Irmã de Sharon Tate critica soltura de membro de grupo de Charles Manson: "Profundamente ofendida"
A irmã da atriz Sharon Tate, morta pela seita de Charles Manson em 1969, criticou a soltura da primeira integrante do grupo supremacista. Debra Tate disse ao site "TMZ" ser "provável" que Leslie Van Houten "mate novamente" depois de sair da prisão, nesta terça-feira (11), para cumprir condicional.
Ela afirmou estar "profundamente ofendida" com a libertação da seguidora de Manson, "desapontada" com a Justiça da Califórnia e com o governo do estado e "absolutamente apavorada" com a assassina agora à solta.
Debra Tate disse não acreditar que Van Houten tenha se reabilitado após ficar mais de 50 anos na cadeia. Ela afirmou ao site que, "se alguém segue esse caminho escuro uma vez, é fácil voltar" e que as famílias das vítimas estão "indignadas".
Conhecido por "A família Manson", ou "A família", o grupo liderado pelo supremacista branco que se apresentava como líder espiritual foi responsável pela morte de sete pessoas, a mais famosa delas a atriz Sharon Tate, em agosto de 1969.
A saída da prisão de Leslie Van Houten, integrante da seita durante os anos 1960, fez muita gente lembrar desse e de outros crimes do grupo. Van Houten não se envolveu diretamente na morte de Sharon Tate, mas sim, no assassinato da família LaBianca. No entanto, ela disse publicamente que gostaria de ter presenciado o crime contra a atriz e três amigos.
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Tate estava grávida de oito meses do primeiro filho quando foi morta a facadas, aos 26 anos. Ela atuava como modelo e era considerada um nome promissor em Hollywood com cinco filmes e uma indicação ao Globo de Ouro no currículo. Tate estava casada há um ano com o cineasta Roman Polanski, pai de seu filho, quando foi morta na casa onde os dois viviam, em Los Angeles.
O governador do estado, Gavin Newsom, afirmou não estar feliz com a decisão proferida pela Justiça do estado, mas negou que vá recorrer, por considerar um "caso perdido". Debra Tate disse ao "TMZ" que ficou decepcionada pelo político não ter lutado mais para evitar a soltura de Van Houten. A irmã da atriz assassinada avalia que Newsom poderia ter acionado o tribunal superior e destacou que a rendição do governador é "um grande tapa na cara" das vítimas da seita.
O crime
No dia 8 de agosto de 1969, a uma semana do Festival de Woodstock, Charles Manson decidiu que havia chegado o dia "Helter Skelter", título de uma canção registrada no "Álbum Branco" dos Beatles. Em sua teoria apocalíptica e racista, batizada como o título da música, Manson acreditava que chacinas brutais em bairros brancos e ricos levaria a uma guerra dos brancos contra a população negra. Ele acreditava que governaria o mundo após a vitória dos supremacistas.
No dia seguinte, Manson e alguns de seus seguidores - todos armados com facas - se dirigiram até a Cielo Drive 10 050, endereço do casal Sharon Tate e Roman Polanski na cidade. Na madrugada de 9 de agosto, o grupo cortou a fiação telefônica e pulou o muro da mansão. Sua primeira vítima foi Steven Parent, que tentava vender um relógio a um funcionário da propriedade.
Em seguida, o grupo entrou na casa pelos fundos e assassinou Sharon Tate e amigos que estavam com ela na casa: o ator e produtor polonês Wojciech Frykowski, a socialite americana Abigail Folger e o cabeleireiro Jay Sebring.
Sharon Tate foi morta com 16 facadas por Susan Atkins, conhecida como a "A garota de Manson". Presa, ela confessou os crimes e afirmou ter matado o bebê da atriz, apesar dos apelos de Tate. A família de Sharon Tate a enterrou com o bebê nos braços.
Susan Atkins, Charles Manson, Leslie Van Houten e os outros assassinos foram inicialmente condenados à morte, mas a Suprema Corte da Califórnia converteu a pena em prisão perpétua em 1972. ano em que o estado passou a considerar a pena de morte inconstitucional.
O casamento com Roman Polanski
Sharon Tate e Roman Polanski se conheceram em 1966 pouco antes do início das filmagens de "A dança dos vampiros", longa dirigido por ele e protagonizado por ela. O sucesso do filme transformou Tate em uma estrela de Hollywood. Ela se mudou para o apartamento dele em Belgravia, Londres.
Pelo filme "Vale das bonecas", outro sucesso de público, Tate foi indicada ao Globo de Ouro de atriz revelação, em 1967. Ela e Polanski se casaram em Londres, em janeiro de 1968. Tate ficava incomodada com a infidelidade do marido, mas era constantemente lembrada de que os dois tinham um acordo: ela não tentaria mudá-lo.
No mesmo ano, Tate e Polanski se mudaram para Los Angeles, onde criaram um círculo de amigos que incluía os atores Steve McQueen, Warren Beatty, Mia Farrow, Jacqueline Bisset, Leslie Caron e Jane Fonda. O polonês Wojciech Frykowski e sua namorada, a milionária Abigail Folger, - assassinados com Tate - eram amigos de Polanski.
Em fevereiro de 1969, com Tate grávida, ela e Polanski mudaram para o número 10050 da Cielo Drive, local da chacina. Tate chamava a mansão de "a casa dos sonhos", e costumava receber amigos e estranhos nas festas dadas pelo casal na casa.
Tate ainda viajou à Itália para filmar a comédia 12+1 com Orson Welles e Vittorio Gassman. De lá foi para Londres, onde Polanski filmava "The Day of the Dolphin", longa que ele abandonou após a morta da atriz e que só foi retomado nos anos 70 sob direção de Mike Nichols.
Tate voltou para Londres sozinha, a bordo do navio Queen Elizabeth. O casal Folger e Frykowski ficou morando com ela a pedido de Polanski até sua volta.
No dia seguinte, ao crime na casa de Sharon Tate, os seguidores de Charles Manson cometeram outro crime, em outro local de Los Angeles, mas com as mesmas características, matando o casal Leno e Rosemary LaBianca.