J. Borges: autoridades e artistas lamentam a morte do xilogravurista; veja a repercussão
Nas redes sociais, o presidente Lula relembrou quando presenteou o Papa Francisco com uma obra do pernambucano
A morte do xilogravurista J. Borges, aos 88 anos, nesta sexta-feira (16), repercutiu nacionalmente. Artistas e autoridades lamentaram a perda do artista.
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“Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores deste grande artista do nosso país”, comentou o presidente Lula (PT), lembrando quando presenteou o Papa Francisco com uma obra do pernambucano, em junho do ano passado.
Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores… https://t.co/5SExOpaD6T
— Lula (@LulaOficial) July 26, 2024
“J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos”, escreveu a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
Lucielle Laurentino (UB), prefeita de Bezerros, cidade natal do artista, comentou a morte dele em suas redes sociais. “Que honra ter desfrutado de sua amizade, ter ouvido por vezes suas histórias e viajado no seu mundo artístico. Conhecer sua história e sua obra é reconhecer a força do nordestino, é apropriar-se do que nos é mais rico, nosso povo, nosso cotidiano, nossas lutas e vitórias. Obrigada por levar ao mundo quem somos”, publicou.
João Campos (PSB), prefeito do Recife, destacou que “sempre que passava por Bezerros, fazia questão de vê-lo e de admirar a sua arte”. “J. Borges gravou na madeira as histórias de um Nordeste realista, fantástico e armorial. Dono de um sorriso largo, era patrimônio de Pernambuco e gênio da cultura popular reconhecido no Brasil e no mundo. As novas histórias de cordéis deverão contar, em breve, a generosidade e a sensibilidade em tudo que fazia. Sabia unir seu olhar singular para a vida com uma capacidade indecifrável de retratar versos”, disse no X (antigo Twitter).
O artista visual pernambucano Derlon, cuja obra é inspirada na estética da xilogravura, agradeceu ao mestre. “O mestre se foi, mas o seu legado continua. Obrigado por tudo que aprendi com as suas obras e a pessoa maravilhosa que foi. Adorava visitar o seu ateliê em Bezerros, Pernambuco (...). Observar o jeito de talhar a madeira, os personagens, os temas, tudo com um jeito muito particular de ser (...)”, disse.
“Adeus, mestre J. Borges. Arte é mais forte que morte”, pontuou o músico paraibano Chico César. Já o escritor cearense Xico Sá escreveu: “Lá se foi o mestre J. Borges, viva o mestre da xilo e do cordel. Sua arte enfeita o mundo!”
O Náutico, time do coração do xilogravurista, homenageou um de seus torcedores mais ilustres. “A cultura pernambucana perdeu hoje o pintor, cordelista, poeta, xilogravurista e alvirrubro J. Borges. Reconhecido internacionalmente por sua obra, J. Borges foi o homenageado deste ano no Timbu Coroado, um gesto simples diante de sua grandeza para o nosso Estado. Deixamos aqui nossa solidariedade à família e nossos sentimentos”, diz a publicação.
Recentemente, um conjuto de xilogravuras produzidas por Borges para uma exposição na Christal Galeria de Artes em 2022 foi adquirido pelo Museu Reina Sofía, na Espanha. A galerista Christiana Asfora falou sobre a inclusão da obra do mestre no acervo de uma das maiores instituições de arte do mundo.
"Eu mesma fui até lá fazer essa entrega, com um orgulho imenso de levar a riqueza de sua arte para fora do Brasil. J. Borges fez de Bezerros e Pernambuco lugares de partilha para a arte e a cultura e seu legado transcendeu fronteiras, conectando o universo da xilogravura com a essência das nossas histórias e tradições. Suas obras continuam a inspirar e emocionar gerações futuras, mantendo viva a memória do mestre que imortalizou a beleza e a força do nosso povo", disse.
Confira notas de pesar de órgãos públicos e outras instituições:
Ministério da Cultura
O Ministério da Cultura lamenta profundamente o falecimento de J. Borges, renomado xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, que nos deixou nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, em sua cidade natal, Bezerros, no Agreste de Pernambuco. Conhecido como um mestre da arte popular brasileira, Borges deixou um legado inestimável que transcende as fronteiras do país, ilustrando obras de escritores renomados como José Saramago e Eduardo Galeano.
Desde sua primeira xilogravura, a imagem da igrejinha, Borges encantou o Brasil com sua habilidade única de capturar a essência cultural do Nordeste em suas obras. Com uma trajetória artística que começou na carpintaria e na alvenaria, ele se encontrou na literatura de cordel e nunca mais parou de criar, contribuindo significativamente para a valorização e preservação da cultura popular brasileira.
Seu trabalho foi reconhecido com o título de Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco e a Ordem do Mérito Cultural do Brasil em 1999, testemunhos de sua contribuição imensurável às artes e à cultura do país. O Ministério da Cultura se solidariza à família, amigos e todos aqueles que tiveram o prazer de conhecer e ser tocados por sua obra. J. Borges perdurará nas gerações futuras, perpetuando a rica tradição cultural do nosso país.
