Justiça concede medida protetiva a modelo que diz ter sido estuprada por Bruno Krupp
De acordo com a decisão, modelo preso por atropelar e matar estudante João Gabriel Cardim Guimarães fica proibido de se aproximar a menos de 200 metros de jovem e com ela manter contato por qualquer meio de comunicação
O juiz João Guilherme Chaves Rosas Filho, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Niterói, concedeu uma medida protetiva a uma modelo de 28 anos que registrou uma ocorrência de estupro contra o também modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, de 25. De acordo com a decisão, o rapaz - preso preventivamente por atropelar e matar com uma moto o estudante João Gabriel Cardim Guimarães, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio - está proibido de se aproximar a menos de 200 metros da jovem e ainda com ela manter contato por qualquer meio de comunicação.
"Em crimes que envolvam violência contra a mulher, esta mostra-se fragilizada e temerária a retaliações, o que desestimula que noticiem os crimes dos quais foram vítimas. O deferimento de medidas protetivas pelo Poder Judiciário é fundamental para que o ciclo de violência cesse. O descumprimento da decisão judicial é crime, podendo ensejar na imediata prisão preventiva do agressor", explicou o advogado da modelo, João Alberto de Almeida Lima Júnior.
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A modelo procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói, há dez dias, após ter conhecimento de que o modelo havia sido acusado por outra jovem, de 21 anos, de tê-la estuprado, em 9 de julho deste ano. Na ocasião, pelo menos 40 mulheres relataram em redes sociais terem sido vítimas de violência sexual por Bruno.
"Passei estes anos me sentindo culpada e envergonhada por tudo que aconteceu. Hoje, diante do atropelamento que matou um jovem inocente, me senti na obrigação de expor o crime do qual fui vítima justamente para encorajar outras mulheres a denunciarem, frear esses comportamentos por parte dele e evitar que outras pessoas também passem por situações semelhantes", afirmou a modelo, à época, em entrevista exclusiva ao Globo.
De acordo com a moça, os dois se conheceram por amigos em comum. “Flertamos e, depois de alguns flertes, eu aceitei ir até à casa dele em Niterói para irmos em uma festa”, escreveu a jovem nas redes sociais. Ao chegar na casa da família de Bruno, ela disse que ele a deixou com dois amigos para irem ao evento, com a justificativa que chegaria mais tarde.
Por volta de 3h daquele dia, quando já estava na festa havia algumas horas, Bruno teria aparecido. Com sono, ela diz ter pedido que o modelo a levasse de volta para casa. Cerca de três horas depois, o rapaz teria chegado em casa bêbado e a pegou à força, querendo manter relações sexuais. “Eu falei várias vezes para ele parar e ele literalmente me forçou. Forçou mesmo. Depois de muito relutar, eu simplesmente cedi e foi horrível. Me senti um objeto”, relatou no Instagram. A jovem contou ainda que, no meio do estupro, ele ainda pegou um celular e ainda tentou gravá-la sem roupa.
A modelo conta que o jovem pediu desculpas e ela acabou o perdoando e se mantendo em silêncio sobre o caso; quando encontrava o rapaz em festas, o cumprimentava normalmente. “Se eu soubesse que já havia denúncia contra ele, eu teria feito (o registro na polícia) com certeza! Me dói pensar isso, mas talvez esse menino (João Gabriel) estivesse vivo ainda se esse bosta tivesse sido exposto por aqui”.
Na semana passada, outras mulheres procuraram a Deam Niterói para registrar ocorrências por estupro contra Bruno Krupp. Segundo uma das vítimas, uma estudante de 27 anos, o abuso aconteceu na madrugada de 29 de julho de 2019, após os dois se conhecerem em uma boate, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
"Depois da festa, ele me chamou para um after na casa de amigos. Chegando lá, ficamos um tempo conversando e bebendo. Quando uma menina que estava com a gente foi embora, ele já veio para cima de mim me agarrando e querendo ficar comigo. Mas eu estava incomodada porque tinha outro menino no cômodo, então pedi para ele sair ou para não fazermos nada. Ele subiu em cima de mim e me forçou. Como estava de saia, ele rasgou a minha calcinha e acabou acontecendo. A partir daí, foi horrível: ele foi extremamente agressivo, me bateu, pegou o celular diversas vezes para tentar me filmar. Eu só queria que acabasse logo", relatou, em entrevista exclusiva ao Globo.
A jovem conta que, ao ver o relato de uma modelo de 28 anos, na semana passada, que diz ter sido vítima do mesmo crime em circunstâncias semelhantes, na casa dele, em Niterói, pôde perceber a gravidade do caso. Na ocasião, mais de 40 denúncias contra o modelo foram publicadas nas redes sociais:
"Cheguei em casa toda dolorida. Quando fui me olhar no espelho, vi que minha boca estava roxa, com sangue pisado, e meu corpo cheio de hematomas. Tudo por causa do ato sexual no qual ele foi extremamente violento. Então me encorajei e decidi denunciar, justamente para evitar que outras pessoas sejam vítimas dele".
Em outros perfis nas redes sociais, foram publicadas histórias semelhantes de experiências de violência sexual envolvendo o modelo. “Em vários momentos da noite, ele me forçou a transar com ele, mesmo falando estar me sentindo muito constrangida pelo fato do amigo dele estar dormindo na cama de cima. No dia seguinte, fui embora me sentindo um lixo, contei para algumas amigas, mas me calei”, postou uma delas.
“Ele me forçou a beijar e a transar com ele, além de ter me passado DST (doença sexualmente transmissível) quando isso aconteceu. Foi horrível demais, ele é uma pessoa terrível e merece estar atrás das grades”, relatou outra jovem. “Infelizmente passei pela mesma situação, só que dez anos atrás, em 2012. Uma jovem de 14 anos que nem soube como reagir a esse fato, como eu queria ter tido forças para denunciar na época”, lamentou outra jovem.
Procurado, o modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp negou os crimes e afirmou que, se ocorreram relações sexuais entre ele e essas mulheres, elas se deram de maneira consensual.