Música

Isadora Melo põe as vestes de compositora em novo disco "Anagrama"

Artista pernambucana lança segundo álbum de carreira, com assinatura de faixas e da produção do trabalho

Isadora Melo, cantora e compositoraIsadora Melo, cantora e compositora - Foto: Luara Olívia

A chegança veio sôfrega, em tom de aviso: “É uma proposta lúcida dentro desse estado crítico”. Porque dali em diante as oito faixas do recém-lançado “Anagrama”falariam por si para espelhar uma Isadora Melo com propriedade de gerir letras, produção e parcerias do seu segundo disco de carreira, seis anos após “Vestuário” (2016) – álbum de estreia. 

Como sempre, pulsante, a atriz, cantora e compositora pernambucana a partir de então, empresta além da voz, assinatura própria a um trabalho contextualizado por reflexões ao caos dos tempos atuais e ao mesmo tempo embalado por mantras ritmados em cada uma das canções que o compõem. 

 

Assumindo a vocação para compor
“Esse álbum traz uma série de novidades para mim. Eu me despi dessas chancelas de produtor musical, rubricas geralmente ocupadas por homens e nesse trabalho eu me dei essa liberdade de ser a produtora do meu próprio disco, pensar repertório, a sonoridade que eu queria trazer, convidar os músicos com quem eu queria trabalhar. Agora eu estou realmente me entendendo como compositora, ganhando essa confiança de escrever e curtir o que estou fazendo”, contou Isadora, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Além da faixa de abertura “Proposta para um Estado Crítico”, uma espécie de prefácio ao que viria a seguir, Isadora Melo assina também “Quanto Mais” e mais três canções em parcerias com Marcello Rangel, Martins, Lira, Fred Cajueiro e Philipe Wolney. Como intérprete, ela empresta a voz para “Habite-se” (Juliano Holanda), “Um Lugar” (Rafael Marques e Martins) e "Sorriso de Faca" (Martins). 

Disco para "explodir"
“O disco tem essa carga de começar a escrever e a expor o que é música para mim, então tem essa Isadora que defende a música de outro jeito, que tem esse lugar da voz, que é um lugar mais firmado no chão, mais luta e imposição”, complementa ela, tomada por liberdade e autoconfiança. “Bem sinceramente eu fiz esse disco para que eu pudesse explodir de alguma maneira”.

E explodiu, de fato. Em voz, letras e sonoridades compartilhadas com Lucas dos Prazeres (percussão), Henrique Albino (sopros) e Rafael Marques (guitarra). 
 

“Comecei a pensar muito nesse trabalho no meio da turnê que eu estava fazendo com Cordel (“Viagem ao Coração do Sol”). Eu senti muita vontade de trabalhar um disco com percussão, e chamei Lucas e ele é talvez o alinhavo do trabalho, no sentido de trazer essa força, esse pulso. Convidei os meninos e entramos em estúdio no final de 2018, gravei as vozes finais em 2020 (...) Então foi um disco que ficou de certa maneira esperando na pandemia, mas teve o momento certo de nascer”, conta Isadora, que também integra a Orquestra Malassombro, “Com alegria e honra”, ressalta, e o coletivo feminista “A Dita Curva”, projetos que Isadora adianta, “terão novidades em breve”. 

Família de artistas
Do Jiquiá, Zona Oeste do Recife, filha de artistas – o pai, cantor, a mãe atriz – Isadora Melo defende a Cultura com a mesma veemência do necessário “arroz com feijão”, que “tem que estar na boca do povo, porque senão não evoluímos enquanto projeto de povo”, assevera.

Conhecida pela imponência inconteste no fazer artístico que a coloca entre as vozes de excelência da música pernambucana (e nacional), com “Anagrama” ela dá o start nas novidades que ainda devem pairar pelos próximos tempos. 

Isadora Melo, cantora e compositoraCrédito: Luara Olívia

“Vamos chegar com shows e clipes, além disso quero muito percorrer o Brasil”, adianta a cantora e efetivamente neste disco, a compositora, que depois da chegança com a primeira faixa do disco, o arremata em suavidade musicada dos versos de Fred Cajueiro.

Tal qual fazem os brincantes, ela despede-se com “Antes de Ir”, deixando aos que como ela, se vejam espelhados, um "arruda no terraço, para que tudo de bom entre e tenha espaço/Para filtrar, proteger, ser abraço”.

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