Prefeitura do Recife
A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, lamenta a morte do xilógrafo, cordelista e poeta pernambucano José Francisco Borges, o eterno J. Borges, mestre maior e um dos precursores da xilografia no Brasil, que dedicou a vida inteira a arar na madeira o imaginário do povo nordestino, com seus mais autênticos temas e tipos, belezas e singelezas.
Patrimônio Vivo do Estado, J. Borges foi um dos maiores defensores da literatura de cordel, que ajudou a sagrar como uma das mais autênticas manifestações culturais do Nordeste. Com sensibilidade, humor e delicadeza, traduzia e satirizava os costumes e modos nordestinos em madeira e papel, cores vibrantes e traços únicos, que viraram sua marca registrada e o consagraram como uma espécie de embaixador cultural de sua gente, tendo percorrido o mundo inteiro com sua arte e sendo celebrado, reconhecido e premiado até pela Unesco.
“Mais que uma vasta e belíssima obra, J.Borges deixa uma estética como legado. O artista inaugurou uma forma de traduzir e celebrar a realidade nordestina, que para sempre será uma das mais fiéis linguagens a depor sobre as belezas da nossa cultura popular para o mundo inteiro entender quem somos e de onde viemos”, afirmou a secretária de cultura do Recife, Milu Megale.
“Além de seu imenso talento, J. Borges tinha uma generosidade maior ainda. Estava sempre encontrando novos caminhos para dialogar com o futuro e transmitir sua arte para quem quisesse aprender, perpetuando seu jeito único de enxergar e celebrar o Nordeste para o mundo” acrescentou Marcelo Canuto, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
Fundarpe
É com imenso pesar que o Governo de Pernambuco, a Secretaria Estadual de Cultura e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentam o falecimento do incomparável artista J Borges.
Em reconhecimento merecido pela sua contribuição com a cultura popular, através da xilogravura e na arte do cordel, J Borges é - eternamente - Patrimônio Vivo de Pernambuco. Com a identidade visual de suas obras atrelada imediatamente às raízes pernambucanas, o artista levou o nome de Bezerros e de Pernambuco ao redor do mundo.
“Hoje a cultura pernambucana amanheceu de luto. Muito triste a partida de alguém que foi tão definidor para identidade cultural pernambucana como J.Borges. Perdemos hoje um dos maiores filhos do nosso Agreste, responsável por talhar visualmente o imaginário da história e cotidiano do povo nordestino e brasileiro. Encontramos conforto em seu legado, na sua grandeza e nas diversas oportunidades que tivemos de celebrá-lo ainda em vida”, declara a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.
“É impossível pensar a identidade visual da cultura nordestina sem pensar no trabalho de J.Borges. Nomes de igual brilho, como Ariano Suassuna, perceberam isso desde cedo e não tinha como ser diferente. Em Pernambuco, não se anda muito longe sem se ver a influência visual e artística desse bezerrense pelas praças, muros, ruas e lares. Sentimos muito essa partida, mas seguiremos aqui, propagando seu legado como pudermos”, completa a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba.
Matuto esperto e comunicativo, o exímio talhador de madeira tem em seu currículo trabalhos relevantes ao lado de Ariano Suassuna, obras no acervo da Biblioteca Nacional de Washington e a edição comemorativa dos 400 anos do D. Quixote, de Miguel de Cervantes, com uma versão em cordel da referida novela de cavalaria.
No Agreste pernambucano, a cidade de Bezerros abriga seu espaço, o Memorial J.Borges onde o gravurista atuava, junto aos seus filhos e herdeiros de legado, e onde podem ser encontrados diversos exemplares das suas obras.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil lamenta o falecimento do artista J. Borges. Com sua arte, levou a cultura de Pernambuco e do Nordeste para os quatro cantos, com reconhecimentos nacionais e internacionais.
Durante a sua vida, J. Borges nos entregou o seu coração através da sua arte de diversas formas. No Coração da Poesia, ele disse que "o coração é um órgão que trabalha noite e dia, uma hora traz desgosto outra traz muita alegria, é quem inspira o poeta e de onde sai poesia."
No BB, J.Borges foi reconhecido em exposições em seus Centros Culturais no Rio, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Sua arte e da sua família também estão permanentemente expostas no .BB, inaugurado no último mês de março no Recife Antigo. Com a obra o "Coração na Mão", ele presenteou o seu coração aos nordestinos e ao mundo, por exemplo. Bacaro e Pablo, nossos mais profundos sentimentos. Vocês são o legado do Mestre que estará para sempre em nossos corações.
Como apoiador e incentivador da cultura e diversidade brasileiras, o Banco do Brasil se solidariza à dor da família com as mais sinceras condolências neste momento de grande perda.