Música

Julia Mestre estreia no Recife com show do álbum "Arrepiada", nesta sexta (24)

Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, a artista - que também integra a banda Bala Desejo - falou sobre sua trajetória e influências, a relação com Pernambuco e detalhes do repertório do show no Recife

Julia Mestre, integrante da banda Bala Desejo, apresenta pela primeira vez seu show solo, no Recife, nesta sexta (24)Julia Mestre, integrante da banda Bala Desejo, apresenta pela primeira vez seu show solo, no Recife, nesta sexta (24) - Foto: Elisa Maciel/Divulgação

A cantora e compositora carioca Julia Mestre, integrante da banda Bala Desejo, apresenta pela primeira vez na Capital pernambucana seu show solo, com músicas do seu segundo álbum “Arrepiada”, que esta semana ganhou versão em vinil com faixas bônus. Ela será a atração desta sexta-feira (24) do Frege, no Bairro do Recife, a partir das 19h.  Os ingressos custam R$ 40 e podem ser adquiridos pelo site Sympla.

Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, a artista contou um pouco sobre sua trajetória e influências e projetos realizados na música, sua relação com Pernambuco e outros detalhes do repertório que preparou para o show de estreia no Recife. 

“Para um carioca quando vê o sol pegando também em Recife é sempre uma alegria Gosto muito da receptividade do público e sempre sinto um carinho muito grande pelo Recife. É todo mundo muito pra cima, muito astral. E agora estou animada para voltar com esse projeto solo”, comenta a artista, que declarou sua preferência pela bandeira de Pernambuco como “a mais bonita do Brasil”.

 


Sobre o show e álbum“Arrepiada”
“O show conversa 100% com o disco. Então tem todo o álbum ao vivo, tem um pouquinho da Bala Desejo, tem músicas da minha trajetória de antes e também versões que são minhas referências e não posso deixar de falar que são a Rita Lee e também uma música da Angela Rorô, que é uma referência grande pra mim de atitude e de voz. Rorô vem de “rouca” e eu me identifico muito com essa timbragem e pegada de voz. É um evento bem noturno, dançante e de pista”, antecipa.

“Arrepiada”, segundo disco de Julia Mestre, foi lançado após o sucesso e visibilidade conquistado por sua banda Bala Desejo - uma das vencedoras do Grammy Latino 2022. O álbum reúne 11 faixas, a maioria de composições feitas durante a pandemia, sendo dez inéditas e uma releitura de ‘Clama Floresta’, gravada por Bala Desejo no premiado disco ‘SIM SIM SIM’.

Com letras que versam sobre o amor e as potências femininas, as canções passeiam por diversos gêneros, desde o pop até referências a ritmos como xote, forró, reggae e rock. O disco contou com a colaboração de compositores de sua geração, entre eles Ana Caetano (duo Anavitória), João Gil (Gilsons), Dora Morelenbaum, Zé Ibarra e Lucas Nunes (ambos integrantes da Bala Desejo) e a dupla de produtores musicais Lux Ferreira e Tróia, também produtores da cantora recifense Duda Beat.

“Já venho trabalhando esse disco desde abril deste ano. São quase cinco meses de trabalho com esse álbum ao vivo. Começamos com ele em junho e já fiz uma série de shows na estreia. E sinto que agora é o momento em que como artista sinto que o show já está mais amadurecido, quando ele flui de forma orgânica e gostosa e com tudo mais entendido com a banda. Estou bem curiosa sobre a receptividade do público recebendo a Julia não como uma das cantoras da Bala Desejo, mas sim com seu álbum solo”, pontua.

Relação com Pernambuco
Apesar de ser a primeira apresentação do seu projeto solo, esta será a terceira vez que Julia se apresenta em Pernambuco. Nas duas primeiras, tocou com a Bala Desejo no Festival de Inverno de Garanhuns e no Armazém 14, no Bairro do Recife, quando teve a oportunidade de sentir a receptividade do público pernambucano.

“Já fui super fã do Chico Science e entrei numa fase muito grande de vício com essa marca muito forte da cidade. Mas também a Duda Beat, que é de Recife. Meu disco todo foi produzido pelo Lux Ferreira, que também é produtor da Duda. Recife é muito fervilhante de energia e espontaneidade”, elogia Julia, citando também artistas recifenses da nova geração como Flaira Ferro, Barro e Larissa Lisboa.

