Logo Folha de Pernambuco

Cultura+

Imerso no próprio sonho, Lula Queiroga lança primeiro single de seu quinto disco solo

Observador atento da realidade e dos sentimentos, cantor e compositor finaliza "Aumenta o Sonho" no mês que vem, álbum que traz o artista em fase um pouco mais contida

Lula Queiroga, cantor e compositorLula Queiroga, cantor e compositor - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Antigamente se dizia que, no futuro, se alguém quisesse informações a respeito de um povo, era só consultar os jornais antigos. Guardadas as devidas proporções, nestas primeiras décadas do século 20, quem quiser conhecer como viveram e vivem os pernambucanos, um bom parâmetro é a discografia de Lula Queiroga.

Uma história, aliás, que está prestes a ganhar um novo capítulo. Na próxima terça-feira, o compositor, cantor e produtor lança o single de seu quinto álbum solo independente, "Aumenta o Sonho", que fica pronto no mês que vem, após passar pelo processo final de masterização nos míticos Abbey Road Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção é assinada pelo próprio Lula, com o irmão e baterista Tostão Queiroga e o engenheiro de som Paulo Germano.

Leia também:
FIG 2017: Herbert Lucena faz projeto musical em tributo a Jacinto Silva
Três pernambucanos vencem na 28ª edição do Prêmio da Música Brasileira
Chico Buarque lançará álbum com inéditas em agosto, após seis anos sem novo disco

Observador atento da realidade e dos sentimentos que o cercam. Compositor que reúne qualidades de cronista, cineasta, escritor de contos e fábulas, poeta. Todas essas habilidades permeiam o trabalho de Lula Queiroga, criador inquieto full time, perspicaz e de uma criativade bem acima da média. Características que marcaram seus quatro discos anteriores e que chegam ao quinto rebento na mesma pegada.

Com uma diferença: um pouco mais conciso, com menos faixas, menos participações, "Aumenta o Sonho" parece trazer um autor fazendo uma imersão em si próprio.

Primeiramente, antes de ouvir o álbum, é preciso saber de uma informação valiosíssima. Lula conta que a gênese de tudo, antes mesmo das canções, foi o título. O conceito surgiu ainda numa época do mais recente milagre brasileiro, quando se bradava aos quatro cantos do mundo o crescimento do Brasil e ainda se sonhava com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

De lá para cá - é bom lembrar também que este é o maior intevalo entre um disco e outro do compositor, seis anos - houve a grande virada, para baixo, com o País mergulhado em uma crise generalizada. O título permaneceu, mas ganhou uma nova acepção. O tom de "dobrar a aposta" se transformou em "me dá a mão, me ajuda aí".

O resultado é um álbum com 12 ou 13 faixas - durante a audição e entrevista para esta matéria, há três dias, Lula fechava mais um tema com o também compositor paulistano Marcelo Jeneci -, a mesma configuração dos antigos LPs.

Nele, há basicamente dois tipos de canções: as mais calmas, que lidam de forma visceral com os sentimentos mais inquietantes e aflitos, como se buscassem respostas para um mundo aprisionador; e outras mais para cima, desencanadas, como evocadas por alguém que não está nem aí, a fim de chutar o balde ou o pau da barraca. Um repertório novíssimo, curtido ao longo dos dois últimos anos, à exceção da releitura de "A Balada do Cachorro Louco (Fere Rente)", já gravada por seu parceiro-irmão Lenine.

Em todas sobressai o poder criativo latente do autor, que joga bem como nunca com as palavras e experimenta uma gama de sonoridades, que viaja pelos mais variados ritmos, do baião à valsa passando batidas de terreiro ou um free jazz oitentista, tudo com um invólucro pop mais atual do nunca. Não é difícil arriscar que "Aumenta o Sonho" pode vir a ser seu melhor trabalho.

A princípio, "Tardinha" (parceria com Manuca Bandini), canção que se encaixa entre aquelas calmas e dilacerantes, é o tema escolhido como primeira música de trabalho, e disponível em todas as plataformas digitais a partir desta terça-feira:

"Em que engarrafamento andarás/ Nesse horário de pico?/ Em que coletivo lotado/ Carro de vidro fechado/ Moto, táxi/ Parada de ônibus/ Esqueces de mim?/ Entre sirenes, semáforos, barricadas/ Imersa em fumaça de escapes/ Em que estação de metrô/ De pé ou quem sabe sentada/ Em que parte da estrada/ Distante, calada/ Esquecida de si?/ Hey, que solidão/ Ó meu amor/ No meio do tumulto quente/ Nesta hora estridente/ Cheirando a fritura e dissabor (...)."
Quem nunca sonhou essa vida, ou viveu esse sonho?

DISCOGRAFIA

"Baque Solto"
– com Lenine
LP e CD
Philips/MPB
1983/1998

"Presença"
Compacto
Polygram
1984

"Aboiando a Vaca Mecânica"
CD
Luni/Trama
2001

"Azul Invisível, Vermelho Cruel"
CD
Luni
2003

"Tem Juízo Mas Não Usa"
CD
Luni
2009

"Todo Dia É o Fim do Mundo"
CD
MPB
2011



Veja também

''Você pode tirar todo o resto de mim. Nada mais importa'', diz Angelina Jolie sobre maternidade
DECLARAÇÃO

''Você pode tirar todo o resto de mim. Nada mais importa'', diz Angelina Jolie sobre maternidade

Circo Experimental Negro apresenta a 2ª edição da mostra DNA Afro
arte circense

Circo Experimental Negro apresenta a 2ª edição da mostra DNA Afro

Newsletter