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J.K. Rowling compara criador de "Sandman" a Harvey Weinstein em meio a acusações de abuso sexual

Criadora da saga "Harry Potter" questionou o que chamou de "silêncio estranho" da comunidade literária em relação às acusações contra Neil Gaiman

Rowling questionou o que chamou de "silêncio estranho" da comunidade literária em relação às acusações contra Gaiman, comparando o caso ao de Weinstein Rowling questionou o que chamou de "silêncio estranho" da comunidade literária em relação às acusações contra Gaiman, comparando o caso ao de Weinstein  - Foto: Divulgação

Na segunda-feira (13), novas e graves acusações de abuso sexual contra o autor britânico Neil Gaiman, criador da série de quadrinhos “Sandman”, foram reveladas em uma matéria investigativa da New York Magazine.

As alegações incluem relatos de comportamento coercitivo, assédio e agressões sexuais cometidas ao longo de quatro décadas. Pouco após a publicação, J.K. Rowling, criadora da saga “Harry Potter”, comparou Gaiman ao ex-produtor de cinema Harvey Weinstein em posts nas redes sociaisConflito.

Rowling questionou o que chamou de “silêncio estranho” da comunidade literária em relação às acusações contra Gaiman, comparando o caso ao de Weinstein, cuja exposição inicial foi seguida por um movimento massivo de apoio às vítimas e condenação do ex-produtor.

“O público literário que tinha muito a dizer sobre Harvey Weinstein antes de ele ser condenado tem sido estranhamente silenciado em sua resposta às múltiplas acusações contra Neil Gaiman de mulheres jovens que nunca se conheceram, mas contam histórias notavelmente semelhantes”, escreveu Rowling na plataforma X.

Denúncias detalhadas e padrões de abuso
A matéria da New York Magazine, intitulada “There Is No Safe Word”, traz relatos de oito mulheres, incluindo três que não haviam tornado suas histórias públicas antes. Elas descrevem episódios de abuso cometidos em contextos que envolviam dominação sexual, muitas vezes ultrapassando os limites do consentimento.

As denúncias incluem forçá-las a praticar atos dolorosos e degradantes, como lamber fezes, sem seu consentimento.

Kendra Stout, uma das denunciantes, conheceu Gaiman em 2003, quando tinha 18 anos. Ela relata experiências de sexo violento que resultaram em dor física e infecções. Scarlett Pavlovich, ex-babá do filho de Gaiman e sua então esposa Amanda Palmer, também compartilhou relatos de agressões, incluindo o uso de manteiga como lubrificante durante um episódio de tentativa de sexo anal, após sua recusa inicial.

As vítimas afirmam que Gaiman utilizava sua influência e posição de destaque para manipular mulheres jovens e vulneráveis. Mensagens de texto, passagens de diário e depoimentos de testemunhas reforçam as alegações.

Respostas de Gaiman e das instituições
Os representantes legais de Gaiman negaram as acusações, alegando que todos os relacionamentos descritos foram consensuais. Apesar das denúncias, projetos baseados em suas obras continuam em desenvolvimento.

A Netflix está produzindo a segunda temporada de “The Sandman”, e o Amazon Prime Video tem um episódio final de “Good Omens” em fase de produção. Até o momento, nenhuma das plataformas de streaming se manifestou sobre as acusações.

Em setembro do ano passado, após a primeira rodada de denúncias, Gaiman se afastou da direção de “Good Omens”, mas não houve cancelamento de projetos. Nenhuma acusação formal foi apresentada contra ele nos EUA, Reino Unido ou Nova Zelândia, locais onde os abusos teriam ocorrido.

BDSM e consentimento
O caso Gaiman tem levantado comparações com Harvey Weinstein, que enfrenta múltiplas condenações e sentenças por crimes sexuais. Weinstein foi acusado de usar acordos de confidencialidade e pagamentos para silenciar suas vítimas, uma tática que as vítimas de Gaiman também alegam ter enfrentado.

Após as denúncias contra Weinstein em 2017, ele foi rapidamente rejeitado pela indústria do entretenimento. Em contraste, a resposta às acusações contra Gaiman tem sido mais lenta e cautelosa. J.K. Rowling destacou essa diferença, criticando a falta de uma reação imediata e contundente.

As alegações também lançam luz sobre práticas de BDSM e os limites do consentimento. Especialistas enfatizam que o BDSM deve ser baseado em comunicação clara, respeito mútuo e regras estabelecidas.

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