” a relação com a espiritualidade de Igor fica de fora, por exemplo. Ou, ao menos, latente.“Pensei em falar de amor, pois estava me tornando um ‘intelectualóide’. Esse primeiro disco me rotulou como isso, sabe?”, declara. Carvalho espera encontrar a medida para um discurso acessível, que dê projeção ao seu trabalho.

Após uma série de shows com “A TV, a Lâmpada e o Opaxorô”, onde aprendeu a lidar com seu corpo ao assumir os palcos e precisou administrar os caminhos da própria carreira, entendeu que devia um novo álbum ao público cativado até aqui. “Um novo álbum depois do meu desabrochar”, pontua o músico, que estreia novo show no dia 30, no Teatro de Santa Isabel, durante programação do 25º Janeiro de Grandes Espetáculos.



Parcerias
Aos 13 anos, o rock português da Ornatos Violeta fazia a cabeça e o coração de Igor de Carvalho, 30. A banda acabou, mas a admiração pelo cantor Manel Cruz não arredou. “Ele é um gênio”, declara. Em 2017, conheceu o ídolo durante edição da Mimo Olinda. Eis que Manel passa de locutor a interlocutor e Igor de fã a parceiro. Neste lançamento, divide a faixa “Película de Vidro/ Eu Não Quero Mais” com o português. Bandoneon [instrumento comum no tango e semelhante ao acordeão] e o sotaque lusitano dão ar de fado à canção.



Com coautoria de Juliano Holanda, “Eu Não Quero Mais” foi gravada pela primeira vez por Filipe Catto, em 2017. Durante a passagem por São Paulo, numa conversa sobre brega pernambucano, Carvalho apresentou a composição que fascinou o gaúcho. O talento para a composição tem feito de Igor uma referência. Recentemente compôs com Moreno VelosoMeu elemento (É de balé)” para João Fênix, presente no álbum “Minha Boca Não Tem Nome” (2018) e está trabalhando em canção para a mineira Ceumar.

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