Jean-Luc Godard: velório e cremação serão só para íntimos, sem homenagem de governos
Cineasta, que morreu aos 91 anos após optar por um suicídio assistido, permitido na Suíça, será cremado nesta quinta-feira
O velório do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, morto nesta terça-feira (13), aos 91 anos, será só para íntimos, sem homenagem de governos. Ele deverá ser cremado nesta quinta-feira (15), mas a família não anunciou nem data nem local.
Segundo o assistente do cineasta, Patric Jeanneret, o anúncio da sua morte só deveria ter sido feito dois dias depois após o ocorrido. Mas o vazamento para o jornal Libération, o primeiro a dar a notícia, acabou precipitando a confirmação da família.
Godard optou pelo suicídio assistido, que na Suíça, onde o cineasta vivia desde os anos 1970, é permitido desde 1942, desde que os motivos não sejam egoístas . “Jean-Luc Godard morreu pacificamente em sua casa cercado por seus entes queridos. Ele será cremado”, anunciou sua esposa, a diretora Anne-Marie Miéville. "Nenhuma cerimônia oficial será realizada", disse ela.
"Múltiplas patologias incapacitantes'' é o que diz o relatório médico para a adoção do método. O recurso é legalizado e rigidamente regulamentado no país. O assessor do diretor, Patrick Jeanneret, disse ao jornal francês Libération que Godard tomou a decisão com "grande lucidez" pois queria "morrer dignamente". A família não quis dar maiores destalhes sobre o estado de saúde do diretor.
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Godard é um ícone do cinema moderno. Foi um dos líderes da Nouvelle Vague francesa, movimento que revolucionou o cinema. Nascido na Suíça em 1930, ele mudou as regras convencionais do cinema já em seu primeiro filme, "Acossado" (1959).
Sempre ativo até os últimos anos de vida, o cineasta já havia explicado em uma entrevista que poderia recorrer ao suicídio assistido. "Não estou ansioso de perseguir a qualquer preço. Se estiver doente demais, não tenho vontade alguma de ficar sendo arrastado em um carrinho de mão", disse ele em uma entrevista em 2014.
O suicídio assistido é um tipo de procedimento é diferente da eutanásia, que não é autorizada no país. A principal diferença entre as técnicas é quem realiza o ato final. No Brasil, o ato é considerado crime.
Recentemente, o ator Alain Delon, contemporâneo de Godard (e que trabalhou com o cineasta no filme "Nouvelle Vague", de 1990) afirmou que também pretendia fazer recurso ao suicídio assistido.
Alain sofreu um duplo AVC em 2019 e vem se recuperando aos poucos desde então. Embora seu estado de saúde seja considerado bom, recentemente, ele pediu para seu filho, Anthony, 57 anos, organizar todo o processo e acompanhá-lo em seus últimos momentos.