Influência de Rita Lee
Uma das grandes referências musicais de Julia Mestre é a cantora e compositora Rita Lee. A admiração começou com um convite para um programa de televisão que acabou mobilizando a artista dentro do universo de Rita. 

“Quando eu tinha lançado meu primeiro álbum, recebi um convite para fazer [o programa] Experimente, no Canal Bis que, em seguida, rendeu um segundo convite para participar de um programa chamado “Versões”, no mesmo canal. Me chamaram para fazer um tributo a Rita Lee. E é um programa muito bacana porque é uma hora inteira de música. Aquilo foi em um momento de início da minha carreira em que eu estava muito empolgada, porque o primeiro convite para fazer um programa de televisão te dá gás e te inspira demais”, lembra Julia.

“Eu me senti no desafio de fazer esse projeto da melhor forma possível. E aí foi nessa hora que eu mergulhei no repertório da Rita Lee, nas músicas dela. Quando eu me vi estava totalmente naquele universo e comecei automaticamente - eu que era compositora também - a compor nessa pegada de não ter medo de falar da sexualidade, da afirmação, do poder e da espontaneidade, de pegar minha guitarra e poder fazer a mudança. Acho que ela me empoderou nessa nova fase”, aponta.

E a influência não se limitou ao campo estético, mas também à atitude e empoderamento que Rita Lee - falecida em maio deste ano - defendeu em vida com sua arte. “Não só para mim mas para muitas mulheres, a Rita é uma artista que traz essa coisa de acreditar que é possível sim chegar com força nas composições e acreditar nelas. Quando eu vejo a Rita ocupando esses lugares na música do Brasil e do mundo, com a força que ela tem, isso é muito inspirador.”

O caminho e a voz de Julia 
A artista lançou seu primeiro EP em 2017. Em 2019, apresentou o primeiro álbum, Geminis. “Eu sempre achei que  esse seria meu caminho como artista solo, ainda me descobrindo. E eu sinto que a cada disco que eu faço, minha voz muda bastante. Minha voz era super aguda e depois fui me descobrindo até mais grave do que eu pensava. Eu também misturo bastante os instrumentos e o baixo tem sido pra mim uma ocupação”, conta.

Segundo a cantora, a realização profissional é estar compondo e cantando nos palcos. “A música é o fator principal sempre e é isso que me motiva, me toca e me fez querer trabalhar com isso. Acho que encontrei uma forma de me expressar mais fácil através dela. E pelas composições consegui traduzir meu pensamento através de canções. Até então esse tem sido meu sentimento genuíno. Primeiro a música”, frisa.

Sucesso e pé no chão
“O Bala desejo elevou meu trabalho a uma outra categoria de alcance. E às vezes a gente vê que está no mercado da música mais midiático e confesso que isso é um momento muito delicado do artista, quando ele vê que o trabalho está crescendo e ele pode se sentir seduzido a mudar uma direção. Mas é um trabalho para todo artista olhar para a música como fator principal. Enquanto ela for a regente, ela sempre será mais poderosa do que tudo. E é isso que inspira a seguir fazendo as criações e os próximos álbuns. Minha missão de agora é levar meu álbum Arrepiada ao vivo para todos os cantos. Ver o trabalho avançando assim por tantos quilômetros é muito gratificante para qualquer artista”, projeta.

A atriz que se descobriu cantora
“A arte sempre foi onde toca meu coração. Antes da música comecei meu trabalho como atriz. Foi onde me formei na faculdade e a escolha que senti que poderia ser minha guia profissional. Mas  quando eu vi que podia compor música, aquilo me seduziu. Quando eu vi que a música estava me chamando muito mais para o trabalho e é minha paixão - eu amo fazer show, isso em mexeu mais do que estar nos palcos como atriz - então eu  descobri uma maneira de juntar as duas coisas”, destaca a artista. 

“Eu gosto de criar personagens para cada projeto. Se você me conhece pelo Bala desejo, vai ver uma Julia ali. Mas com o Arrepiada é uma outra persona. Não é um personagem, é a Julia também, mas ela dialoga com outras características de figurino, de pensamento, de se portar. Eu gosto muito de trazer a criatividade para os meus shows e sinto que o público também recebe essa brincadeira e enxerga esses personagens que tento trazer em cena”, avalia.

SERVIÇO
Júlia Mestre no Recife - show do álbum "Arrepiada"
Nesta sexta-feira (24), a partir das 19h
Local: Frege Recife (Av. Rio Branco, 155 - Bairro do Recife)
Ingresso: R$ 40, à venda no site Sympla e no local

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